Frederico X da Dinamarca começou o ano a surpreender os historiadores dinamarqueses e a responder às ambições de Trump de integrar a Gronelândia nos Estados Unidos. O monarca alterou o brasão de armas da Casa Real, que apenas foi alterado três vezes desde 1819 para realçar os símbolos que representam as ilhas Faroé e a Gronelândia, respetivamente um carneiro e um urso polar.

Para afirmar a união entre a Dinamarca e os dois territórios, o Rei retirou do brasão as três pequenas coroas que simbolizavam a antiga integração dos três reinos escandinavos (Dinamarca, Suécia, Noruega) na União de Kalmar, liderada pela coroa dinamarquesa entre 1397 e e 1527.

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As mudanças no brasão acontecem a menos de um ano de Frederico X ter sucedido à sua mãe, a rainha Margarida II, e num momento em que a posição dinamarquesa na Gronelândia está fragilizada, devido às pressões do Presidente eleito dos Estados Unidos da América e ao apoio cada vez maior da população gronelandesa à independência.De acordo com a rádio britânica LBC as alterações refletem o compromisso do monarca de garantir que as regiões autónomas da Gronelândia e das Ilhas Faroé permaneçam sob controlo dinamarquês e seguem recomendações de um comité real.

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A vontade expressa de Trump em comprar a Gronelândia e o crescimento dos movimentos independentistas, porém, pesou muito na decisão.  Especialistas ouvidos pelo canal dinamarquês TV2 afirmam que o rei tem grande apreço pelos territórios no Ártico dinamarquês. Um apreço que pode não ser totalmente mútuo.

Segundo o jornal britânico The Guardian. o primeiro-ministro gronelandês, Múte Egede, do Partido do Povo Inuíte (independentista), acusa Copenhaga de genocídio devido às revelações de um programa governamental de contraceções forçadas nas décadas de 1960 e 70. Na mensagem de Ano Novo, Egede fez um forte discurso contra a permanência da região na Dinamarca, defendendo ser necessário acabar com os “grilhões do colonialismo” o que contrasta muito com o discurso do rei que defendeu a união dos territórios e do povo dinamarquês “desde o Eslévico à Gronelândia”.

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Nesta terça-feira, um dos filhos do Presidente eleito fez uma visita privada à região, escreve a agência Reuters. Donald Trump Jr negou que esteja relacionada com as declarações do pai, dizendo que ia apenas fazer gravações para um podcast.

Texto editado por Dulce Neto