O exército sírio declarou esta segunda-feira o fim do cessar-fogo decretado há uma semana por Washington e Moscovo, que se acusam mutuamente do fracasso de mais uma tentativa para pôr termo a cinco anos de guerra na Síria.
O exército do regime do Presidente Bashar al-Assad “anuncia o fim da suspensão dos combates que começou às 19h00 (17h00 em Lisboa) de 12 de setembro, nos termos do acordo Estados Unidos/Rússia”, indicou a instituição militar em Damasco uma hora antes de a trégua expirar.
Este anúncio deixa antever uma retomada mais violenta da guerra que desde março de 2011 já provocou mais de 300.000 mortos e devastou a Síria.
Os disparos recomeçaram no domingo na cidade de Alepo, epicentro do conflito, e registaram-se combates na periferia de Damasco.
O fim da trégua ocorre depois de as tímidas esperanças inicialmente suscitadas pelo acordo russo-norte-americano claramente desapareceram nos últimos dias, com a retomada dos combates e dos ataques verbais entre as duas grandes potências.
O chefe da diplomacia norte-americana, John Kerry, declarou esta segunda-feira querer ainda acreditar na manutenção do cessar-fogo: “Aguenta-se, mas está frágil“, disse em Nova Iorque, à margem da Assembleia-Geral da ONU onde o dossiê sírio ocupará boa parte das atenções.
Mas a Rússia mostrou-se bastante menos otimista, multiplicando as suas críticas a Washington e aos seus aliados.
O general Serguei Rudskoi declarou que:
Tendo em conta que os rebeldes não estão a respeitar o regime do cessar-fogo, o respeito unilateral pelas forças governamentais sírias não faz sentido”.
Ao anunciar o fim da trégua, o exército sírio atribuiu a responsabilidade aos grupos rebeldes que “não respeitaram uma única disposição” do acordo.
Damasco contabilizou mais de 300 violações do cessar-fogo por esses grupos.
Os rebeldes e a oposição não tinham formalmente aprovado o acordo russo-norte-americano, ao qual criticavam a ausência de garantias de que seria eficazmente aplicado pelo regime e seus aliados.