Os deputados do Parlamento grego já não irão votar esta quarta-feira duas medidas importantes que tinham sido acordadas com os credores como “pontos prévios” a qualquer negociação para um terceiro resgate. Alexis Tsipras tenta, assim, estancar a hemorragia de deputados do Syriza que votam contra, o que tem colocado o primeiro-ministro grego cada vez mais nas mãos da oposição.
Para assegurar que não aumenta o número de votos contra as medidas propostas por Alexis Tsipras – 32 deputados da coligação votaram contra a primeira vaga de medidas e 6 abstiveram-se, na semana passada -, o primeiro-ministro grego tirou da ordem de trabalhos dois pontos: a votação sobre uma reforma da legislação fiscal no setor da agricultura e sobre alterações às reformas antecipadas.
Fontes citadas pelo jornal Ekathimerini, ligadas ao governo, dizem que com esta alteração Alexis Tsipras espera convencer, pelo menos, alguns dos deputados que se abstiveram na semana passada para dar uma ideia de que o apoio ao governo está a crescer, sobretudo se houver mais votos a favor.
O adiamento da votação não significa que os credores irão aceitar fechar as negociações para o terceiro resgate sem estas medidas específicas. Tsipras poderá incluí-las numa terceira ronda de votações a realizar antes de dia 8 de agosto, diz o Ekathimerini.
O parlamento grego tem 300 deputados mas, numa qualquer votação, é necessário um quórum de 240 votos. Daí que 120 seja a fasquia abaixo da qual o governo perde o apoio parlamentar para conseguir continuar a governar. O Syriza tem 149 deputados, mais 13 dos Gregos Independentes (parceiro de coligação), mas na última votação o governo ficou muito perto dessa “linha de perigo”.