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Bernardo Blanco está a ser um dos destaques da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da TAP
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Bernardo Blanco está a ser um dos destaques da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da TAP

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Bernardo Blanco está a ser um dos destaques da Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da TAP

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Bernardo Blanco, um "fenómeno Mortágua" que deixa a IL a suspirar por um "líder de futuro"

Atingiu notoriedade na comissão de inquérito à TAP e alimentou um sonho que a IL não esconde: Bernardo Blanco a presidente. Todos lhe reconhecem qualidades, mas há quem avise: atenção aos pedestais.

Nos corredores mais ou menos discretos da Iniciativa Liberal existe um presságio alimentado há muito: Bernardo Blanco tem tudo para chegar a presidente do partido. O próprio não o nega, vai deixando as portas abertas e até grandes figuras da IL assumem que, mais tarde ou mais cedo, será essa a realidade. Aliás, na última convenção do partido, quando ainda não era claro para que lado cairia o resultado, havia quem, entre apoiantes de Carla Castro, sugerisse que a máquina que estava a apoiar Rui Rocha já estava a deitar a toalha ao chão e a lançar as bases para Blanco. Os liberais deram a vitória ao homem de Braga e a conversa conspirativa perdeu sentido. Mas não as esperanças no futuro do novo deputado-estrela do partido.

Que muitos olham para Blanco como o futuro do partido não é uma ideia secreta, nem sequer não verbalizada publicamente. Em dezembro de 2021, no arranque da VI Convenção da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo traçou-lhe o destino: “Bernardo, sei que um dia serás primeiro-ministro, espero que seja deste país.” A questão que se impõe, no interior do partido, é saber qual é o timing de Blanco. Na tal convenção que ficou marcada pela luta renhida entre Rui Rocha e Carla Castro, foram ouvidos mais aplausos para o próprio Bernardo Blanco do que para aquele que viria a ser o presidente do partido — entre os liberais há quem diga que é um líder para o momento presente e que a IL já sonha com o deputado que agora tem dado nas vistas.

É a “nova Mariana Mortágua”, o “futuro líder da IL”, uma “estrela em ascensão”. Os elogios a Blanco multiplicam-se entre os liberais ouvidos pelo Observador. Os mais céticos contrapõem e vão dizendo que “há muitos ‘Bernardos Blanco’ na IL”, lembrando que o deputado tem pouca experiência profissional para se tornar ou ambicionar ser presidente do partido. Para já, é um dos deputados mais novos da Assembleia da República, chegou a vice-presidente da IL pelas mãos de Rui Rocha — já estava na direção desde os tempos de Carlos Guimarães Pinto — e tornou-se numa das figuras de destaque da IL.

"O Bernardo Blanco é uma pessoa de futuro", diz ao Observador Carlos Guimarães Pinto. "É o João Cotrim Figueiredo com menos 30 anos. Tem características para ser também um bom presidente", antecipa. "Representa o futuro e toda a esperança que o futuro acarreta", acrescenta o próprio Cotrim Figueiredo, até há pouco tempo líder do partido. "O exemplo da IL, alguém de uma enorme capacidade política", completa o sucessor e atual presidente dos liberais, Rui Rocha.

Um fenómeno Mortágua na IL

O contexto político que obrigou a eleições em 2022 acelerou o processo: demorou apenas dois anos para que o liberal saltasse de assessor do gabinete parlamentar para o hemiciclo. Nas legislativas de 2022, foi o último deputado eleito pela Iniciativa Liberal, o quarto por Lisboa — um lugar de difícil eleição até para os mais otimistas, que selou um grupo de oito liberais na Assembleia da República. Passou pouco mais de um ano e Bernardo Blanco tem estado debaixo dos holofotes à boleia da comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP.

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A forma como atingiu o estatuto de deputado-estrela nas primeiras audições a Christine Ourmières-Widener, quando estava nas funções de CEO da TAP, e de Alexandra Reis, a administradora que foi afastada da companhia aérea, têm-lhe valido comparações com a deputada que mais deu nas vistas nas últimas comissões de inquérito. “É a nova Mariana Mortágua”, “a Mariana Mortágua da IL” ou “está a ser um fenómeno Mariana Mortágua”, vão dizendo ao Observador dirigentes do partido, orgulhosos do destaque mediático dado a Blanco.

