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  • Olá, bom dia.

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  • Bênção papal em Nova Iorque

    Um grupo de imigrantes e refugiados (incluindo aqueles que se encontram em situação irregular) vai receber uma bênção do papa Francisco. A Associated Press noticia que o encontro acontece a 25 de setembro, em Nova Iorque. Recorde-se que o papa tem como uma das suas prioridades máximas ajudar os imigrantes, condenando aquilo que diz ser “a globalização da indiferença” tento em conta migrantes e refugiados.

  • "Não havia nada a fazer por ele"

    Nilüfer Demir, a fotógrafa que captou a imagem do menino turco à beira-mar, já sem vida e com o rosto voltado para o areal, relatou à agência de notícias Dogan, para a qual trabalha desde 2003, como foram os momentos antes de premir o botão da câmara fotográfica.

    “Quando vi Aylan Kurdi o meu sangue gelou. Mas, então, já não havia nada a fazer. Ali estava um cadáver com uma camisola encarnada levantada e calções azuis escuros. Não havia nada que eu pudesse fazer por ele. (…) A única coisa que podia fazer era premir o botão do obturador e fazer a foto naquele [preciso] momento.”

    Emocionada, a fotógrafa continuou o seu testemunho e contou como, a cerca de 100 metros, deu de caras com o irmão mais de velho de Aylan, Galip, também ele inanimado e com a camisola levantada. “Antes de premir o botão senti uma grande dor e tristeza. (…) O meu trabalho é tirar boas fotografias”, acrescentou, citada pelo espanhol ABC.

    E, perante a indignação internacional que, entretanto, surgiu em redor da respetiva imagem, a fotógrafa não hesitou em argumentar que foi bem-sucedida, uma vez que o retrato do pequeno Aylan sacudiu consciências globais.

  • Juncker: medidas de respostas aos refugiados apresentadas na quarta-feira

    O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, vai apresentar medidas de resposta à atual crise de refugiados na próxima quarta-feira. As propostas vão ser abordadas durante o discurso sobre o estado da União. Fontes comunitárias citadas pela Lusa revelam ainda que a Comissão Europeia vai pedir aos Estados membros que dividam entre si os 120 mil refugiados que, de momento, se encontram na Hungria, Grécia e Itália.

    O plano do Executivo comunitário, que por enquanto está sujeito a mudanças, sugere que estes 120 mil refugiados sejam acrescentados aos 32.256 que os Estados membros da União Europeia (UE) se tinham comprometido a acolher em julho último.

    O plano da Comissão vai ser examinado na sexta-feira pelos chefes dos governos checo, eslovaco, polaco e húngaro (que integram o designado Grupo de Visegrado), durante uma reunião em Praga. Os estados em causa querem encontrar uma posição comum que contrarie o acordo estabelecido entre a França e a Alemanha, países que ambicionam quotas obrigatórias para a distribuição dos refugiados que chegam à UE.

  • O casal que se atirou ao chão, numa tentativa de não ser levado para o campo de refugiados próximo da fronteira com a Áustria, foi levado pelas autoridades. Os jornalistas que estão no local ainda não receberam mais informações sobre o seu paradeiro.

  • Oposição síria pede auxílio à comunidade internacional

    Da Síria também chegam reações.

    A Coligação Nacional Síria (CNFROS), grupo principal da oposição síria, pediu à comunidade internacional para auxiliar os refugiados sírios. O pedido é claro: deixem-nos passar nas fronteiras e dêem-lhes um abrigo temporário seguro.

