Basílio Horta já sabe que está de saída da Câmara Municipal de Sintra, só não sabe quem vai concorrer pelo PS no seu lugar. Ultimamente não tem falado com o líder socialista sobre o assunto e não faz disso uma obrigação, mas considera natural ser ouvido, assumindo que “seria hipócrita” dizer que não tem nada a ver com o caso. Nesta entrevista ao Observador desfia a sua obra, sobretudo ao nível das finanças do município, para manter a pressão alta sobre quem for o futuro candidato do PS. “Não há nenhum motivo para o PS perder Sintra, nenhum. A não ser que se cometam erros que são verdadeiramente extraordinários.”
Fala ainda sobre a inexistência de um candidato do partido, lembrando que há 12 anos já ele estava na estrada há largos meses como candidato do PS. Diz que “não ter um candidato não é um desastre”, mas também avisa que “o tempo urge”. Evita entrar em preferências, mas é ele que diz que “se o candidato for da Câmara, o tempo não é preocupação. Se for de fora, o tempo conta” e, nesse caso, considera que tem de ficar definido já este mês. Sabe que António Mendonça Mendes está interessado, até porque, revela, já conversaram sobre o assunto.
Também fala sobre as próximas eleições presidenciais, sem hostilizar Henrique Gouveia e Melo (“um militar não tem direitos limitados”), e exclui-se completamente dessa equação: “Deus me livre!” A política fica por aqui, garante nesta entrevista ao telefone e a partir da Câmara de Sintra.
“Derrota? Não se pode nunca desprezar o risco”
Está na Câmara de Sintra desde 2013, sempre eleito em listas do Partido Socialista. É um dos autarcas que agora está em fim de mandato. A maioria dos autarcas que está nesta situação é precisamente do PS. Isto pode ser um risco para a manutenção dos municípios significativos, como é o caso de Sintra?
Risco existe sempre. E não se pode nunca desprezar o risco. Agora, creio que se todos os casos forem iguais a Sintra, o PS pode ter uma forte expectativa de manter as vitórias que teve nas últimas eleições, porque realmente nós aqui em Sintra estamos muito confiantes em que o PS terá uma vitória folgada, eventualmente até com maioria absoluta.
E diz isso já à partida, mesmo sem saber quem é o candidato?
Sim, sim, sim. Temos a clara consciência do que foi feito e respeitamos o eleitorado. O eleitorado sabe e sente o que foi feito. Sabe e sente que em Sintra, no ano passado, tivemos o maior investimento de sempre no concelho. Tivemos 71 milhões feitos no terreno e mais 5 milhões de transferências. Foram 76 milhões, dos quais uma grande parte na saúde, outra parte na educação e outra parte agora na estratégia de habitação. E este ano, 2025, vai ser ainda mais. O investimento vai ser maior ainda. E mais: é um concelho que não tem dívida. Pagámos a dívida toda.
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Tudo indica que deixará a Câmara com uma situação financeira confortável, foi o município com o melhor comportamento, segundo o Anuário Financeiro dos municípios portugueses. Deixa também um hospital. Confia que isso será suficiente?
Um hospital feito. Feito e pago, quase pago. O hospital foram 64 milhões e estão pagos 61 milhões.
Confia que isso será suficiente para manter os eleitores do lado socialista?
Se isto não é suficiente… Fazer um hospital, cinco centros de saúde, recuperar as escolas todas, fazer uma escola nova que é a Ferreira Dias, que é um investimento de 27 milhões, ir fazer a segunda escola em Serra das Minas, que é um investimento de mais de 25 milhões, investir na estratégia local de habitação, criar 3 mil novas casas. Já está investido e pago 34 milhões de euros. Até 2026 o investimento global será mais de 70 milhões de euros. Portanto, durante este ano, sem dívida, com perto de 300 milhões no banco.
O está a dizer é que é indiferente quem liderar a candidatura.
Não estou a dizer que é indiferente. O que disse é que a expectativa que existe é realmente ter uma vitória, porque há motivos que justificam essa expectativa. Não é uma expectativa feita no ar, mas é uma expectativa baseada no resultado do trabalho que foi feito. E, além disso, ainda se desceu os impostos. Como sabe, descemos nove pontos do IMI, o que significou cerca de 60 milhões de euros que se deixou de receber. E agora ainda vamos ter cinco meses, porque há coisas que têm que ser melhoradas. Eu acho que tudo o que tem a ver com a higiene urbana tem de ser melhorado e nós vamos melhorar.
