A falta de progressos nas negociações com a Grécia gerou acesa discussão esta sexta-feira e levou mesmo alguns países a defenderem que a zona euro tem de estudar um plano de contingência para o caso das negociações não serem concluídas com sucesso. A Eslovénia fez a sugestão, apoiada pela Eslováquia e pela Lituânia. A Grécia ouviu ainda palavras duras da Letónia e da França, disseram fontes europeias ao Observador, que acompanhou em Riga a reunião dos ministros.

Já não havia grande expectativa entre os ministros para se chegar a qualquer acordo com a Grécia ainda antes de começar a reunião informal dos ministros das Finanças da zona euro que decorreu esta sexta-feira em Riga, na Letónia. Mas, depois de um período inicial a debater a Grécia e depois de passar pelos restantes pontos da agenda, a discussão voltou a focar-se na crise grega.

A frustração dos ministros das Finanças levou a fortes críticas ao representante grego, o ministro das Finanças Yanis Varoufakis, e mesmo à sugestão que se deve começar a preparar um plano B para a eventualidade de não ser possível um acordo com a Grécia.

“Um plano B pode ser qualquer coisa”

Segundo as mesmas fontes, a ideia partiu do ministro das Finanças da Eslovénia, Mramor Dusan. O governante confirmou isso mesmo na manhã de sábado: “A minha questão era o que vamos fazer se um acordo para um novo programa não for conseguido a tempo e a Grécia deixar de ser capaz de se financiar”, disse. Ainda assim, garantiu, não haver um novo resgate não significa necessariamente uma saída da Grécia da zona euro. “Um plano B pode ser qualquer coisa”, disse.

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A pretensão da Eslovénia foi apoiada por mais dois países. Eslováquia e Lituânia. Peter Kazimir, ministro das Finanças da Eslováquia já tinha expressado a sua frustração ainda a reunião não tinha começado. O eslovaco teve, ainda, mais uma troca de argumentos mais acesa com Yanis Varoufakis, quando o grego defendeu na reunião que não poderia aplicar mais cortes aos seus pensionistas, com o eslovaco a contrapor com os cortes que ele próprio teve de aplicar aos seus concidadãos.

Michel Sapin, ministro das Finanças de França, e Janis Reirs, ministro das Finanças da Letónia (que organizou o Eurogrupo informal) terão sido também bastante duros com o seu homólogo grego.

No final da reunião, o presidente do Eurogrupo confirmou que isso mesmo: “Foi uma discussão muito crítica. Chegámos a um acordo há dois meses e hoje esperávamos ter um resultado para podermos tomar decisões, mas ainda está muito por fazer”, disse Jeroen Dijsselbloem. “O tempo está a esgotar-se”, dizia Jeroen Dijsselbloem, foi aliás a mensagem mais passada pelos responsáveis europeus.

O presidente do BCE, Mario Draghi, também na conferência de imprensa, citou a mesma frase e deixou uma achega ao Governo grego “não é possível haver um acordo se não houver um processo adequado para avaliar e quantificar as medidas”.

Varoufakis faltou ao jantar com os ministros

Como é tradição, no final das reuniões informais do Eurogrupo o país que detém a presidência rotativa da União Europeia organizou um jantar para os ministros das Finanças da zona euro e da União Europeia.

Convidados estavam todos os ministros das Finanças, mas depois de uma reunião quente, Yanis Varoufakis comunicou que não iria comparecer, pois já tinha outros planos, optando por jantar noutra parte da cidade.

Dureza do Eurogrupo, calor humano no Ecofin

Se o ministro das Finanças da Grécia ficou com as orelhas a arder no Eurogrupo de sexta-feira, na reunião que juntou os ministros das Finanças da União Europeia este sábado surgiu um alívio cómico, pelas mãos do ministro das Finanças da República Checa.

Andrej Babis publicou uma selfie no Twitter com o ministro das Finanças grego, dizendo: “Boa pessoa, excepto por aqueles 329 mil milhões de dívida”.

O governante checo foi diplomático até nas selfies. Pouco antes de publicar a fotografia com Varoufakis, Andrej Babis publicou na sua conta oficial uma com Wolfgang Schäuble, o ministro das Finanças da Alemanha e muitas vezes apontado como o principal bloqueio às pretensões gregas nas negociações.

Diz o ministro na legenda da foto que discutiu a situação da Grécia, zona euro, política de imigração e as sanções à Rússia.