São de maio de 1931 as primeiras fotografias da Feira do Livro de Lisboa disponibilizadas pela Fundação Calouste Gulbenkian. Criada em 1930, foi só no ano seguinte que passou para as mãos da Associação da Classe de Livreiro de Portugal, atual Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL). Chamava-se então “Semana do Livro”.

Ao longo de uma semana, várias dezenas de pessoas deslocaram-se à Praça D. Pedro IV para verem o que de melhor as livrarias portuguesas tinham para vender. Mas, apesar do sucesso, a Feira não foi imune a críticas. O Diário de Lisboa chamou-lhe “cerca de letrados” e um evento para os que sabem ler.

“Realmente, isto nunca tinha acontecido. Fazer do Rossio a Feira do Livro. Pôr livros no Rossio para a gente saber… que sabe ler. Porque há coisas de que o público se esquece: de que os livros são bons amigos, e vale mais um livro bom do que um mau conselho”, refere uma notícia do Diário de Lisboa.

Integrada nas “Festas da Cidade de Lisboa”, a inauguração da edição de 1931 contou com a presença do então Presidente da República, o General Óscar Carmona, o Ministro da Instrução Pública, Gustavo Cordeiro, e do secretário da associação dos livreiros, Ventura Abrantes.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No evento estiveram presentes vários editores e livreiros, como Aillaud Bertrand e António Maria Teixeira, e ainda representantes da Livraria Morais, Livraria Rodrigues, ABC da Rua do Alecrim e Livraria Evangélica.

“O Rossio tinha sido Forum, mercado, circo, parada, quartel, jardim, terreiro, cerca de hospitaleiros, cerca de lidadores, cerca de vendilhões. Nunca tinha sido cerca de letrados”, diz a mesma notícia do Diário de Lisboa.

Para além do Rossio, a Feira do Livro já passou por muitos outros lugares emblemáticos, como a Rua Augusta, a Praça do Comércio e a Avenida da Liberdade. Já há vários anos que está estabelecida no Parque Eduardo VII, junto à rotunda do Marquês de Pombal.