Que palavras pode D. Manuel Clemente dirigir aos portugueses neste Natal de 2014? Mais do que responder diretamente, o Patriarca de Lisboa remete para a próxima mensagem do Dia Mundial da Paz do Papa Francisco, a divulgar a 1 de janeiro de 2015.
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“É uma mensagem que espero que seja lida com muita atenção, é sobre as escravidões que permanecem”, começou por dizer-nos. “Num mundo em que tanto se caminhou em termos de direitos humanos, pelo menos no que respeita a declarações, a verdade é que sobrevivem escravaturas de todo o tipo. Psíquicas, fisiológicas, físicas…”
Neste quadro, antecipa D. Manuel, toda a mensagem “vai no sentido de que pessoas livres libertarão, e que pessoas escravizadas, até escravizadas pelas suas paixões, pela sua mesquinhez, pelo seu materialismo, essas pessoas acabarão por ser opressoras”.
Trata-se uma formulação que lembra ao bispo de Lisboa uma frase do fundador do cristianismo: “de que serve ao homem conquistar o mundo inteiro se se vier a perder a ele próprio”. “E esse é que é o problema”, acrescenta.
Desta reflexão parte para uma outra, a da necessidade de valorizar tudo aquilo que é verdadeiramente libertador e que não custa assim tanto dinheiro. “Que formação é que nós temos para a fruição, não para o gasto?”, interroga-se, sublinhando que é possível fruir sem gastar, contrariando o hábito de consumir e deitar fora.
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Tudo isto vem também do Papa Francisco, alguém que fascina D. Manuel Clemente:
“Não há dois papas iguais. Espero que este Francisco dure muito e que a seguir venha um segundo e um terceiro, porque assim estamos bem. É muito positiva a forma como leva à desabituação de coisas que podiam ser dadas por adquiridas, mas que foram desaparecendo”. Essas coisas, concretiza, podem ser as cruzes de ouro, que desapareceram, tal como estão a desaparecer os “carros com cauda”, algo que classifica como “importante”: “Claro que é sinalético, mas os sinais ajudam, sobretudo quando coincidem com o homem que ele é. E ele é um homem encantador”.
Regressando à ocasião deste Natal, D. Manuel Clemente deixa um desejo: que todos pudessem “ser um presépio”, “que nos reconduzíssemos àquelas circunstâncias de despojamento e simplicidade”. Apenas.
(pode ver aqui a entrevista integral: O Patriarca de Lisboa conta como é trabalhar com o Papa Francisco.)