A jornalista italiana Cecilia Sala está oficialmente detida no Irão. A informação, inicialmente adiantada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano, foi confirmada esta segunda-feira pela agência noticiosa oficial iraniana IRNA, entretanto citada pela Reuters.

“Cecilia Sala, de nacionalidade italiana, viajou para o Irão a 13 de dezembro com um visto de jornalista e foi detida a 19 de dezembro por violar as leis da República Islâmica”, afirma um comunicado do Ministério da Cultura do Irão, segundo a IRNA.

Jornalista italiana terá sido presa no Irão em represália pela detenção de traficante iraniano em Itália

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Jornalista do diário Il Foglio e da empresa de podcasts Chora Media, Sala viajou para o Irão para realizar várias entrevistas e produzir três episódios de uma série jornalística a seu encargo. A italiana de 29 anos deveria ter regressado a Roma a 20 de dezembro, mas foi detida, sendo que as autoridades iranianas não adiantam qual a natureza dos atos que cometeu para justificar a retenção no país, revelando apenas que a repórter tem estado em contacto telefónico com a sua família e que a embaixada italiana em Teerão já foi notificada da sua detenção.

Este domingo foi sugerido pelo Departamento de Estado norte-americano que a detenção de Sala pode estar relacionada com a prisão em Milão de um traficante de armas iraniano a pedido dos EUA. O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, no entanto, rejeitou confirmar essa ligação, concedendo apenas que o caso é “complicado”, mas que espera que Sala regresse rapidamente a casa.

O traficante em causa é o suíço-iraniano Mohammad Abedini-Najafabadi, de 38 anos, detido ao abrigo de um mandado de captura por contrabando de peças de drones. A negociação do regresso de Sala poderá complicar-se se depender da libertação de Abedini-Najafabadi, já que os EUA deverão pedir a sua extradição de Itália para território norte-americano e o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano já admitiu aceitá-la.

Tem sido prática comum nos últimos anos as autoridades iranianas prenderem estrangeiros e cidadãos com dupla nacionalidade, normalmente sob acusações vagas relacionadas com espionagem e segurança. Vários grupos de defesa dos direitos humanos acusaram o Irão de tentar obter concessões de outros países através dessas detenções, mas o país nega fazer prisioneiros para obter vantagens diplomáticas.