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Há corredores de circulação no interior e exterior do pavilhão Paz e Amizade
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Há corredores de circulação no interior e exterior do pavilhão Paz e Amizade

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Há corredores de circulação no interior e exterior do pavilhão Paz e Amizade

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Congresso em emergência. O "pegue e leve", as brigadas de limpeza e os alunos que não tiveram educação física para comunistas almoçarem

Luís e Hugo vieram do Barreiro com a missão de desinfetar as mesas, mas discursos só ao longe. Nem todos os militantes são delegados, mas por vezes lá se desenrasca "uma senha de cinco minutinhos".

Quem está nos serviços do XXI Congresso do PCP vai dizendo que a exigência extra não é “nada de mais”, já que de há uns meses para cá todos fomos confrontados com a necessidade de usar máscara no dia a dia, desinfetar regularmente as mãos ou manter a distância para as outras pessoas. Mas será mesmo assim?

As diferenças físicas são notórias: as cadeiras dos delegados alinham-se no centro do pavilhão, ainda que à medida que o tempo passa se movam uns centímetros para o lado. Nada que o intervalo para almoço não resolva, com a sala a ser reorganizada. No regresso já sabem, devem ocupar o mesmo lugar. Aliás, o lugar deve ser o mesmo para cada delegado ao longo de todo o dia. Nas bancadas a tarefa é mais fácil: os jornalistas são acompanhadas por alguém da organização do PCP para os lugares marcados, um para cada órgão, e os delegados sabem onde têm que se sentar também. À entrada é medida a temperatura a todas as pessoas, mesmo que passem 50 vezes pela mesma porta, não há como escapar ao controlo da temperatura corporal nem à desinfeção das mãos.

É medida a temperatura a todas as pessoas que entram no pavilhão Paz e Amizade

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

De facto, a primeira experiência, a 7 de junho no cimo do Parque Eduardo VII, resultou e entrou para a rotina dos comunistas. Cada militante (neste fim de semana delegados) recebe a indicação do lugar que deve ocupar e uma vez chegado ao evento só precisa de o procurar. A máquina comunista continua a dar provas que, quase com 100 anos, está bem oleada e não facilita nos pequenos pormenores. Basta lembrar que, num Avante a meio gás, o comício final esteve repleto, com os militantes a ser organizados por filas e colunas. Ninguém faltou à chamada e as cadeiras preencheram-se. Este fim de semana, em estado de emergência, a lotação do pavilhão foi reduzida, mas a organização para os sentar continua.

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E além da organização de cadeiras há um tetris de dispensadores de álcool gel, pulverizadores e borrifadores para garantir. Num Congresso de três dias, com 600 delegados, foi preciso arranjar 100 dispensadores de álcool gel. Para os manter sempre operacionais o PCP comprou 100 litros de álcool gel para mãos. No que diz respeito à limpeza de superfícies há 130 litros de higienizante e para o aplicar os militantes têm à disposição 4 pulverizadores e 50 borrifadores.

Mas voltando aos trabalhos no Congresso, à porta há quem, não sendo delegado, tente espreitar ou acompanhe as intervenções apenas pelo som. Se vieram até ao pavilhão Paz e Amizade com esse intuito? Não. Estão em Loures este fim de semana para trabalhar nos vários serviços que existem. E, com alguma insistência e de sorriso no rosto — escondido pela máscara, mas denunciado pelos olhos — lá se consegue uma “senha de cinco minutinhos” junto de quem está nas portas a ‘picar’ os cartões de delegado para ouvir dentro de portas um pouco das intervenções. O momento mais concorrido nas portas do pavilhão aconteceu logo pela manhã, enquanto Jerónimo de Sousa discursava.

Quem estava responsável por gerir as entradas no Congresso não resistiu em virar-se para o pavilhão e assistir ao discurso do secretário-geral

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Mas os cinco minutos da camarada que está no Congresso para apoiar os serviços terminaram e não foi preciso lembrá-la que tem de sair. Agradece a simpatia e volta à tarefa que lhe está confiada por estes dias. Uns metros mais ao lado, Teresa e Sara aproveitam para conversar depois da hora de almoço. Uma nas caixas, outra atrás do balcão a preparar os sacos “pegue e leve” para a alimentação. Mas só hoje. Sábado e domingo as regras são outras. As regras do recolher obrigatório não se aplicam à atividade política, mas a zona de restauração montada nas traseiras do pavilhão, junto à escola, estará fechada a partir das 13 horas cumprindo aquilo que se aplica a todos os restaurantes que não façam entregas ao domicílio.

