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Comissário e eurodeputados portugueses retidos no Parlamento Europeu só saíram de madrugada

Este artigo tem mais de 5 anos

Comissários e centenas de deputados estavam no Parlamento Europeu. Portugueses entre os retidos por razões de segurança. Ana Gomes queixa-se de ter sido deixada de madrugada no centro da cidade.

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AFP/Getty Images

AFP/Getty Images

O ataque a tiro que ocorreu esta terça-feira ao início da noite em Estrasburgo desencadeou medidas de segurança que fecharam o Parlamento Europeu com todos os que lá estavam no momento. E terão sido centenas ou até milhares, uma vez que estava a realizar-se uma sessão plenária com várias votações que se prolongaram ao longo da noite. A luz verde para evacuar o edifício só chegou à 1h30 minutos (hora de Lisboa, mais uma em Estrasburgo), mas respeitando estritas regras de segurança. O plenário continuou até perto das três da manhã, hora a que saiu a eurodeputada Ana Gomes que se queixa de ter sido deixada pela polícia sozinha no centro da cidade.

Durante a noite, entre os retidos na sequência da ativação do mecanismo de lockdown — que bloqueia todas as entradas e saídas no edifício — estiveram o presidente do Parlamento Europeu, António Tajani, mas também comissários europeus que participavam em debates ou várias reuniões ou outros titulares de altos cargos europeus como Federica Mogherini, a representante europeia para a política internacional. Um deles era o comissário português Carlos Moedas, como testemunhou o próprio à SIC, e vários eurodeputados portugueses que também já partilharam a sua experiência, pelas redes sociais ou através de órgãos de comunicação social.

Segundo contou ao Observador, Isabel Nadkarni do serviço de imprensa do Parlamento Europeu, os funcionários, deputados e seu respetivo staff foram avisados por mail às 20h59, hora local (uma hora mais tarde do que em Portugal) de que o edifício estava fechado por razões de segurança. O ataque a tiro terá ocorrido às 20h00 horas locais perto do mercado de Natal de Estrasburgo, Horas depois deste alerta, e enquanto decorria a operação policial de caça ao homem no centro da cidade, muitas das pessoas dentro do Parlamento estavam já a preparar-se para passar a noite. A cantinas e os cafés estiveram abertos para além da hora normal de funcionamento.

Só já depois da 1h00 (hora local) é que as pessoas que estavam dentro do Parlamento Europeu foram convocadas para o plenário para serem informados sobre as condições para evacuação do edifício, segundo uma comunicação por mail enviada aos deputados e respetivos gabinetes.

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Um dos portugueses retidos foi Ana Gomes que estava a participar numa discussão sobre o relatório da Comissão Especial sobre Terrorismo quando chegaram as notícias do ataque a tiro no coração da cidade, perto do mercado de Natal. Através do Twitter, a eurodeputada deu conta que só saiu do edifício por volta das 3 hora das manhã numa comitiva de carrinhas escoltadas pela polícia que transportaram quem saía àquela hora do Parlamento Europeu, mas só até ao centro de Estrasburgo. A partir daí a eurodeputada conta que teve de atravessar, juntamente com outras cinco eurodeputadas e um jornalista, a cidade deserta até ao seu hotel.

Nas fotografias que divulgou através da rede social, a eurodeputada foi dando conta de alguma vigilância que ainda se mantinha na cidade, nomeadamente junto à catedral, durante a caminhada de meia hora que teve de fazer de madrugada.

Entre os eurodeputados portugueses que terão sido também “apanhados” pelos efeitos colaterais deste ataque estiveram também Paulo Rangel (PSD), Marisa Matias (Bloco de Esquerda), Carlos Zorrinho e Ricardo Serrão Santos (PS), Miguel Viegas e João Ferreira (PCP). No testemunho à SIC, Paulo Rangel admitiu que podiam estar milhares de pessoas retidas. Mesmo que fossem autorizados a sair, não conseguiriam circular até ao centro da cidade onde estão os hotéis onde estavam alojados. O eurodeputado diz até que era visível um reforço da segurança nos últimos dias na cidade.

Já a eurodeputada do PSD, Sofia Ribeiro, e a sua equipa, estavam a chegar ao mercado de Natal no centro de Estrasburgo quando estava em curso o ataque do atirador. À SIC, Sofia Ribeiro revela que viu pessoas a correr na sua direção e que foi avisada por um segurança para fugir do local. Chegou a ouvir tiros. Face às restrições de circulação, a deputada e a sua equipa optaram por regressar ao Parlamento Europeu que “é o sítio mais seguro da cidade”. Tiveram de passar por um apertado controlo de segurança para voltar a entrar e o percurso iniciado no metro de superfície teve de ser concluído a pé porque este meio de transporte foi evacuado por razões de segurança.

[Veja no vídeo a homenagem que cinco mil adeptos franceses fizeram às vítimas do tiroteio]

Também o eurodeputado do CDS Nuno Melo estava a perto do local onde aconteceu o tiroteio. Os eurodeputados que se tinham ausentado para jantar foram aconselhados a voltar para dentro do edifício por razões de segurança, mas Nuno Melo acabou por refugiar-se num hotel próximo do sítio onde estava, a cerca de 300 metros do local do ataque.

O socialista Carlos Zorrinho fez saber através do Facebook que estava no edifício, mas que se encontrava bem.

O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, foi também usando a mesma rede social para dar conta do que se passava, num vídeo que divulgou relatou os acontecimentos (ver em baixo). Um jornalista do El Español contou que durante aquelas horas, Tajani foi garantindo sempre aos jornalistas que “segurança do prédio funciona” e que “o importante é continuar a trabalhar, que a democracia não baixe a cabeça”.

O mesmo jornalista explicou que pela uma e meia da manhã, Tajani chamou os deputados para dizer que apesar do nível de insegurança no centro da cidade ainda ser elevado, os deputados iam ser conduzidos para fora do edifício acompanhados por forças de segurança. Mas também diz que, ainda assim, alguns deputados ficaram quase até às três da manhã.

Pelas duas da manhã, no plenário ainda foi cumprido um minuto de silêncio pelas vítimas do ataque na cidade onde se instala a sede oficial do Parlamento Europeu.

Artigo atualizado com informações sobre a saída dos eurodeputados do edifício

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