“Agora é a altura de apresentar candidato. O tempo urge”
Tendo em conta o cenário que está a traçar, era desastroso se o PS não conseguisse agarrar Sintra?
Era uma grande injustiça, não é? Para o PS é muito importante. E eu, que não sou socialista, sou democrata-cristão, acho que para o PS era muito mau perder Sintra. Se o PS não ganhar Lisboa e Porto, já eram câmaras que não tinha, agora, se por absurdo perdesse Sintra, isso era um problema muito sério, não tenho dúvidas nisso. Por um lado, pela injustiça enorme que isso significava, era preciso cometer muitos erros para que isso acontecesse. E em segundo lugar, porque em termos políticos isso era muito complicado. É a maior câmara que o PS tem neste momento, é a segunda maior câmara do país em termos de população.
Quando se candidatou pela primeira vez em Sintra, nas eleições de 2013, o PS tentava tirar o município ao PSD e a sua candidatura ficou definida um ano antes das eleições, oficializou candidatura logo no início de novembro de 2012. Agora estamos a nove meses das autárquicas e ainda não se sabe qual é o candidato do PS. É motivo da preocupação?
Bom, não digo que seja motivo da preocupação. Tudo depende. Se o candidato sair de dentro da Câmara de Sintra, não é preocupação nenhuma. Toda a gente o conhece, com certeza, não é? Agora, se for uma pessoa que venha de fora, é evidente que o tempo conta. Ainda não é um desastre, mas obviamente que deve ter-se em conta que o tempo urge. As eleições podem ser em setembro, 60 dias antes não se pode praticamente fazer nenhum tipo de campanha, depois têm as férias, portanto, em termos políticos úteis, deve ter três, quatro meses. Não tem mais que isso.
Já é tarde para avançar com uma candidatura de alguém fora do município?
Não, tarde não digo que seja. Agora, não é cedo. Eu acho que agora é a altura. Percebo também que o PSD não tem candidato. Tem Marco Almeida, que anuncia que se candidata, mas ainda não se candidatou. Ainda não diz que tem o apoio do partido — ou diz que tem, mas ainda não o tem. Portanto, também não se sabe ainda quem é verdadeiramente o candidato do PSD, se é Marco Almeida, se é o outro.
Nesta altura o PS tem mais a perder? Se ficar sem a Câmara de Sintra é uma perda grande.
Para o PS, perder qualquer câmara é uma perda. Sintra tem um especial significado. Agora, não há nenhum motivo para o PS perder Sintra, nenhum. A não ser que se cometam erros que são verdadeiramente extraordinários, neste momento não é previsível que estes erros sejam cometidos. Seria histórico que uma Câmara que é número um em justiça financeira, que em transparência é o número um dos grandes conselhos, que faz investimentos enormes, que tem o segundo maior orçamento do país, que depois perdesse as eleições. Bom, quer dizer, alguma coisa muito errada existia.
O secretário-geral do PS tem estado em contacto consigo neste processo?
Ultimamente não tenho estado. Mas contactou comigo na altura própria. Mas neste momento não tem estado em contacto comigo. Também não é exigível que esteja.
Não sendo exigível, acha que era importante? Gostava de ser envolvido no processo da sua sucessão?
Não gostava nem deixo de gostar. É evidente que seria hipócrita dizer-lhe que não tenho nada a ver com isto, que me vou embora depois de ter dedicado intensamente 12 anos a minha vida à Sintra. Isto é o resultado de um trabalho meu, o resultado de um trabalho de um conjunto largo de pessoas e dos serviços da Câmara. Vocês vejam o que isto é:conseguir muito com o serviço do Estado, numa Câmara Municipal, fazer no espaço público 71 milhões de euros de investimentos. No espaço público, são obras, são estradas, é uma coisa em que os serviços têm que ter tido uma grande dimensão técnica e de competência. Não é obra de uma pessoa, mas de uma equipa. Não posso dizer que estou completamente desapegado. Obviamente que se o secretário-geral do PS me quiser ouvir, é com muito gosto que estarei ao lado dele.