Tanto a Iniciativa Liberal como o próprio deputado tinham noção de que este podia ser um momento de viragem e logo num tema que lhes é muito caro, a TAP. Carlos Guimarães Pinto, ex-presidente do partido e deputado suplente na comissão, outra figura de grande destaque mediático do partido, recorda ao Observador as palavras que disse ao deputado antes do arranque: “Antes de começar a CPI disse-lhe: ‘Tens a oportunidade de ter o teu momento Mariana Mortágua’.”

O mediatismo e o reconhecimento interno e externo vieram, de facto — foi Blanco quem revelou, por exemplo, a existência de uma “reunião secreta” entre a, na altura, CEO da TAP, elementos do Governo e membros do grupo parlamentar do PS na véspera de uma audição parlamentar. E esse “momento Mortágua” presta-se a episódios curiosos: ainda esta semana, num debate televisivo com Mariana Mortágua, a bloquista aconselhou o liberal a não estar tão “excitado” com os primeiros tempos de comissão parlamentar de inquérito; Blanco respondeu sugerindo que não aceitava lições de “vedetas antigas“.

Recordado como "aluno excecional", aprendeu a tocar flauta e pertenceu ao coro na Academia de Música de Santa Cecília. Formou-se em Gestão, destacou-se na blogosfera, começou como assessor, preparou discursos para Cotrim, foi autor de alguns dos soundbites mais reconhecidos do partido e tornou-se uma espécie de caçador de talentos. A persistência chega a valer-lhe a alcunha de "melga".

Os elogios dos líderes

Quem trabalha com Blanco descreve-o como alguém com um “low profile analítico” que é “interventivo”, mas que “nunca vai a jogo primeiro”. “Primeiro ouve e observa, depois fala com muito critério”, sublinha um dos liberais ouvidos pelo Observador. Rui Rocha, João Cotrim Figueiredo e Carlos Guimarães Pinto, três dos quatro líderes que o partido teve, fazem-lhe rasgados elogios. A palavra comum aos três é: “Futuro.”

“O Bernardo Blanco é uma pessoa de futuro“, diz ao Observador Carlos Guimarães Pinto. “É o João Cotrim Figueiredo com menos 30 anos. Tem características para ser também um bom presidente“, antecipa. “Representa o futuro e toda a esperança que o futuro acarreta”, acrescenta o próprio Cotrim Figueiredo, até há pouco tempo líder do partido. “O exemplo da IL, alguém de uma enorme capacidade política”, completa o sucessor e atual presidente dos liberais, Rui Rocha.

Mas o caminho até à presidência do partido (se se concretizar) será uma maratona. Bernardo Blanco, aparentemente, sabe-o. Em agosto de 2021, quando passava em revista no Twitter algumas das aprendizagens que tinha adquirido com membros do partido, o deputado da IL deixou uma ideia premonitória que terá aprendido com Rodrigo Saraiva, o líder parlamentar do partido: “O curto prazo é por vezes excitante, mas pode colocar em causa o longo prazo. [A política] é uma maratona.” E uma questão de oportunidade, já agora.

“Há muita gente que não está a ver com bons olhos esta colocação no pedestal”, aponta um dos liberais ouvidos pelo Observador. A qualidade de Blanco não é colocada em causa pelos pares, nem mesmo pelos que preferem colocar alguma água na fervura. Mas, entre dirigentes e conselheiros do partido, há quem deixe um aviso à navegação: “Quem chega muito depressa ao topo, cai muito rapidamente”.

Um cabelo rapado e um “espírito de compromisso”

6 de outubro de 2019. João Cotrim Figueiredo era eleito deputado único da Iniciativa Liberal e Bernardo Blanco acabou a noite de cabelo rapado. Tinha feito a promessa: se os liberais conquistassem um assento na Assembleia da República, ficaria sem cabelo. E assim foi. Em jeito de brincadeira, há quem compare o pacto daquela primeira noite de sucesso ao “espírito de compromisso” que tem com a IL — desde logo por um ponto amplamente referido: aceitou trabalhar no gabinete parlamentar de Cotrim Figueiredo quando o que o partido tinha para oferecer era um “ordenado muito pequeno”.

