A maratona negocial entre o Irão e seis potências mundiais sobre o programa nuclear daquele país resultou num acordo de princípios que será definido até ao final de junho. Os dois lados confirmaram que chegaram a um esboço que permite mais três meses de negociações em pormenor, que serão fechadas no primeiro semestre do ano. As instalações nucleares iranianas não serão encerradas, mas vão mudar de objetivo deixando de produzir plutónio. Irão diz que nenhuma parte tem obrigações até que o texto final fique fechado e Estados Unidos dizem que se for preciso retomam sanções.

Numa conferência de imprensa conjunta, a responsável pela diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, confirmou que o conjunto de seis nações (P5+1 – Estados Unidos, França, Alemanha, China, Rússia e Reino Unido) chegou a um plano de acordo com o Irão e que o acordo limita a atividade nuclear daquele país.

Em Lausanne, na Suíça, onde decorreram as negociações, Federica Mogherini deu algumas informações sobre o acordo nomeadamente que a instalação nuclear de Fordo será convertida num centro de pesquisa e deixará de produzir plutónio. A outra instalação iraniana de Arak também deixará de produzir plutónio e passará a produzir combustível nuclear para exportar. Uma informação que foi confirmada pelo ministro iraniano dos negócios estrangeiros, Javad Zarif.

O iraniano foi o segundo a falar para garantir que foi feito um acordo significativo e que foram feitos muitos progressos, mas que ainda falta tempo até ao acordo final. Até que o texto final fique fechado, disse, nenhuma parte tem obrigações. Contudo, frisou, o documento tem garantias para que não sejam quebradas promessas.

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No entanto, o iraniano começa por dizer que não serão encerradas nenhumas instalações nucleares. Quanto à instalação de Fordo (Fordow na versão em inglês), garantiu que esta deixará de enriquecer urânio, e que essa atividade será concentrada noutra instalação, de Natanz.

Tendo em conta a alterações de produção nas instalações nucleares iranianas, o representante daquele país disse vir a esperar que o Irão “ganhe dinheiro” com a venda de combustível nuclear.

Já o secretário de Estado norte-americano John Kerry preferiu referir que ainda há muitas arestas a limar até ao acordo final até porque a transição será difícil e disse mesmo que pode levar “seis meses a um ano” até que o acordo seja cumprido.

O acordo é a 15 anos, mas apenas nos dez primeiros há restrições mais precisas. Nos últimos cinco anos do acordo, o Irão poderá começar a aumentar a produção nuclear e este expira assim que terminarem os 15 anos.

A declaração conjunta dos dois responsáveis, iraniano e da União Europeia, pode ser lida aqui.

“Acordo histórico”, diz Obama

Os líderes internacionais já começaram a reagir ao acordo sobre o programa nuclear. “Acordo histórico”, foi assim que Barack Obama classificou o acordo entre as seis potências e o Irão. O Presidente norte-americano acredita que foram as sanções contra aquele país, que agora serão levantadas, que levaram a que o Irão cedesse e quisesse estar na mesa das negociações. Mais tarde o secretário de Estado norte-americano, John Kerry referiu que se for necessário, as sanções económicas àquele país serão retomadas uma vez que o acordo final tem de se basear em factos e não em promessas.

E foi nessa linha que o Presidente norte-americano falou. Disse mesmo que acredita que com isto é possível prevenir o Irão de ter armas nucleares e de produzir plutónio além de que acredita que agora os investigadores poderão ter acesso àquele país:

“Se o Irão nos enganar, todo o mundo vai saber”, garantiu.

O primeiro a falar foi François Hollande. O Presidente francês emitiu um comunicado em que diz que o acordo com o Irão tem de ser “credível e verificável”.

Notícia no Twitter

A notícia foi avançada pelo lado do Irão. O presidente Hassan Rouhani decidiu comunicar via Twitter que tinham sido alcançadas soluções para os principais pontos.

Mas não foi o único. Javad Zarif, o ministro dos Negócios Estrangeiros tinha ele próprio anunciado que tinham sido encontradas soluções.  

Pelo lado das seis potências, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, foi quem confirmou que já tinham chegado a parâmetros para resolver os principais diferendos.