“Mendonça Mendes já teve a gentileza de falar comigo”
Fala-se de vários nomes nesta altura, como é o caso de António Mendonça Mendes, parece-lhe o perfil mais indicado, estaria na campanha ao lado dele?
Se o Mendonça Mendes fosse candidato, é evidente que estaria ao lado dele. Não tenho dúvidas nenhumas sobre isso.
Já conversaram sobre este assunto? Já conversou com ele?
Mendonça Mendes já teve a gentileza de vir aqui falar comigo e manifestou o seu interesse em concorrer à Câmara de Sintra e percebo perfeitamente. Ele passou pela Finanças, trabalhou com Mário Centeno, percebe perfeitamente o que significa o trabalho que fizemos aqui. Percebe porque sabe como é que as coisas correram e, portanto, é óbvio que deve ter muito interesse em, pelo menos, continuar. Porque o dinheiro que nós temos no banco, os tais 299 milhões, estão todos alocados a investimentos. E não chega, porque há investimentos previstos até 2028. Se quem vier para aqui quiser fazê-los. E não é só Mendonça Mendes, se houver outro candidato…
Há bocado tinha falado de alguém de dentro do município. Por exemplo, Bruno Parreira é o nome que preferia ver avançar.
Claro que sim, é meu vice-presidente.
Mas era melhor alguém de dentro? Ou faz sentido um nome de fora, como Mendonça Mendes?
Isso não gostaria de responder, porque já é ir longe demais para quem está a sair. O que é importante é que haja um candidato que reflita os valores que tentámos dar, que é o valor da independência, o valor da igualdade, da independência e da transparência e da participação. Isso é que acho que é importante, que esses valores sejam respeitados. Estou convencido de que qualquer candidato indicado pelo PS respeitará esses valores. Agora, esse juízo pertence aos órgãos do PS, aos quais não pertenço.
Mas faz sentido que a esta distância o PS ainda esteja a testar nomes num município de peso como é o de Sintra? Qual é o motivo da hesitação? É difícil arranjar alguém com bom resultado eleitoral?
Primeiro deve haver muitos candidatos, é normal que não haja só um candidato ou dois, é normal que haja mais. Depois é normal que o PS teste os candidatos que se perfilam. E depois, é normal que haja uma escolha, que obriga a uma seleção, a um trabalho político fino. Portanto, isso é tudo normal. Agora, há tempos, não é? E que o mês de janeiro é um tempo ótimo para decidir quem é o candidato que me irá substituir.
“António José Seguro é um homem de bem, é um homem sério”
Já foi candidato presidencial no passado, contra Mário Soares, porque é que não se fala no seu nome agora para as próximas presidenciais?
Deus me livre, Deus me livre! Primeiro, não estou disponível de maneira nenhuma. Isso era uma coisa impossível. Essa experiência de candidato presidencial foi noutro tempo. Foi quando o CDS, que tinha 4%, estava a renascer com o Diogo Freitas do Amaral, e foi preciso arranjar um candidato. Não quiseram apoiar o doutor Mário Soares, e o candidato natural era o Diogo Freitas do Amaral que não quis, e compreende-se. Quem teve 49%, não se queria arriscar a ter 18% ou 20%. O segundo era o dr. Lucas Pires. Fiz tudo para Lucas Pires se candidatar. Tudo. Falei com Cavaco Silva, porque ele punha como condição que o PSD o apoiasse. Não consegui, o PSD não quis apoiar ninguém, acabou por apoiar Soares. Portanto, eu era vice-presidente, tive de ser eu, mas sabia que não ia ganhar. Mesmo assim, tive 14,7%, quase 700 mil votos.
Esteve na fundação do CDS, já foi candidato a legislativas e a autárquicas pelo PS. Nas presidenciais, entre os nomes que se vão alinhando, já tem um preferido e é desta mesma área política, do PS?
Ainda não. Acho um pouco estranho — se calhar estou errado — a um ano de eleições presidenciais haver um debate destes, com tanto nome a aparecer, com tanta política metida nisto. Ventura agora aparece como candidato para não perder os votos, para poder endossá-los, depois, a quem quiser, a gente já percebeu isso tudo. Depois o Almirante também vem candidatar-se.
Mas vê-se a apoiar algum dos nomes de que se fala no Partido Socialista, por exemplo, António José Seguro, Mário Centeno, António Vitorino?
