Os preços do petróleo tiveram na quarta-feira a maior queda em quase um ano, afundando mais de 5% numa só sessão, e nesta quinta-feira a cotação da matéria-prima desceu para menos de 50 dólares pela primeira vez desde que os países da OPEP chegaram a acordo para cortar a produção. A Arábia Saudita reconheceu que essa decisão não está a fazer reduzir os “stocks” tão rapidamente quanto o cartel imaginava e os “stocks” de crude nos EUA continuam a acumular-se — o mercado continua inundado de petróleo e o preço desce.
A cotação do crude nova-iorquino, o WTI, está a baixar mais de 2%, para 49 dólares, aprofundando as quedas numa semana em que o Departamento de Energia dos EUA indicou que as reservas aumentaram em 8,2 milhões de barris para o nível mais elevado desde 1982.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) conseguiu no final do ano passado um acordo para diminuir a produção, um acordo que foi atingido em coordenação com a Rússia, que não pertence à OPEP mas também se comprometeu com uma descida da produção. O problema é que, nos EUA, a indústria do petróleo de xisto evoluiu muito nos últimos anos, sobretudo em eficiência de custos, e não está a ser tão penalizada pela baixa do preço que se seguiu a esse acordo da OPEP.
“A questão de fundo é que existe um cumprimento generalizado dentro da OPEP, em relação aos cortes de produção, mas temos um aumento da produção nos EUA”, afirmou à Bloomberg um especialista neste mercado, Hans Goetti.
Descida do petróleo torna provável alívio do preço na bomba. Mas o euro pode travar
O petróleo negociado em Londres, que serve de referência para as importações portuguesas, também está a cair — para 52,02 dólares por barril. A descida do preço do petróleo sinaliza que deverá haver uma redução dos preços dos derivados, como a gasolina e o gasóleo.
Para este cálculo há que ter em conta, também, a evolução cambial do euro-dólar. Nesta quinta-feira há uma reunião do Conselho do BCE e uma conferência de imprensa de Mario Draghi, que será importante para saber se o euro vai continuar a descer face ao dólar. Em fevereiro o euro desceu mais de 2% face à divisa norte-americana, o que contribui para que os combustíveis não desçam tanto quanto a cotação da matéria-prima em dólares.