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A parceria entre a UEFA e a Topps estreou com o lançamento da caderneta de cromos do Euro-2024

dpa/picture alliance via Getty I

A parceria entre a UEFA e a Topps estreou com o lançamento da caderneta de cromos do Euro-2024

dpa/picture alliance via Getty I

A revolta chegou às coleções de cromos: Topps usou Mourinho para destronar a Panini, mas adeptos não estão contentes com a caderneta do Euro

Para uns é a parte mais bonita dos grandes torneios. Para outros é um negócio. Nem o mundo dos cromos escapa às mexidas do mercado. Mas será que a passagem para a Topps melhorou a caderneta do Euro?

Chegou a altura mais aguardada do ano para os amantes de futebol. Esta sexta-feira marca o início do Campeonato da Europa de 2024, mas fora dos relvados há muito que a bola foi trocada pelos cromos e os bilhetes dos jogos deram lugar a folhas onde se registam, um a um, os pequenos feitos dos colecionadores. Porém, a mítica caderneta de cromos deste Europeu, chegou com uma novidade. E das grandes.

Depois de várias décadas ligada à empresa italiana Panini, a coleção oficial do Euro-2024 mudou de “dona”, chegando à norte-americana Topps, que se assume como uma marca de referência dos cromos físicos e digitais de última geração. Será bem assim? Já lá vamos. O que é certo é que a empresa entrou com tudo no mercado do futebol, conquistou um espaço que parecia inconquistável e, como qualquer grande equipa que quer crescer, encontrou um embaixador de referência e de renome: José Mourinho.

Com o Special One, a empresa sediada nos EUA mostrou rapidamente o que pretendia no ramo do desporto. “Eu sou José Mourinho”, afirmou o agora treinador do Fenerbahçe, bem ao seu estilo, no vídeo de apresentação da caderneta. A frase depressa viralizou nas redes sociais e tornou-se num dos tópicos do momento no TikTok. Os ingredientes estavam todos reunidos para uma receita de sucesso. Poderá o trono que pertencia à Panini ser derrubado?

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Muitos cromos, seleções não qualificadas e falta de licenciamento

A coleção de cromos deste ano apresenta várias novidades. A primeira prende-se com o número total de cromos, que aumentou para perto dos 800, e preenchem as quase 90 páginas do álbum. Outra das particularidades desta edição prende-se com o facto de todos os jogadores terem sido escolhidos por Mourinho. Contudo, nalguns casos, a escolha foi limitada devido à falta de licenciamento de algumas seleções, como é o caso de França… e de Mbappé.

A seleção de França não está licenciada na caderneta da Topps

“O facto de não terem os direitos de grandes seleções (Alemanha, França, Itália e Inglaterra), só têm a fotografia da cara e de jogadores pouco conhecidos, é um grande contra. Acresce que na Alemanha, para encherem [a caderneta], meteram 3 legends que já nem jogam. A seleção francesa nem sequer tem o melhor jogador do Europeu, o Mbappé”, começa por contar ao Observador Frederico Metelo, colecionador habitual que assume que só comprou a caderneta deste ano por conta do filho, que tem cinco anos. “Muito provavelmente não a faria”, assume, embora exiba com orgulho a sua caderneta de capa dura, uma “das poucas em Portugal”.

[Já saiu o quinto episódio de “Matar o Papa”, o novo podcast Plus do Observador que recua a 1982 para contar a história da tentativa de assassinato de João Paulo II em Fátima por um padre conservador espanhol. Ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo episódio, aqui o terceiro episódio e aqui o quarto episódio]

Esse é outro dos pontos negativos que os colecionadores procuram contornar: a Topps não tem sede no nosso país, mantendo a sucursal em Espanha. Deste modo, os clientes portugueses têm algumas dificuldades em contactar com a empresa e o português não é uma das línguas oficiais. Frederico fala-nos ainda do formato dos cromos. “São feios, têm demasiado ‘ruído’ redundante. Ao serem na horizontal também não ajuda”.