Escolhido por João Cotrim Figueiredo entre uma shortlist de possíveis assessores, o antigo presidente viu em Bernardo Blanco alguém com o perfil certo para fazer parte da curta equipa do gabinete parlamentar — que acabaria quase toda por se sentar no hemiciclo dois anos depois. Carlos Guimarães Pinto, que na altura ainda era presidente do partido, foi um dos que propôs o nome. Nessa fase, contava com Blanco na Comissão Executiva que encabeçava e já olhava para o jovem como um “criativo”, “muito entusiasmado” e, sobretudo, “estruturado ideologicamente”, uma característica que considerou fundamental para o gabinete parlamentar.

Aos olhos de Cotrim Figueiredo, Bernardo Blanco é um “talento enorme”, com “muita energia e capacidade de aprender”. Ambos já admitiram que o início dentro das paredes do Parlamento nem sequer foi fácil: “Tivemos uma semana a tentar encaixar, ele tem muito a parte ideológica, eu sou muito exigente”, recorda Cotrim, que reconhece a existência de “discussões e desacordos” que mostravam bem a “força das ideias” que transmite.

O ex-presidente liberal recorda-se de um momento específico em que foi a iniciativa de Bernardo Blanco a permitir que o partido tivesse uma proposta. “Houve um dia em que apareceu uma proposta sobre a morte medicamente assistida, a IL tinha o tema no programa, achámos que tínhamos de ir a jogo, mas tínhamos poucos dias para apresentar o projeto. O Bernardo Blanco assumiu que conseguíamos fazer, mas não era óbvio. Arriscámos e conseguiu.”

Como quadro ainda em afirmação, saiu vencedor em várias ocasiões e fez vingar as ideias dentro do partido, moldando à sua escala o discurso e as ideias que a IL acabaria por defender publicamente. Ganhou espaço político, fez-se assessor, escreveu discursos para o então deputado único do partido e, quando o segundo governo de António Costa caiu, tornou-se um inevitável na lista por Lisboa.

Os bastidores das eleições na sede de campanha da Iniciativa Liberal com João Cotrim de Figueiredo, líder do partido. Lisboa, 30 de janeiro de 2022. (JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR)

JOÃO PEDRO MORAIS/OBSERVADOR

Uma eleição improvável e uma preparação à luz de lanterna

“Foi o momento mais feliz da minha noite eleitoral”, recorda João Cotrim Figueiredo. Na noite em que passou de deputado único a ter a companhia numa bancada de oito, o antigo presidente do partido relembra o momento em que Bernardo Blanco foi eleito como o expoente máximo dessa noitada liberal. Era um dos candidatos que melhor conhecia os corredores da Assembleia da República, mas o quarto lugar nas listas por Lisboa parecia uma fasquia demasiado elevada para um partido que tinha feito as contas e que nem no cenário mais otimista considerava a eleição de Blanco.

O aparentemente impossível acabou por se tornar real. Quando Blanco tomou posse, o mais novo entre os homens eleitos, garante que os nervos estavam controlados. O pior só veio depois, no dia em que teve de intervir pela primeira vez em plenário. Nessa altura, já andava a ler livros de public speaking e foi na preparação do discurso para a sessão solene do 25 de Abril que teve o primeiro grande momento enquanto deputado.

Horas antes, o nervosismo estava a tomar conta de Bernardo Blanco. O deputado decidiu ir para o Parlamento dar os últimos toques no texto da intervenção, mas não foi suficiente. Precisava de se aproximar o máximo possível do que seria o dia seguinte. Era de noite, todas as luzes estavam apagadas, entrou no hemiciclo por uma das portas dos serviços, e, de lanterna, treinou sozinho em cima do púlpito, perante uma sala que estaria cheia da próxima vez que ali estivesse.

Quem o conhece de perto diz que se prepara para cada desafio e que estuda os assuntos até à exaustão. Da professora da Academia de Música de Santa Cecília — onde aprendeu a tocar flauta e pertenceu ao coro — ao diretor que o recrutou para a Liberty, até a um professor do mestrado, há adjetivos que são praticamente unânimes: “excelente aluno/profissional”, “muita maturidade para a idade” e “capacidade analítica”. Formado em Gestão, estagiou no OLX e trabalhou na Liberty Seguros durante dois anos. Tinha ingressado há poucos meses na Deloitte quando o desafio da política falou mais alto. Essa experiência profissional, considerada curta por muitos, é um dos pontos usados por alguns desalinhados com a linha da direção.

