Morreu António Almeida Santos, aos 89 anos. O presidente honorário do PS e ex-Presidente da Assembleia da República morreu durante esta segunda-feira depois de este domingo ter aparecido em campanha eleitoral já visivelmente engripado. O funeral realiza-se quarta-feira no cemitério do Alto de S. João.
Segundo fonte da família, citada pela agência Lusa, Almeida Santos faleceu na sua casa, em Oeiras, pouco antes das 00h00. Sentiu-se mal após o jantar e foi ainda assistido em casa, mas não resistiu. O corpo do fundador do PS estará em câmara ardente na Basílica da Estrela, em Lisboa, a partir desta terça-feira à tarde mas não haverá cerimónia religiosa, a pedido do próprio.
A notícia foi confirmada pelo atual presidente dos socialistas, Carlos César, que mostrou a sua tristeza pela morte de António Almeida Santos. A última vez que apareceu em público foi este domingo numa ação de campanha de Maria de Belém. Durante o discurso disse que a candidatura “revolucionou” a corrida presidencial e que representa um grande passo para as mulheres. “Já devia ter sido escolhida uma mulher há mais tempo“. E, se não for desta vez, será seguramente nas próximas eleições, atirou o socialista.
Almeida Santos nasceu a 15 de fevereiro de 1926, em Cabeça, Seia. Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra, estabelecendo-se em Moçambique até ao 25 de abril, tendo regressado para participar ativamente na democracia portuguesa. Foi ministro da Justiça do I governo constitucional e ministro de Estado e da Justiça entre entre 1983 e 1985. Foi aliás ministro depois de ter tido um papel fundamental na revisão da Constituição de 1982.
Foi sempre uma figura de referência da democracia portuguesa em geral e do Partido Socialista em particular, tendo desempenhado funções como presidente do PS entre 1992 e 2011. Foi depois substituído por Maria de Belém, que apoiava nestas eleições. Ficou depois dessa data com o título de Presidente honorário.
Carlos César já deixou no Facebook uma nota pessoal de despedida.
Em pouco tempo morreram dois amigos -Pedro Coelho e António Almeida Santos. Ao Pedro devo uma amizade fraternal e uma...
Publicado por Carlos César em Segunda-feira, 18 de Janeiro de 2016
O primeiro-ministro também já fez questão de manifestar profunda tristeza pela morte do presidente honorário do PS, que considerou um dos grandes legisladores da construção do Estado de Direito democrático e um dos obreiros da descolonização. António Costa, também secretário-geral do PS, falava aos jornalistas à chegada à capital de Cabo Verde, Praia, logo após tomar conhecimento da morte do antigo presidente da Assembleia da República e ministro de Estado do Governo liderado por Mário Soares (1983/1985).
“Estou perante a perda de uma grande amigo, de um camarada, alguém com uma extraordinária vitalidade. Ainda no domingo todos o pudemos ver a discursar no apoio à candidatura presidencial de Maria de Belém”, começou por declarar o primeiro-ministro. António Costa caracterizou depois António de Almeida Santos como “um homem extraordinário, um dos grandes legisladores que construiu o Estado de Direito democrático após o 25 de Abril de 1974, um dos obreiros da descolonização e um homem que ao longo de toda a sua vida pública – como deputado, como membro do Governo, presidente da Assembleia da República, ou presidente do PS – deu sempre tudo do melhor que sabia e tinha ainda tanto para dar à democracia e às ideias em que acreditava”.
“É com enorme tristeza que soube do seu falecimento. António Almeida Santos era das pessoas que nos levava a acreditar que havia vida eterna na terra. Era um miúdo quando comecei a ouvir Almeida Santos a falar na televisão e fez parte do meu crescimento e de toda a minha formação. É com profunda tristeza que o vejo partir”, acentuou o líder do executivo. O primeiro-ministro enviou depois “um abraço a todos os socialistas, que estão neste momento a sofrer com muita pena, mas também à sua mulher, filhos e netos”. E acrescentou: “É uma amizade que eternamente manteremos com António de Almeida Santos”.
Almeida Santos era uma reconhecida figura de peso no partido até pelo seu papel ao longo dos anos e pela sua influência política. Primeiro como dirigente de todo do partido e presidente, mas também nos longos anos em que desempenhou o papel de Presidente da Assembleia da República (de 1995 a 2002). Almeida Santos foi ainda um homem apaixonado pelo fado de Coimbra e contam-se 25 obras publicadas com o seu nome.
Não foi ainda possível recolher outros testemunhos. O Observador questionou no entanto as candidaturas à Presidência da República sobre a campanha eleitoral, até agora a única informação disponível é que Sampaio da Nóvoa e Marcelo Rebelo de Sousa mantêm para já as ações de campanha. Esta terça-feira é aliás dia de debate com os dez candidatos presidenciais.