O tempo está a esgotar-se para a Grécia, disse esta sexta-feira o presidente do Eurogrupo, e é praticamente garantido que não haverá qualquer acordo entre os ministros das Finanças da zona euro na reunião desta sexta-feira em Riga na Letónia. Entre os ministros das Finanças reina o desalento e alguma frustração.

“Não tenho praticamente qualquer expectativa para hoje”, dizia Peter Kazimir, ministro das Finanças da Eslováquia, em declarações à entrada da reunião dos ministros do euro, que de seis em seis meses se reúnem no país que organiza a presidência da União Europeia.

A frase ilustra o sentimento dos ministros das Finanças que falaram à entrada da reunião. O Presidente do Eurogrupo, e também ministro das Finanças da Holanda, Jeroen Dijsselbloem, disse que do lado grego há a perceção de que o tempo está a esgotar.

“Eu falei com os meus colegas em Atenas e eles estão muito determinados em conseguir um acordo. Eles sabem que o tempo se está a esgotar”, disse. Sobre a reunião de hoje, algumas frases sem qualquer compromisso, como já é habitual: “Vamos ouvir o que as instituições nos têm a dizer, assim como o nosso colega grego, sobre os progressos alcançados”, “vamos ver o que acontece nas próximas semanas”.

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A conversa foi interrompida quando passava o ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, que não falou aos jornalistas presentes. Jeroen Dijsselbloem aproveitou a chamada dos jornalistas por Varoufakis para acabar as suas declarações. “Deviam falar com o meu colega, agora”.

Peter Kazimir da Eslováquia, que se dizia quase sem expectativas, passou a mesma mensagem: “o tempo está a acabar”. Questionado sobre a meta do final de abril que tinha sido estipulado por altura do acordo de 20 de fevereiro, que permitiu a extensão do programa da Grécia, o ministro eslovaco disse que “a data de final de junho é a mais importante. A data de final de abril era só uma meta interna”.

Sobre as propostas gregas, diz o responsável que os ministros das Finanças da zona euro ainda estão “à espera de propostas sérias”. E depois de junho, se não houver acordo com a Grécia? “Depois do final de junho? O meu aniversário é a 28 de junho”, respondeu, enquanto virava as costas, com um ar bem-disposto.

O vice-presidente da Comissão Europeia para o Euro, Valdis Dombrovskis, explicou que as negociações técnicas terão de continuar, porque o progresso até agora “não foi suficiente para conseguir chegar a um acordo neste Eurogrupo”, e que, na opinião da Comissão Europeia, “concluir com sucesso o atual programa de resgate é de longe a melhor opção”.

“Para isso, é importante que todos os lados se mantenham fiéis aos seus compromissos, incluindo a Grécia. Por isso, agora é muito importante que a Grécia esteja a acelerar o trabalho sobre a lista de reformas e que também comece a trabalhar na implementação das condições”, disse.

Hans-Jorg Schelling, ministro das Finanças da Áustria, foi ainda mais duro e diz que já está “aborrecido com este tema”. O governante austríaco diz que existem diferentes entendimentos do acordo de fevereiro entre as partes, o que a seu ver “não cria confiança”.

“Estamos a perder demasiado tempo”, terminou.