    O pedido de ajuda chega através de comunicado, onde a vice-presidente da CNFROS, Nagham al Ghaderi sugere que “todos os povos do mundo” pressionem a tomada de decisões, para que sejam adoptadas medidas que suportem a crise migratória – maioritariamente sírios que fogem do país em guerra civil há mais de quatro anos. Escreveu:

    A fotografia de Aylan, o menino sírio cujo corpo foi arrastado até às costas turcas, é uma clara evidência da gravidade do sofrimento a que as crianças sírias são submetidas devido ao terrorismo do regime [do Presidente sírio Bashar] al-Assad”

    A vice-presidente da CNFROS pediu aos países do Médio Oriente e às outras nações de acolhimento para ajudarem os refugiados sírios, procurando “uma solução urgente e imediata” que acabe com a violência na Síria.

    A representante também sublinhou que “o povo sírio sempre foi hospitaleiro e que já recebeu refugiados de todos os países da região, incluindo palestinianos, iraquianos, libaneses (…) e partilhou com eles comida e casas”.

  • Madeira quer acolher refugiados

    As famílias com crianças têm prioridade, diz o governo regional.

    Miguel Albuquerque disse que a ilha está disponível para receber parte dos refugiados que chegarem ao país. Os números ainda não foram revelados, mas deverão ser adequados aos espaços e capacidade da região, diz o Expresso.

    De acordo com o governo da Madeira, a ideia é alocar essas famílias em zonas da ilha que têm poucos residentes, para que possam começar a reconstruir a suas vidas. Ao mesmo tempo, essas localidades com um fraco índice populacional serão dinamizadas, explica o governo de Albuquerque.

  • O primeiro-ministro turco voltou a marcar posição:

    Se os traficantes e os migrantes ilegais decidirem vir para a Hungria pela Croácia em massa, temos de ter uma barreira física lá.”

  • Canadá oferece cidadania a pai de menino que morreu afogado

    Do Canadá chega outra informação: o país ofereceu agora a cidadania a Abdullah Kurdi, o pai do menino fotografado sem vida numa praia turca, uma imagem que tem rodado, e chocado, o mundo.

    Abdullah Kurdi recusou, como seria de esperar. É o CBC News, um jornal canadiano, que conta.

    A família Kurdi tinha pedido asilo no Canadá, mas o país recusou a ajuda.

    O casal estava na Turquia e, numa tentativa desesperada de chegar à Europa para depois seguir para o Canadá, arriscou-se num barco com os dois filhos – de três e cinco anos. Foi nesta travessia que o barco virou, no mar Egeu. Só o pai sobreviveu.

  • Cameron rende-se: Grã-Bretanha vai receber mais refugiados

    David Cameron reagiu, finalmente, com um compromisso claro: o Reino Unido vai receber mais pessoas que fogem da guerra civil síria.

    A crescente pressão internacional, e do próprio país, fez efeito.

    Faltam encontrar os números finais, que fundos, e definir e libertar os espaços para asilo, mas agora a mensagem do primeiro-ministro britânico é mesmo mais concreta. E mais feliz.

    Espera-se que milhares de refugiados sejam acolhidos na Grã-Bretanha. A maior parte das pessoas deverá ser transferida dos campos de refugiados do ACNUR (Agência da ONU para os Refugiados), na fronteira da Síria.

    Mas apesar do primeiro-ministro inglês ter cedido, mantém-se fiel à sua ideia inicial: isto vai piorar a crise de refugiados e criar mais caos, porque abrir as fronteiras do Reino Unido aos refugiados que já estão na Europa, vai incentivar que outros arrisquem as suas vidas a atravessar o Mediterrâneo.

  • A jornalista da BBC mostra outra imagem. Os pedidos de ajuda não cessam.

    Eu preciso de ir para a Alemanha, pela vida”, lê-se na mensagem que a menina tem nas mãos

  • Entretanto, na estação de comboios que fica entre a Hungria e a Áustria, os refugiados continuam a gritar por “Alemanha! Alemanha!”, pedindo para serem enviados para o país.

    Há pessoas que precisam de assistência e são levadas, de vez em quando, para a receberem. Agora, foi a vez de uma menina. O comboio está cheio de crianças, as imagens continuam a ser penosas.

