O príncipe André foi denunciado à polícia britânica por um grupo anti-monárquico que alega que o duque de Iorque usou um “nome falso” para registar empresas. “A realeza parece acreditar que pode agir com impunidade, uma impressão que ganhou peso pela falta de ação policial face a alegações sérias de corrupção e escândalos sexuais”, denunciou o chefe executivo do Republic na queixa às autoridades, citada pelo Telegraph.

A denúncia está relacionada com o alegado uso do nome “André Inverness” para registar empresas na Companies House, a agência britânica do Departamento de Negócios e Comércio. Trata-se de uma aparente referência a um título menos conhecido do príncipe, Earl de Inverness.

Segundo a queixa, a que o Telegraph teve acesso, o príncipe André é o dono de quatro empresas registadas na Companies House como “André Inverness”. Nos documentos era descrito como “consultor”. Além de denunciar o uso de um “nome falso”, o grupo Republic diz também que o príncipe listou uma erradamente uma residência em Londres como morada habitual.

Estão em causa empresas como a Naples Gold, cujo registo remonta a 2003 e que foi dissolvida em 2021, e a Urramoor Limited, de 2006, em que “HRH André Inverness” era descrito como uma pessoa “com controlo significativo” do negócio. Na semana passada, também a Urramoor submeteu um pedido de insolvência.

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“O aparente registo de informações falsas na Companies House pode parecer trivial, mas o Reino Unido enfrenta sérios problemas de fraudes cometidas dessa forma. Apesar de não se alegar aqui nenhuma fraude, André deve ser responsabilizado pelos mais altos padrões”, sublinhou o chefe executivo do Republic, que descreve o “verdadeiro nome” do príncipe como “André Mountbatten-Windsor.”

“Como é uma ofensa sob o Ato de Empresas registar informação falsas certamente deve haver interesse público em acompanhar o assunto quando se trata de uma figura de elevado perfil que alegadamente o fez”, defendeu Graham Smith. Disse ainda que espera que a polícia investigue o assunto “sem medo ou favoritismo, algo que parecem ter dificuldade em fazer quando se trata da realeza.”

A polícia britânica confirmou à imprensa britânica a receção da queixa no dia 6 de janeiro. “Esta denúncia será avaliada para determinar se são necessárias medidas adicionais”, disse um porta-voz, sublinhando que nesta fase “não há uma investigação.”

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A BBC recorda que o título Earl de Inverness foi atribuído a André em 1986 pela mãe, a Rainha Isabel II, depois de se casar com Sarah Ferguson. A emissora britânica nota que vários membros da realeza chegaram a usar os títulos como apelidos, lembrando os casos do príncipe Harry e William, que chegaram a ser conhecidos por “capitão Harry Wales” e “tenente William Wales” quando estiveram, respetivamente, no Exército e na Força Aérea. Refere também que o duque de Iorque chegou a usar o nome “André Inverness” em vários episódios, nomeadamente quando esteve de visita à Escócia.

Esta é mais uma polémica a envolver o príncipe, que em dezembro regressou às manchetes de jornais depois de ser revelado que tinha ligações próximas a um alegado espião chinês que foi expulso do Reino Unido. Uma notícia que trouxe escrutínio sobre as finanças do duque de Iorque e levou o Republic a avançar com a queixa sobre as informações usadas no registo de empresas ao longo das últimas duas décadas.

Nova polémica. Príncipe André tinha ligações próximas a “espião” chinês que acaba de ser expulso do Reino Unido