Esta postura é também partilhada por António Almeida, que faz “coleções há mais de 50 anos” e garante que nunca viu “uma caderneta confusa, com cromos de pouca qualidade”. Ainda assim, assegura que, apesar de todas as dificuldades, “é fácil a troca de cromos e encontro com outros colecionadores”.

A caderneta de cromos tem quase 90 páginas

Na mesma onda, João Andrade, de 20 anos, garante que a principal novidade é a presença dos chamados “cromos paralelos”, que são cromos extras, divididos por níveis de raridade, vendidos já depois de a coleção ser lançada. “A troca de cromos tem sido mais fácil em relação ao último Europeu, porque foi na altura da pandemia”, embora sublinhe que, à semelhança de si, “muitas pessoas não gostaram da coleção [da Topps]”. “Espero que melhorem pois a qualidade desta coleção deixa muito a desejar”, conclui.

Quanto aos cromos especiais, Frederico Metelo realça que “a raridade destes cromos faz com que a especulação aumente”. “Quando tenho um cromo repetido, as propostas de troca são obscenas. Para mim é trocar um cromo por um cromo”, partilha antes de apresentar a sua solução: “Acabar com cromos especiais e brilhantes, que só aumentam a especulação. Há quem peça cinco euros por um destes cromos”.

Colecionador há mais de 30 anos, Artur Paiva, que atualmente se encontra reformado, continua com o “bichinho” dos cromos. À semelhança de Frederico, já vivenciou vários exemplos de especulação de cromos, embora os valores sejam substancialmente mais altos. “Para dar um exemplo, na coleção da Topps, os vendedores pedem por um cromo do Ansu Fati 49 euros e 150 euros por um do Ronaldo”. Estes valores, aliados à mudança de empresa, “tornam o colecionismo mais difícil”, lamenta.

A escolha dos jogadores foi feita por José Mourinho, embora este processo esteja a ser muito criticado

“De ano para ano torna-se mais difícil a troca de cromos em feiras, especialmente no Porto, já que somos ameaçados pela polícia, em virtude dos vendedores de bancas fazerem queixa. A última esperança são os vários grupos na internet. Espero que façam cromos mais atrativos, mais baratos e que não seja difícil terminar uma coleção”, partilha ao Observador.

Internet, a “máquina” que facilitou a troca de cromos

É na internet que, atualmente, encontramos a forma mais usual para trocarmos cromos. Esse dado foi inclusive experienciado pelo Observador que, numa rápida pesquisa por grupos no Facebook, encontrou cromos para todos os gostos e vários colecionadores, que vão desde os mais novos aos mais graúdos. Porém, também o YouTube serve para unir aqueles que procuram desfazer-se dos repetidos e encontrar o cromo desejado para completar a coleção.

Gil Ferreira, de 36 anos, é um desses casos. Começou a fazer coleções de cromos com apenas cinco anos e depressa descobriu uma paixão que o levou a tornar-se criador de conteúdos naquela plataforma. Foi em 2016 que decidiu criar o seu canal, intitulado de “Canal Cromo”, e rapidamente juntou uma comunidade em torno de um objetivo e de uma paixão: as coleções de cromos. Atualmente conta com quase 40 mil subscritores e mais de 1.100 vídeos publicados.

Ao Observador, Gil explica que a Topps é uma empresa com o “foco no mercado de cartas” – a chamada coleção ‘Match Attax’ –, pelo que o “mercado dos cromos é remetido para segundo plano”. “A ausência dos direitos de seleções de topo e de alguns jogadores importantes no panorama europeu enfraquece a coleção”, lamenta, acrescentando que a coleção deste ano “é infantil em termos de cores e design”. Contudo, como bom colecionador, ressalva que a presença de “cromos dos estádios e lendas” é um ponto positivo e, ao contrário de outras opiniões, “a inclusão de seleções que não se qualificaram, não é um ponto negativo”.

Ao invés dos restantes colecionadores, também no YouTube Gil sente que esta “não é a coleção mais popular dos Europeus”, embora garanta que a coleção deste ano “está a ser amplamente colecionada”. Para o futuro, o desejo é simples: “Adquirir os direitos das seleções [não licenciadas] e melhor tendo em conta o que foi feito no passado em coleções de cromos”.