Carlos Guimarães Pinto, ex-presidente do partido e deputado suplente na comissão parlamentar de inquérito à TAP, outra figura com grande destaque mediático da IL, recorda ao Observador as palavras que disse ao deputado antes do arranque: “Antes de começar a CPI disse-lhe: ‘Tens a oportunidade de ter o teu momento Mariana Mortágua’".

O aluno “excecional” que vai “chegar a Presidente”

A memória de Manuela Abreu, professora de Blanco na disciplina de História na Academia de Música de Santa Cecília, não esquece o “aluno excecional” que teve 19,7 no exame (e que pediu desculpa pelas três décimas), com um “discurso organizado e com conhecimentos”, que tinha um interesse especial quando a matéria era política. “Não se percebia que iria para a política, mas notava-se que dava importância à democracia, ao voto, à importância de assumir um papel político. Nunca foi de meias tintas; quando tinha opinião emitia-a. E eu dizia-lhe que um dia ele ia ser Presidente da República”, recorda a professora.

Rodrigo Saraiva confirma que Blanco foi um dos mais difíceis processos de recrutamento que fez para o partido: “Foi das pessoas que demorou mais tempo a entrar”, recorda, enquanto justifica que mais tarde percebeu o porquê: “Pensa, pondera, questiona, tem uma saudável desconfiança das coisas”. O fundador do partido — hoje líder parlamentar — detetou o jovem nas redes sociais quando escrevia em blogs — Blanco foi conquistando um espaço na blogosfera liberal e assinou textos no Insurgente como muitas das pessoas da IL.

Era normal haver uma aproximação a este tipo de perfis e o líder da bancada parlamentar admite que foi fácil perceber que tinha “muito valor”. Para as pessoas do núcleo duro da IL, aquilo que Blanco está a fazer na comissão de inquérito à TAP é natural para quem conhece o percurso: “A sociedade e quem acompanha a política está a ter face mais visível daquilo que, quem está na IL, já reconhecia no Bernardo Blanco”.

Foi na preparação do discurso para a sessão solene do 25 de Abril que teve o primeiro grande momento enquanto deputado. Horas antes, o nervosismo estava a tomar conta de Bernardo Blanco. O deputado decidiu ir para o Parlamento dar os últimos toques no texto da intervenção, mas não foi suficiente. Precisava de se aproximar o máximo possível do que seria o dia seguinte. Era de noite, todas as luzes estavam apagadas, entrou no hemiciclo por uma das portas dos serviços, e, de lanterna, treinou sozinho em cima do púlpito, perante uma sala que estaria cheia da próxima vez que ali estivesse.

Do soundbite do viagra ao olheiro melga

“O PSD já perdeu aquele ímpeto reformista e, por isso, anda murcho. Portanto, queria ser o viagra do PSD. É importante que o PSD volte a ter necessidade para fazer Portugal crescer.” Quem o disse foi João Cotrim Figueiredo, no programa da SIC “Isto é gozar com quem trabalha”, durante a campanha eleitoral de 2022. Mas a ideia foi de Bernardo Blanco.

O mesmo no caso do papiro que Cotrim Figueiredo desenrolou durante um debate com António Costa, com uma lista interminável de promessas. “Foi uma ideia do Bernardo”, lembra Ricardo Pais Oliveira, vice-presidente da IL, que descreve o deputado como uma “figura central e determinante” na história da comunicação do partido.

É na comunicação, uma das áreas em que a IL se assumiu como disruptiva, que Blanco se afirma. Mas no currículo tem também o facto de se ter tornado uma espécie de olheiro do partido. Maria Castello Branco, que fez parte da direção de Cotrim Figueiredo e que goza também de uma enorme popularidade, embora se tenha afastado progressivamente da linha da frente do partido, recorda-se que a aproximação à IL aconteceu pelas mãos de Bernardo Blanco. Estava no bar “O Bom, o Mau e o Vilão” a conversar com amigos quando o agora deputado se meteu na conversa pelo interesse no tema em discussão: política.

