Luís Montenegro diz estar “atónito, muito perplexo” com algumas reações ao “esforço” que está a ser feito em matéria de segurança no País, designadamente a operação no Martim Moniz, em Lisboa. E garante que em Portugal não há “nenhuma ação policial dirigida a nenhuma comunidade específica”. Governo vai criar mais meios para garantir “direitos das pessoas, paz e tranquilidade”.
“Devo confessar que me encontro atónito, muito perplexo, com as reações que têm aparecido na discussão pública a propósito do esforço do Estado em garantir a tranquilidade das pessoas. Em garantir uma prevenção de condutas criminais e garantir uma plena integração dos nossos imigrantes”, disse Luís Montenegro na manhã desta sexta-feira.
O primeiro-ministro aproveitou o momento da tomada de posse dos novos líderes das secretas para “deixar uma palavra” acerca da discussão lançada pela operação no Martim Moniz, que se realizou na semana passada.
“Acho absolutamente impróprio que se possa considerar ações de natureza preventiva; policial, em contextos localizados, onde há histórico recente de prática reiterada de crime, como uma expressão de governação extremista. A segurança não é nem de esquerda nem de direita, é um bem da pessoa e da sociedade que convém preservar”, constatou, em reação às críticas de que o seu Governo tem sido alvo nos últimos dias.
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Para Luís Montenegro, que não tem a mesma visão “está num dos dois extremos”, ou no dos “demasiado securitários” ou no “extremo mais lírico, segundo o qual até podíamos prescindir de ter forças de segurança”.
“Não há, em Portugal, nenhuma ação policial dirigia a nenhuma comunidade especifica, como ficou bem patente na operação que está auto-designada como Operação do Martim Moniz, onde houve pessoas fiscalizadas de varias nacionalidades, incluindo portuguesas”, acrescentou o chefe do Governo, argumentando que trazer essa acusação para cima da mesa “é incorreto, impróprio e indesejável” — principalmente porque o atual Governo (tal como os anteriores) tem demonstrado “princípios de humanismo e dignificação”.
Operação policial no Martim Moniz começou a ser preparada em setembro
Governo vai criar meios para “garantir os direitos das pessoas”
Defendendo que “somos um país que precisa de imigrantes”, Montenegro afirmou que “ao querer regular a sua entrada”, vai conseguir “garantir a sua dignidade, do acesso a uma profissão à integração na sociedade”. “Vivemos um tempo onde cumpre aos governos salvar o estado social”, disse.
O social-democrata garantiu ainda que “este Governo não quer nem vai instrumentalizar as forças de segurança“, mas reconheceu que “o Governo estará ao lado dos profissionais que prestam serviço ao Estado — da PSP, GNR, PJ — para garantir a legalidade e respeito pelas regras da convivência social”.
Anunciando que o Governo pretende “criar mais meios para poder garantir os diretos das pessoas, o direito social, a paz e tranquilidade”, Montenegro alertou ainda que, apesar de Portugal ser atualmente dos países mais seguros do mundo, pode vir a seguir a trajetória de outros países e inverter a sua realidade. É necessário agir para “evitar que aconteça o que já aconteceu noutros países, que há 10/15 anos eram muito seguros e hoje têm uma situação mais complexa”.
“Olhemos para estes países para nos inspirarmos e anteciparmos a possibilidade de podermos ver o nosso ranking [de segurança] também a piorar”, rematou.
Operação foi coordenada com MP
Também a ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, saiu em defesa das forças de segurança, que “obviamente nem se deixavam instrumentalizar” mesmo que o Governo quisesse, disse em declarações aos jornalistas à margem de uma ação de fiscalização da PSP que acompanhava na Ponte 25 de Abril.
Questionada se o Governo esteve envolvido na operação realizada na rua do Benformoso, a responsável pela pasta da Administração Interna afastou qualquer responsabilidade: “A PSP coordenou toda a operação com o Ministério Público e até esteve sempre presente nessa operação. Nós valorizamos o trabalho empenhado das nossas polícias e têm a sua autonomia em termos de operacionalidade.” E acrescentou que “não houve qualquer interferência nesta operacionalidade”, sem esclarecer se se referia diretamente ao Governo.
Notícia atualizada às 13h14