  • Pai de menino de três anos vai regressar à Síria

    Abdullah kurdi, o pai do menino trazido pelo mar já sem vida, e fotografado numa praia turca, afirmou que vai voltar para a Síria.

    Kurdi quer que os corpos da mulher e dos dois filhos pequenos, de três e cinco anos, sejam enterrados na sua cidade natal, Kobani. Depois da tragédia, Abdullah já não quer ficar na Europa.

    Só quero ver os meus filhos uma última vez e ficar com eles para sempre.”

    Sozinho, falava com a Associated Press à saída da casa mortuária para onde a sua família foi levada depois da embarcação onde seguiam ter naufragado. Abdulahh Kurdi conta a triste história.

    O comandante da embarcação onde viajavam terá ficado assustado com a altura que as ondas estavam a atingir. Por causa disso, entrou em pânico e passou o comando do barco a Abdullah. De seguida, atirou-se ao mar.

    As ondas eram tão grandes que o barco virou. Tinha a minha mulher e os meus filhos nos braços e percebi que eles estavam todos mortos”

  • Em Itália, vários líderes judeus criticam a forma com a República Checa está a lidar com a crise dos refugiados. As notícias dão conta de que as autoridades checas marcaram, cerca de 200 refugiados, com números nos braços. E Ruth Dureghello, presidente da comunidade judaica em Roma, classificou a prática como “inaceitável”.

    É uma imagem que não podemos suportar, que faz lembrar a forma de entrada nos campos de concentração nazis, quando milhares de homens, mulheres e crianças foram marcados com um número, como animais, e depois mandados para a morte.”

    Acrescenta:

    É tempo da Europa perceber que o fenómeno da imigração, apesar de complexo, não pode ser confrontado com métodos que são repressivos e ofensivos para a dignidade humana.”

    Da República Checa, chega uma justificação: muitos refugiados não têm documentos nem falam inglês nem outras línguas europeias e terão sido marcados para serem mais facilmente identificados.

  • Portugal tem condições para acolher mais refugiados

    É o bispo de Beja, D. António Vitalino Dantas, que o diz. E também esclarece, à Renascença, que a Igreja já está à procura de novos espaços, como conventos, para acolher os refugiados.

    A Igreja está a tentar encontrar lugares de acolhimento. Por exemplo, há antigos conventos que hoje são monumentos nacionais e alguns estão em ruína, por estarem desabitados. Mas fazendo um esforço de recuperação podemos, pelo menos, a nível de habitação, oferecer logo alguma qualidade de vida.”

    O bispo sublinha que é preciso preparar as comunidades locais para receberem estas pessoas: tanto na aprendizagem da língua, como na inserção na sociedade e no mercado laboral.

    A diocese de Viseu também já veio a público mostrar a disponibilidade para ajudar. À Renascença, disse D. Ilídio Leandro:

    Temos também condições para poder receber refugiados: temos 12 misericórdias, 103 instituições sociais, centros sociais paroquiais, uns com condições de lar, abriremos as nossas instituições ao apoio. Porém, também iremos conceder apoio económico para socorrer essas instituições”

    O bispo de Viseu acrescenta ainda:

    A acção terá que ser cada vez mais nos países de onde eles vêm, de tal modo que possam encontrar aí condições de trabalho, viver paz e em sua família. Pede-se uma colaboração muito importante da Europa para que de facto as razões pelas quais as pessoas fogem da sua terra terminem o mais breve possível.”

  • Já a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, afirmou esperar que a operação naval da União Europeia (UE) no mar Mediterrâneo comece, nas próximas semanas, a atacar diretamente os traficantes de migrantes.

    Após uma reunião dos ministros da Defesa, no Luxemburgo, Federica Mogherini referiu haver já um “amplo consenso” para que a operação naval comunitária passe a uma fase mais ofensiva.

    Observo um amplo consenso sobre a necessidade de começar a fase dois da operação.”

