A notícia surgiu durante a manhã e depressa se tornou manchete nos principais jornais desportivos. Mykhailo Mudryk, avançado ucraniano do Chelsea, testou positivo num controlo antidoping e está provisoriamente suspenso pela Football Association, arriscando uma suspensão definitiva que pode ir até aos quatro anos.
As primeiras pistas surgiram na Ucrânia, onde vários jornais avançaram com o controlo antidoping positivo de Mudryk ainda nas primeiras horas da manhã. O The Telegraph juntou-se pouco depois e o Chelsea não demorou a confirmar a notícia, emitindo um comunicado a anunciar que o avançado ucraniano tinha sido contactado devido a um “resultado adverso num teste de urina de rotina”.
Club statement: Mykhailo Mudryk.
— Chelsea FC (@ChelseaFC) December 17, 2024
“Tanto o clube como o Mykhailo apoiam inteiramente o programa de testagem da FA e todos os nossos jogadores, incluindo o Mykhailo, são regularmente testados. O Mykhailo confirmou categoricamente que nunca utilizou quaisquer substâncias proibidas conscientemente. Tanto o Mykhailo como o clube vão agora trabalhar com as autoridades relevantes para estabelecer o que causou o resultado adverso”, pode ler-se na nota dos blues.
Entretanto, o próprio Mudryk já reagiu através das redes sociais, mantendo a mesma narrativa e garantindo que não usou propositadamente nenhuma substância proibida. “Posso confirmar que fui notificado sobre um teste que fiz para a FA e que continha uma substância banida. É um choque absoluto, porque nunca utilizei quaisquer substâncias proibidas com conhecimento ou quebrei qualquer regra, e estou a trabalhar de perto com a minha equipa para investigar como é que isto poderá ter acontecido. Sei que não fiz nada de errado e mantenho a esperança de voltar aos relvados em breve”, escreveu.
Nem o Chelsea nem Mudryk confirmaram a substância presente na amostra ou a data do teste, mas a imprensa ucraniana indica que o resultado positivo diz respeito ao mês de outubro e que detetou a presença de meldonium — um fármaco criado para pessoas com problemas cardíacos que é proibido no desporto desde 2016 e que foi o motivo da suspensão da tenista russa Maria Sharapova nesse mesmo ano.
Mudryk não joga desde o dia 28 de novembro e falhou os últimos cinco jogos para todas as competições, com Enzo Maresca a justificar a ausência do avançado com “doença”. O ucraniano foi convocado para o encontro com o Aston Villa, no dia 1 de dezembro, mas não chegou a sair do banco de suplentes. Aos 23 anos, Mudryk está no Chelsea desde 2023 e tem contrato até 2032, tendo recentemente renovado por mais uma temporada depois de ter assinado desde logo por oito anos e meio.
Nascido em Krasnohrad, perto de Kharkiv, Mykhailo Mudryk começou a jogar no Metalist Kharkiv e no Dnipro antes de saltar para o Shakhtar Donetsk com apenas 15 anos, assumindo-se desde logo como uma das grandes promessas do futebol ucraniano. Estreou-se pela equipa principal em outubro de 2018, com apenas 17 anos e num jogo da Taça da Ucrânia, e ainda esteve emprestado ao Arsenal Kyiv e ao Desna Chernihiv antes de encontrar espaço com a chegada de Roberto De Zerbi.
Deu nas vistas em 2021/22 e até o futebol parar na Ucrânia, devido à invasão por parte da Rússia, e acabou por chegar à seleção, estreando-se numa vitória contra a Escócia no playoff de acesso para o Mundial do Qatar. As boas exibições a nível interno e também na Liga dos Campeões valeram-lhe o interesse de vários tubarões logo no mercado de inverno de 2022/23, com o Arsenal e o Chelsea à cabeça: os blues acabaram por ganhar a corrida, com os gunners a virarem-se para Leandro Trossard, belga que estava no Brighton, como alternativa.
Confirmou-se o pior cenário: Paul Pogba suspenso por quatro anos devido ao uso de doping
Em janeiro de 2023, Mudryk custou 70 milhões de euros fixos ao Chelsea, num negócio que ainda pode chegar aos 100 milhões por objetivos, e tornou-se o jogador ucraniano mais caro de sempre. O resultado desportivo, porém, não tem sido o esperado. O avançado ucraniano foi uma das vítimas do enorme turbilhão que se viveu em Stamford Bridge nos últimos anos e não tem tido a regularidade expectável, marcando sete golos em 41 jogos em todas as competições na temporada passada.
Em 2024/25, leva três em 15 partidas e perdeu claramente o comboio das preferências de Enzo Maresca, atrás de Pedro Neto, Noni Madueke ou Jadon Sancho. Sem que seja ainda possível fazer futurologia sobre o eventual castigo de Mudryk, os exemplos mais recentes apontam para os quatro anos de suspensão — medida aplicada a Paul Pogba no passado mês de fevereiro, ainda que o francês tenha visto entretanto a pena ser reduzida para 18 meses e possa voltar a jogar já em março de 2025.