O passatempo de família chamado cromos

Podem as coleções de cromos tornar-se num passatempo de família? Sim, podem. A resposta é simples e vai ao encontro do que Andrea Mourinho, João Leitão e Luís Neves, três colecionadores de longa data, contaram ao Observador.

No primeiro caso, o desejo de mãe acabou por falar mais alto, levando Andrea a querer completar a coleção para dar uma alegria ao filho. “Esta edição é muito complexa e confusa, principalmente devido à quantidade de cromos paralelos”, começa por dizer, acrescentando que consegue fazer trocas com “contactos anteriores”, embora tenha perdido o alcance quando tentou fazê-lo através das redes sociais. “Já coloquei uma publicação no Facebook, mas não teve o impacto das anteriores. Espero que sejam mais fáceis de entender, até porque o público alvo não são só adultos, e com esta coleção a maior parte das crianças perdeu o interesse”, lamenta.

Ao todo, a caderneta da Topps tem cerca de 800 cromos

João Leitão, por sua vez, assume que está a realizar a coleção como “um ‘trabalho’ em família”, juntamente com a filha de oito anos e a esposa. Esse fator faz com que esta seja “a primeira vez” que vai completar uma caderneta de cromos. “Esta coleção tem muitas inovações, como as cores dos cromos especiais, que nos dizem a raridade dos mesmos. Tem sido muito fácil trocar cromos com outras pessoas. Se não fosse assim, seria muito difícil acabar a coleção. Espero que haja cada vez mais inovação nos cromos, mas mantendo a tradição”, partilha.

Já Luís Neves admite que ser pais de dois filhos e fazer uma coleção de cromos “é uma consequência normal”. Porém, realça que a caderneta de cromos da Topps tem uma “qualidade medíocre”, ao contrário da vertente de cartas, da qual diz ter uma “boa opinião”. Ainda assim, frisa que a sua opinião não se prende só com esta edição, já que, “a cada ano que passa, a qualidade decresce e o custo aumenta”. “São demasiados atropelos para quem gasta quase 150 euros nisto”, finaliza.

Topps mostra-se “orgulhosa” e garante que está “comprometida com os adeptos”

O Observador tentou contactar a Topps para obter um esclarecimento devido à falta de licenciamento de algumas equipas, mas não conseguiu obter qualquer resposta até à data de publicação deste especial. No entanto, em declarações ao Newsbeat da BBC, um porta-voz da empresa afirmou estar “orgulhoso” com esta estreia em Campeonatos da Europa, embora tenha admitido estar desapontado com a não presença de “um pequeno número de jogadores”.

“Isso deve-se ao facto de o ex-parceiro de cromos do torneio [a Panini] ter bloqueado certas partes da coleção em detrimento dos adeptos. Ao contrário do antigo parceiro, estamos comprometidos com os adeptos e acreditamos que a oferta de cromos e cartas – e a variedade de jogadores no ativo e retirados – deixará todos entusiasmados para o torneio”, explicou o representante da Topps.

Em sentido inverso, a Panini apresentou o seu álbum “edição de torneio” dedicado à seleção de Inglaterra e, à mesma fonte, reiterou estar “extremamente orgulhoso” de ter os direitos daquela equipa. “A Panini é sinónimo de futebol há mais de 60 anos e continuamos comprometidos em produzir o melhor produto possível para os nossos colecionadores. Esperamos que os nossos colecionadores gostem de encontrar jogadores de Inglaterra ao lado de França, Alemanha, Itália e Espanha, todos 100% oficiais, nesta coleção compacta e completa”, explicou.

Enquanto a batalha pelos cromos promete continuar a fazer correr muita tinta nos próximos meses – e anos -, a bola vai começar a rolar na Alemanha. Ao longo do próximo mês, 24 seleções lutarão incessantemente para chegar ao trono do futebol europeu. Nas bancadas, milhares de colecionadores procurarão a todo o custo completar uma coleção que ficará imortalizada nas suas vidas. Afinal, no mundo dos cromos os nomes pouco interessam e qualquer número conta.

 
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