Eles pegam em lenha e em espetos, fazem fogueiras no chão e assam ali as carnes, os peixes e os legumes, ao livre, sem outros recursos para cozinhar que não sejam o fogo e o fumo. E, na verdade, falamos de alguns dos melhores chefs de cozinha nacionais, que aceitam este desafio para, no meio de muita animação, recuar até às raízes e aos primórdios da cozinha – mas sem cozinha.

Muitos estão já familiarizados com o extraordinário e extravagante conceito do Chefs On Fire, festival cuja primeira edição se realizou em Cascais e que, depois do enorme sucesso das primeiras edições, começou a expandir-se para lá da sua terra de origem em formato pop-up festival. E agora o pop-up Chefs on Fire chega a Santarém, nos dias 5, 6 e 7 de julho, para acender firepits e assar os mais deliciosos produtos de uma forma aparentemente primitiva, mas que na verdade exige muito conhecimento e técnica. E lenha e fogo.

A estreia do Chefs on Fire na capital do Ribatejo vai acontecer no Jardim das Portas do Sol. No cartaz encontramos, em destaque, os nomes de Filipe Manhita, do Fortaleza do Guincho, Alexandre Silva, do Loco, e Rodrigo Castelo, do Ó Balcão, todos eles galardoados/premiados com estrelas Michelin. Rodrigo Castelo é o anfitrião da edição pop-up de Santarém, uma vez que é a sua terra-natal. Foi ainda em Santarém que Castelo abriu o seu restaurante, a Taberna Ó Balcão. Atualmente, e já sem “taberna” no nome, o Ó Balcão coleciona várias distinções de enorme prestígio. Além, obviamente, da estrela Michelin, o chef Rodrigo Castelo conquistou uma Estrela Verde, um Garfo de Ouro e foi ainda distinguido com o Prémio Sustentabilidade. Santarém é para o chef e embaixador desta edição pop-up um lugar de memórias, pois foi ali que cresceu – e é também o sítio onde tem a sua própria horta, em Comeiras de Baixo.

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Durante três dias, entre 5 e 7 de julho, enquanto os cozinheiros brilham junto ao firepit, seis bandas e artistas terão por sua conta a animação musical do festival. Sim, porque o Chefs on Fire é mais do que apenas gastronomia a ferro e fogo, é também um pretexto para fazer a festa, um motivo para ser ponto de encontro e uma ótima razão para tardes e noites de convívio.

No dia 5, Tomara, ao almoço, e Cláudia Pascoal, ao jantar, sobem ao palco do festival. No dia 6, brilham Sal e Bateu Matou, ao almoço e ao jantar, respetivamente. Por fim, no último dia, a primeira refeição é feita ao som Ana Lua Caiano, enquanto o jantar é acompanhado por Iolanda, que recentemente representou Portugal no Festival Eurovisão da Canção.

Durante o festival, haverá um total de 12 chefs, quatro por dia, a brincar com o fogo, que é como quem diz a cozinhar no firepit. Embora os pratos de carne sejam os que mais dão nas vistas, as refeições de peixe e as versões vegetarianas também existem, e são tão apetecíveis e deliciosas quanto as primeiras.

Os bilhetes dividem-se por turnos, um ao almoço e outro ao jantar, e custam €40 cada, dando direito a quatro doses de pratos de carne, de peixe e vegetarianos, além de sobremesa. Para as crianças dos 6 aos 12 anos, o preço do bilhete é €20.

“Food, fire, music”, as três palavras, postas assim, de seguida, dão o mote para aquilo que é o Chefs on Fire: comida, fogo e música. A ideia nasceu quase acidentalmente de um desafio inesperado lançado a Gonçalo Castel-Branco, CEO & Chief Curator da LOHAD e produtor executivo do Chefs on Fire, que se viu obrigado a improvisar para cozinhar para mais de 60 pessoas numa casa alentejana com uma pequena cozinha. A solução foi recorrer ao fogo na rua, fazendo assados numa fogueira grande feita no chão. A circunstância levou-o a perguntar-se “o que é que verdadeiros chefs de renome fariam, e como é que fariam?”, e assim nasceu o conceito para o festival.

Depois de uma primeira edição em Cascais, em 2018, e de uma ainda mais bem-sucedida, no mesmo sítio, no ano seguinte, o Chefs on Fire foi obrigado a parar, como quase tudo em toda a parte, de resto, por causa da pandemia. No entanto, a paragem não foi suficiente para debilitar o festival nem o seu conceito. Pelo contrário. A edição de 2021 constituiu um dos primeiros eventos públicos em Portugal após o fim dos confinamentos. E a história de sucesso continuou, com a ideia do festival a expandir-se muito para além das fronteiras de Cascais, através da realização das versões pop-up, que vão levando o fogo e os chefs por todos o País.

Associadas à extraordinária ideia de cozinhar com fogo em fogueiras feitas no chão, há preocupações com a sustentabilidade do festival. Destaque-se, por exemplo, o compromisso com a replantação de árvores de modo a compensar toda a lenha usada em cada edição do festival. Além disso, há uma política de zero plástico no festival, com a loiça descartável a ser toda feita de polpa de cana-de-açúcar, os talheres de madeira e os guardanapos de papel reciclado. Há ainda a garantia de que é dada primazia à produção nacional, que é completamente rastreada, da origem até ao fogo, de forma a garantir as boas práticas de criadores e produtores. A tudo isto acresce uma política de redução de desperdício.

Depois do Chefs on Fire pop-up Santarém (5 a 7 de julho), realiza-se o Chefs on Fire pop-up Aveiro, nos dias 19, 20 e 21 de julho. O festival tem a sua edição fixa, no seu ponto de origem, em Cascais, nos dias 20, 21 e 22 de setembro.