O BES encontrou já em julho quatro sociedades veículo cujos ativos eram principalmente dívida do Grupo BES que não estavam nas contas consolidadas do grupo e que a anterior administração, liderada por Ricardo Salgado, disse não conhecer a existência, finalidade e funcionamento.
Nas contas trimestrais divulgadas hoje, o banco diz que “já no decurso do mês de julho foram identificados três SPE (Special Purpose Entities) cujos ativos eram fundamentalmente constituídos pelas obrigações emitidas pelo Grupo [BES]” ao longo de 2014, emitidas a desconto e que mantém no balanço a custo amortizado, que foram vendidas aos clientes do banco no retalho a valores superiores ao valor emitido.
Estas emissões, explicou hoje o banco, obrigaram o banco a reconhecer um prejuízo de 767 milhões de euros.
O BES explica que devido à finalidade destes veículos, concluiu-se que tinham de integrar as contas do BES.
No entanto, os membros da anterior administração do Grupo BES “desconheciam as transações realizadas através de intermediários financeiros atrás referidos, bem como a constituição, desenho e funcionamento daqueles SPE, bem como de um quarto veículo cujo valor dos ativos deverá rondar os 77 milhões de euros”.
O BES diz mesmo que à data do fecho de contas do primeiro semestre “não se possui qualquer informação sobre este quarto veículo”.
Só para o quarto veículo, devido ao desconhecimento, teve de ser feito uma provisão no valor total dos seus ativos, ou seja, os 77 milhões de euros, o que no total de provisões para os quatro veículos dá uma perda conjunta de 121 milhões de euros.
Entre o ajustamento do valor das emissões, os veículos integrados nas contas que não eram conhecidos da anterior administração (segundo a própria) e outras contingências de emissões do Grupo BES vendidas a clientes particulares no retalho, o BES teve de registar perdas de 1,25 mil milhões de euros nos primeiros seis meses.
Mas a conta pode não ficar por aqui e, segundo o banco, pode ainda ter de vir a comprar uma parte das obrigações do grupo com prazo mais curto vendido a clientes do retalho, embora não ache provável para já que isso aconteça.
Se tal acontecer, o prejuízo do primeiro semestre ainda pode aumentar mais 505 milhões de euros e ultrapassar os 4 mil milhões de euros.