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Morreu esta terça-feira, Jean-Marie Le Pen, histórico político francês e pai da antiga candidata presidencial Marine Le Pen.

Em declarações à Agence France-Presse, a família de Jean-Marie Le Pen, que estava num lar há várias semanas, indicou que o político morreu esta terça-feira por volta do meio-dia “acompanhado dos seus ente-queridos”.

O político que cofundou a União Nacional (RN) tinha 96 anos. Concorreu, ao longo da sua carreira política, várias vezes às eleições presidenciais (1974, 1988, 1995, 2002 e 2007).

A notícia da morte apanhou de surpresa Marine Le Pen, que regressava a Paris vinda do arquipélago francês de Mayotte, no Oceano Índico, após o furacão que devastou a região, e que foi informada pelos jornalistas, disse um correspondente especial da France Info que viajava com a política no avião.

O cofundador da Frente Nacional (criado em 1972), atual União Nacional (RN, na sigla em francês), retirou-se progressivamente da vida política a partir de 2011, quando a sua filha Marine assumiu a presidência do partido, que liderou até novembro de 2023.

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Figura polarizadora na política francesa, Jean-Marie Le Pen era conhecido pela sua retórica inflamada contra a imigração e o multiculturalismo, que lhe valeu tanto apoiantes fiéis como uma condenação generalizada.

As suas declarações polémicas conduziram a múltiplas condenações e prejudicaram as suas alianças políticas, mas o político nunca se arrependeu dos seus excessos, muitas vezes repetidos: das câmaras de gás, “um pormenor da História”, à “desigualdade das raças” (1996), passando pela ocupação alemã “não particularmente desumana” (2005) ou pela agressão física a um adversário socialista (1997).

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Jean-Marie Le Pen chegou à segunda volta das eleições presidenciais de 2002, então com 73 anos e na sua quarta candidatura ao Eliseu. Este resultado surpreendente desencadeou marchas, que juntaram milhões de pessoas durante 15 dias. Acima de tudo, o candidato presidencial facilitou a reeleição do seu inimigo declarado, Jacques Chirac.

Mais tarde, ele e a sua filha acabariam por se afastar. Em 2018, Marine Le Pen mudou o nome do partido para se demarcar da sua imagem “demonizada”e expandir o seu apelo eleitoral, culminando no seu próprio sucesso presidencial.

Apesar da sua exclusão do partido em 2015, o legado divisivo de Jean-Marie Le Pen perdura, marcando décadas da história política francesa e moldando a trajetória da extrema-direita.

O atual presidente da União Nacional, Jordan Bardella, já prestou homenagem na sua conta do X (antigo Twitter). O líder político lembrou que Jean-Marie Le Pen “serviu sempre França”, defendendo a “identidade e a soberania” de França.”Hoje penso com tristeza na sua família, nos seus entes queridos e, claro, na Marine, cujo luto deve ser respeitado.”

Por sua vez, o Palácio do Eliseu já emitiu uma nota. Citado pelo canal de televisão BFMTV, Emmanuel Macron enviou condolências à família. Recordando que Jean-Marie Le Pen é uma “figura histórica da extrema-direita”, a presidência francesa lembrou o “papel na sociedade” do político “durante quase setenta anos”. Esse papel, sublinhou o Eliseu, está agora “sujeito ao julgamento da História”.

Já o primeiro-ministro francês, o centrista François Bayrou disse no X que, apesar das “controvérsias e confrontos” que manteve na sua vida política, Jean-Marie Le Pen é uma figura central na vida política francesa. “Sabíamos, quando discutíamos, o tipo que lutador que ele era.”