Pedro Sánchez foi este domingo reeleito como líder do PSOE. E ao fim de dois dias de congresso, no discurso de encerramento, o atual presidente do Governo espanhol fez uma série de anúncios com o objetivo de recuperar nas próximas eleições de 2027 os territórios que perdeu na última ida às urnas, colocando fim aos governos “negacionistas”. No entanto, Sánchez não fez uma única referência aos casos judiciais que têm pressionado o sue partido.
À frente de sete mil pessoas que assistiram ao 41.º congresso do PSOE, adianta o El País, Pedro Sánchez anunciou a criação de uma nova empresa pública para a habitação. Ainda que sem adiantar muitos detalhes sobre a medida, Sánchez referiu que esta entidade deverá ser coordenada pela Administração Geral do Estado e o objetivo será garantir a construção e gestão das habitações. Neste momento, a construção do parque público de habitação é da responsabilidade de cada comunidade.
“Aos que criticam a Lei da Habitação, pois quero fazer um anúncio a todos os espanhóis: o Governo vai criar uma grande empresa pública de habitação, capaz de construir e de gerir as casas”, referiu Sánchez, que conseguiu ser reeleito este domingo com 90% dos votos. Além desta medida, anunciou também que outro dos objetivos será “evitar a reconversão das casas em alojamento local nas zonas mais críticas” e promover o arrendamento acessível.
Pedro Sánchez disse ter “mais vontade, mais entusiasmo e mais força do que nunca” e afirmou que, depois de mais de uma década como secretário-geral e quase sete anos como presidente do Governo, nos últimos meses meditou muito sobre o que fazer com a sua vida, se deveria dar um passo para o lado ou atrás.
Relatou que, depois de falar muito com a sua família — “porque também são vítimas do ódio dos odiadores profissionais”, disse —, concluiu que cada um, na sua área de responsabilidade, o que tem de fazer “é dar um passo em frente, não dar um passo para o lado ou um passo atrás”.
Sánchez quer acabar com o “cinzentismo” da direita e da extrema-direita
Sánchez adotou um tom solene para enviar uma mensagem de otimismo aos socialistas face ao “cinzentismo” da direita e da extrema-direita, e negou que o seu partido esteja fraco neste momento.
No seu discurso, reiterou que a receita para enfrentar a direita e a extrema-direita é governar. “Para cada um dos seus ataques, haverá uma nova política progressista aprovada no Boletim Oficial do Estado [equivalente ao Diário da República]”, prometeu.
O líder socialista fez uma única referência à equipa aprovada no conclave, sublinhando que a sua única prioridade é “ganhar de novo” as eleições municipais, regionais e gerais de 2027, pondo fim aos governos “negacionistas”.
“Fizemo-lo em 2019, voltámos a fazê-lo em 2023 e vamos voltar a fazê-lo em 2027, com um novo mandato progressista para Espanha para culminar uma década de avanços sociais de que o nosso país precisa”, garantiu, entre aplausos de militantes e dirigentes socialistas.
Sánchez vangloriou-se do trabalho realizado pelo seu Governo e afirmou “categoricamente” que a Espanha “está a viver um dos melhores momentos da sua história” e que os socialistas espanhóis são uma referência na Europa e no resto do mundo.
Por isso, apelou a toda a família socialista para que continue neste caminho, embora tenha admitido que os objetivos perseguidos “não são fáceis de alcançar”, entre outras razões devido à complicada “aritmética parlamentar” e à “oposição mais desleal da Europa”.
A tradicional entoação da Internacional pelos participantes, na sua maioria de punho erguido e pulseiras com luzes vermelhas acesas por um sistema telemático, encerrou o conclave de Sevilha, convocado sob o lema “A Espanha avança à esquerda”.