António José Seguro é um homem que foi líder do PS, é um homem de bem, é um homem sério. É um homem que tem uma mensagem perfeitamente correta. Não estou a dizer que o apoio, porque ainda é cedo, porque não estão os nomes todos.
Também há, noutro lado político, Luís Marques Mendes do outro lado, não sei se se revê mais nessa candidatura, por exemplo?
Luís Marques Mendes também é uma pessoa perfeitamente capaz. O Almirante [Gouveia e Melo] também, claro. Agora, é muito cedo para uma pessoa dizer quem apoia, porque ainda estamos longe das eleições.
Mas a verdade é que já se vão dando alguns passos, por exemplo, no caso do Almirante Gouveia e Melo, já se afastou das suas funções nas Forças Armadas.
Até a própria maçonaria também já deu passos nesse sentido, não é?
O país precisa de um militar num cargo como o de Presidente da República, nesta altura?
Um militar não tem direitos limitados. O militar, quando deixa de ser militar, não é militar, é civil. O General Eanes, quando se candidatou, foi como militar e apareceu fardado como militar, era o General. Estive na comissão política dele, na primeira campanha dele. Era um General, tipicamente. Era um chefe de Estado-Maior erigido em Presidente. O senhor Almirante já disse que não queria mais continuar na tropa. Queria sair e saiu. Agora dizer que é militar e que é voltar ao tempo dos militares, eu acho que isso não faz sentido nenhum. O que me faz espécie, mas isso temos tempo, é saber o que é que o senhor Almirante pensa do país, da política, do futuro, do sistema democrático. Isso é que eu acho que estamos à espera, não é ele ser militar ou não militar. Quer dizer, qualquer pessoa que se candidata tem um projeto, tem de dizer ao que vem, pede os votos para fazer o quê. Isso é que ainda não vi. Agora não quis continuar como militar, foi convidado e não quis, desistiu. Ele não vai aparecer fardado, com certeza, a fazer campanha. Ele faz campanha como um civil, não como um militar.
“O CDS está completamente dependente do PSD”
O líder do partido que ajudou a fundar, o CDS, teve um encontro privado com o Almirante que não esclareceu, nem sequer se houve qualquer conversa sobre o assunto presidenciais. Compreendia ver o CDS de hoje ao lado de Gouveia Melo?
Compreendo. Quer dizer, tudo depende do projeto do senhor Almirante, daquilo que se propõe fazer. Não sei qual foi o tom da conversa, sei que foi uma conversa num bar o que acho um bocado insólito, o Ministro da Defesa e o Chefe de Estado-Maior da Marinha, na altura, encontrarem-se num bar para conversar. Ou conversaram sobre coisas pessoais, ou sobre coisas políticas ou mais institucionais. Isso é insólito, não é? Isso não é assim que se faz. Pelo menos não estava habituado a que fosse assim.
Tem sido crítico de algumas das linhas seguidas pelo CDS nos últimos anos…
[Interrompe] Mas quais linhas? O CDS está completamente dependente do PSD. Completamente. Aqui em Sintra, eu queria oferecer pelouros ao Maurício [Rodrigues], que é um excelente vereador do CDS, ele aceitou os pelouros e depois teve que voltar atrás, porque o CDS não deixou, porque isso podia ofender o PSD e tal. Chega a esse ponto.
O CDS está refém do PSD?
Nem é refém, está integrado.
Perdeu essa importância de partido fundador da democracia.
Com certeza. Não é a mesma coisa, evidentemente que não. Completamente. Perdeu e é difícil já de recuperar. Quando tem o Chega à direita, quando tem a Iniciativa Liberal, que comeu uma grande parte do eleitorado. Repare que em Sintra, que é o segundo concelho do país, desde 1993 que o CDS não apresenta uma lista autónoma, quando tinha aqui gente. Chegou a ter o presidente da Câmara, o João Justino, que já morreu e era do CDS. Era numa lista do CDS com o PSD, mas era do CDS.
Ainda assim, é um partido que continua a estar no Governo. O líder do partido, Nuno Melo, não tem conseguido fazer essa afirmação de espaço? Foi por causa de lideranças como a de Nuno Melo que o CDS perdeu este espaço?