    A fase dois permite que os navios de guerra europeus possam fazer buscas, apreensões e desviar embarcações suspeitas de serem usadas pelos traficantes de pessoas.

    Estas detenções podem também ser realizadas fora das águas territoriais da Líbia.

    O comandante da missão da segurança europeia contra os traficantes de seres humanos, a EUNAVFOR-Med, almirante Enrico Credendino, propôs na semana passada aos 28 Estados-membros da UE o avanço para uma fase mais agressiva.

    A missão dura há cerca de dois meses e tem apenas monitorizado, em águas internacionais, as redes de contrabando criminosas, que operam a partir da costa da Líbia.

  • Em Portugal, as notícias também chegam da Misericórdia da Covilhã, que já se mostrou disponível para receber, no imediato, 10 famílias de refugiados. A Segurança Social já foi informada.

    “Temos um edifício desocupado, que pertencia a uma ordem de freiras, e que pretendemos disponibilizar para receber essas pessoas [refugiados]. Quando alguém precisa de ajuda, não colocamos qualquer entrave”, disse o provedor local à Agência Lusa.

    António Neto Freire esclarece que a instituição está a trabalhar esta possibilidade em articulação com a Câmara da Covilhã e o Centro Distrital de Castelo Branco da Segurança Social.

    “Este é um problema da Europa e de todos nós. Temos que estar atentos a este problema que existe e, numa base cristã, não podemos ficar calados, nem nos abstrairmos dele”, disse.

    Neto Freire disse que a instituição poderá acolher mais refugiados, caso haja essa necessidade, “porque existe condições para isso”.

  • Da Turquia, chegam outras notícias: a polícia deteve quatro alegados traficantes de nacionalidade síria. Os suspeitos têm entre 30 e 41 anos e foram presos na estação balnear turca de Bodrum (sudoeste). Foi daqui que partiram as duas embarcações que tentavam chegar à ilha de Kos, na Grécia, e que naufragaram.

    De acordo com a agência de notícias Dogan, os homens são suspeitos de homicídio e de “tráfico de imigrantes” e deverão ser presentes a tribunal ainda esta tarde.

  • O primeiro-ministro inglês falou finalmente, depois de na quarta-feira ter deixado clara a indisponibilidade para dar asilo aos refugiados da guerra.

    A mensagem não foi clara, mas a postura é diferente daquela que utilizou na quarta-feira. Pelo menos, mais diplomático.

    Quando questionado por que razão o Reino Unido não recebia mais refugiados, Cameron responde:

    Nós estamos. Estamos a receber milhares de refugiados e temos feito tudo, como país, para desenvolver o sistema de asilo, assim como para receber devidamente as pessoas, ajudá-las quando vêm para o nosso país.”

    A Inglaterra vai ou não receber mais refugiados?

    Estamos atentos a essa questão, trabalhamos com os nossos parceiros e estamos a receber milhares de pessoas e vamos receber milhares de pessoas. O que importa é que quando eles sejam devidamente recebidos quando chegarem e que olhemos por eles. E é precisamente isso que vamos fazer.”

    Finalmente, quando questionado sobre a fotografia do menino de três anos recolhido sem vida numa praia turca, Cameron diz apenas:

    Nós vamos fazer mais, nós estamos a fazer mais. Qualquer pessoa que tenha visto aquelas imagens não pode deixar de ficar comovida e, como pai, fiquei profundamente comovido ao ver aquele rapazinho numa praia na Turquia”

    Cameron falou, mas a mensagem não trouxe uma resposta concreta. A pergunta ainda existe: afinal, que política será aplicada?

  • Enquanto isso, na fronteira entre a Hungria e a Áustria, os jornalistas começam a ser afastados pelas autoridades.

    “O que quer que aconteça depois, os húngaros não querem que o mundo saiba”, acusa o repórter da ITV que está no local.

    James Mates conta ainda que as pessoas gritam “Não nos deixem”, enquanto os jornalistas são impedidos de gravar e partilhar a informação.

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