“Os finlandeses sequestraram a embarcação.” Foi assim que o advogado finlandês que representa os donos do navio, Herman Ljungberg, reagiu à Reuters ao facto de as autoridades da Finlândia terem apreendido o petroleiro Eagle S, suspeito de pertencer à “frota fantasma” da Rússia e de ter causado avarias num cabo submarino no Mar Báltico.
Aquela embarcação navegava com bandeira das Ilhas Cook e fazia a travessia entre a Rússia e o Egito. É suspeito de ter danificado o cabo elétrico subaquático Estlink 2 entre a Finlândia e a Estónia e quatro cabos de telecomunicações próximos.
Para efeitos de investigação, a Finlândia ordenou que o navio Eagle S — detido pela empresa dos Emirados Árabes Unidos Caravella LLC FZ —, fosse apreendido no passado sábado. Porém, Herman Ljungberg considera que a apreensão foi ilícita.
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Neste sentido, o advogado preencheu, no Tribunal de Helsínquia, esta segunda-feira, um requerimento para anular a apreensão da embarcação, argumentando que não existe qualquer base legal para o sucedido.
Adicionalmente, Herman Ljungberg criticou as autoridades finlandesas por terem interrogado os membros da tripulação — na sua maioria com nacionalidade georgiana e indiana — sem receberem assistência legal.
Por sua vez, as autoridades da Finlândia asseguram, segundo a Reuters, que as ações que tomaram estavam de acordo com a leis que vigoram no país, acrescentando que os membros da tripulação foram igualmente informados dos seus direitos.
Este domingo, uma equipa de investigadores da Finlândia afirmou ter encontrado marcas no fundo do mar que adensam as suspeitas de que um navio apreendido arrastou a sua âncora para danificar um cabo submarino ligado à Estónia.
Este incidente aconteceu numa sequência de cortes nas ligações elétricas, de telecomunicações e nos gasodutos do mar Báltico desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022. Em novembro, por exemplo, dois cabos de fibra ótica foram danificados nas águas entre a Suécia e a Dinamarca, num aparente ato de sabotagem atribuído a um navio chinês.