Isso é injusto dizer, que a culpa é do Nuno Melo, isso era completamente injusto. Há um percurso todo ao longo do tempo que leva a este resultado. E o percurso mais complicado que o CDS teve foi ter perdido o norte. Quando foi fundado, era um partido centrista no método, democrata-cristão na doutrina. Fez governo com o Partido Socialista em 1978, eu fui membro desse Governo com honra, foi um grande governo. Depois fez a AD, também num projeto reformista. Depois, em 82, teve um papel essencial na civilização do regime através do Diogo Freitas [do Amaral] e do Francisco Balsemão. O CDS, a certa altura, deixou de ser centrista, passou a ser contra a Europa, contra o euro. As grandes bandeiras que o CDS tinha, começou a deixá-las cair e a contrariá-las. Depois foi social-cristão, com o doutor Adriano Moreira, quando o professor Cavaco ocupava a direita e a esquerda do CDS. Bom, tivemos quatro deputados, não obstante a figura respeitada de Adriano Moreira. Eu fui um dos quatro deputados. Depois fui candidato presidencial, e tive 14%, era normal que o CDS pegasse os 14%, se montasse neles e fosse para a frente, porque era isso que se pretendia. Não, começaram a dizer que os votos estavam infetados e que eram votos de direita e que não sei o quê.
Entretanto o CDS conseguiu voltar novamente a ser um partido com maior relevância parlamentar, por exemplo. Porque não conseguiu agarrar essa onda e afirmar-se nesse espaço?
Não conseguiu porque olhava mais para dentro do que para fora, olhava mais para dentro do que para fora. O CDS conseguiu ser centrista, democrata-cristão, cristão-social, liberal com o Lucas Pires, cristão-social com o Adriano Moreira, direita marcada com o Manuel Monteiro, direita reconvertida com o Paulo Portas.
E agora?
E agora nada. Agora é o parceiro do PSD. Entenderam não extinguir o partido, não extinguindo o partido, a única forma é esta. A única forma realmente é esta. O partido não está extinto, está no Governo, está no Parlamento, tem dois deputados no Parlamento. Agora, já alguma vez votou independente? Alguma vez disse alguma coisa própria do CDS, específica do CDS, que fosse atribuível? A não ser que precise de autorização do PSD para fazer isso. Portanto, é realmente uma situação peculiar. Os Verdes, por exemplo, em relação ao PCP, sempre foram assim. Agora o CDS não. Era um grande partido. Era um partido fundador da democracia. Portanto, é o que há, é o que existe. Agora, o Nuno Melo, coitado, cumpre o seu papel. Não sei se pode cumprir outros.
“Queria ter dois meses de férias. Quero fazer um cruzeiro”
Encerra aqui um ciclo de 12 anos à frente de uma Câmara. O que é que se segue?
Foi uma experiência fantástica. Na minha vida política tive dois grandes momentos, o primeiro foi a fundação do CDS, o momento mais importante da minha vida política foi estar com o Diogo [Freitas do Amaral] e com o Adelino [Amaro da Costa] a ajudar a fundar o CDS. O segundo é este aqui, aqui na Câmara. Portanto, eu fui membro do Governo, fui deputado, mas na Câmara conseguimos ver o hospital feito. Já viu o que é o pessoal olhar e ver o hospital feito, que era um sonho de dezenas de anos? O hospital está feito. 64 milhões dos contribuintes meteram ali aquele dinheiro. E hoje, mais do que nunca, quando o Amadora- Sintra tem urgências de 14 horas, é decisivo o nosso hospital. O funcionamento do nosso hospital passou a ser decisivo. E fomos nós que o fizemos. Os cinco centros de saúde, as escolas todas recuperadas. Agora, ainda hoje, assinei e assinei a adjudicação de um prédio com 15 frações que vai ser feito com 2 milhões de euros em casal de câmara.
A minha questão é sobre o que se segue. Ou vai meter os papéis para a reforma política?
A reforma política, essa com certeza que sim. Agora, depois de tudo isto, há uma reforma política, claro que sim, mas não uma reforma pessoal, isso não. Já estou a pensar em fazer as obras no meu escritório, aonde não voltei desde 2002. Tenho intenção de voltar para lá logo no primeiro de janeiro de 2026, porque depois das eleições queria ter dois meses de férias. Quero fazer um cruzeiro. Quero fazer qualquer coisa que não fiz durante este período e não tive férias durante 12 anos. Tive férias, mas não eram bem férias.