Até convencer Castello Branco a entrar na Iniciativa Liberal, Blanco não mais desistiu. O mesmo aconteceu com Gonçalo Levy Cordeiro, atual assessor do grupo parlamentar e conselheiro da IL, que também foi alvo do “melga” de serviço. Na altura, Blanco assistia a um debate com várias figuras candidatas em listas das legislativas a Lisboa, e Levy, que estava como independente a representar a Aliança, deu nas vistas. Cotrim Figueiredo gostou do que viu e Blanco “não descansou” até conseguir levar o jovem para o partido liberal. “Apresentou-me oficialmente ao João e pôs-me a trabalhar”, recorda o próprio.

Existe quem não goste da forma como “está a ser preparado para ser o próximo líder” por parte  da ala que atualmente dirigente do partido. Mas, ainda assim, mesmo os opositores de Rui Rocha reconhecem que é “mais consensual” do que outras figuras que orbitam em torno da atual liderança. Um dos apoiantes de Carla Castro nas últimas internas defende que Blanco é “menos seguidista do que outras pessoas do núcleo duro”.

“Quem chega muito depressa ao topo, cai muito rapidamente”

“Há muita gente que não está a ver com bons olhos esta colocação no pedestal”, aponta um dos liberais ouvidos pelo Observador. A qualidade de Blanco não é colocada em causa pelos pares, nem mesmo pelos que preferem colocar alguma água na fervura. Mas, entre dirigentes e conselheiros do partido, há quem deixe um aviso à navegação: “Quem chega muito depressa ao topo, cai muito rapidamente”.

No partido, vai-se dizendo que existe muito mais talento para lá de Blanco. “É mais um disponível para trabalhar, é uma pessoa normal, não é nada de especial por muito que o queiram pintar de ouro. Há muitos ‘Bernardos’ espalhados pelos núcleos e órgãos da IL, pessoas com talento e capacidade de trabalho”, vai-se dizendo.  Um dos dirigentes ouvidos pelo Observador acredita que o deputado teve a “sorte e o mérito de se juntar às pessoas certas” e está agora a “celebrar esse facto”.

O mesmo dirigente, que preferiu o anonimato, reconhece a “formação sólida” e a “qualidade” de Bernardo Blanco, mas aponta-lhe a “falta de experiência profissional” como um handicap. “Pode ser um problema no futuro. Se viesse a ser líder era um problema, tem praticamente zero experiência profissional fora da política e os liberais sempre criticaram isso. É importante termos alguém a liderar que tenha experiência na sociedade civil”, acrescenta.

Existe também quem não goste da forma como “está a ser preparado para ser o próximo líder” por parte  da ala que atualmente dirigente do partido. Mas, ainda assim, mesmo os opositores de Rui Rocha reconhecem que é “mais consensual” do que outras figuras que orbitam em torno da atual liderança. Um dos apoiantes de Carla Castro nas últimas internas que trabalhou diretamente com Blanco defende que o deputado é “menos seguidista do que outras pessoas do núcleo duro”.

Vários ex-dirigentes ouvidos pelo Observador, entre eles Rafael Corte Real, que fez parte da equipa de Cotrim e apoiou Carla Castro, recordam o momento em que Bernardo Blanco defendeu que Vicente Ferreira da Silva devia ir pelo menos em número 3 das listas às legislativas pelo Porto contra a ideia defendida pelo presidente e pela direção. E acabou mesmo por ser assim. “Sempre me pareceu muito mais independente do que pessoas próximas”, diz uma das fontes ouvidas pelo Observador. Também Corte Real reconhece que Blanco “não é dos mais sectários” e que pode ter capacidade de fazer “pontes com diferentes sensibilidades” dentro da IL. Resta saber se ou quando colocará em prática esse e outros talentos.

[Já saiu: pode ouvir aqui o quinto episódio da série em podcast “O Sargento na Cela 7”. E ouça aqui o primeiro episódio, aqui o segundo episódio, aqui o terceiro episódio e aqui o quarto episódio. É a história de António Lobato, o português que mais tempo esteve preso na guerra em África.]

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