Sobre se este Congresso é mais exigente que os outros as duas militantes negam. Aliás, “é tudo igual ao dia a dia”, acrescenta Sara Canavezes que nota uma grande recetividade e sentido de responsabilidade dos comunistas que este fim de semana se concentram em Loures. “Não tenho que dizer a ninguém para pôr a máscara ou desinfetar as mãos, as pessoas fazem isso automaticamente”, diz ao Observador secundada por Teresa Oca.

Delegados têm credencial de acesso ao Congresso que é validada, cada vez que entram, através de um código de barras

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A suspensão das aulas de educação física para montar o refeitório do Congresso

Ao lado, na Escola Secundária António Carvalho Figueiredo as máscaras mal usadas e as brincadeiras contrastam com a disciplina dos comunistas durante este Congresso. Desde quinta-feira que as turmas ficaram sem aulas de educação física. Motivo? O pavilhão da escola, António Feliciano Bastos, como se chama, foi transformado no refeitório dos delegados do XXI Congresso. Nas redes sociais houve pais a queixar-se, sem terem conhecimento detalhado do motivo que levava à utilização do pavilhão. Os encarregados de educação foram apenas informados que o pavilhão seria encerrado para a realização do Congresso comunista.

Caros EE, Reenvio a informação recebida do Grupo Disciplinar de Educação Física:
Nos próximos dias 26 e 27 de Novembro 2020, devido ao encerramento do Pavilhão Feliciano Bastos, para realização do XXI Congresso do P.C.P., não haverá aula de Educação Física para a turmas.
Obrigada pela compreensão”, podia ler-se numa das mensagens enviada aos encarregados de educação.

As senhas para as refeições foram distribuídas pela direções regionais a cada delegado e, o final da sessão da manhã, aos microfones do pavilhão Paz e Amizade o aviso era claro: “há dois turnos para almoçar, por favor respeitem-nos” apelava-se a que na hora de almoço se mantivessem as regras e não houvesse concentração de pessoas. O PCP não autorizou visitas ao local de almoço “por razões sanitárias”. Sabe o Observador que o local foi preparado com mesas corridas e cadeiras, todas à distância necessária.

Zona de mesa disponível no XXI Congresso do PCP

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As equipas de limpeza: das casas de banho portáteis às mesas onde é possível almoçar

Além do distanciamento as questões da higienização dos espaços são uma preocupação constante no recinto do Congresso. As mesas que estão disponíveis junto aos locais onde é possível beber café são higienizadas sempre que alguém sai. Numa dança entre spray e papel, duplas ou triplas de militantes voluntários asseguram que as áreas são desinfetadas e o risco de contágio reduzido. A limpeza das casas de banho portáteis está entregue ao casal Lima e Adalgisa que contam ao Observador que “há muitos anos” fazem este tipo de trabalho para o PCP. Vieram de Almada e têm como tarefa fazer a limpeza das instalações sanitárias. São já caras conhecidas e há bem quem reconheça o esforço que fazem para garantir a devida limpeza. Sobre isso a Covid-19 nada mudou. As pessoas escolhidas para essa tarefa são as mesmas e garantem que cumprem a tarefa da “mesma forma” que cumpriam antes da pandemia ter chegado a Portugal.

Já os camaradas Luís e Hugo Soeiro, pai e filho, vieram do Barreiro e, mesmo não podendo assistir aos trabalhos dentro do pavilhão não se deixam desmotivar. Têm nas mãos frascos de spray e um rolo de papel e até ao final desta sexta-feira têm por responsabilidade higienizar as mesas sempre que alguém termine a refeição e se levante. Explicam ao Observador que a tarefa para eles dura o dia todo, mas que há camaradas que com disponibilidade mais reduzida “fazem só turno da manhã ou da tarde”, para ajudar na higienização dos espaços.

Com centenas de pessoas reunidas no pavilhão, sempre que há algum intervalo ou pausa para refeição os caixotes do lixo colocados junto às saídas são utilizados. Antes que se possa perceber se estão perto de ficar cheios já as equipas responsáveis por essa tarefa se aproximaram, substituíram os sacos do lixo e desinfetaram todos os caixotes. Só surpreende quem nunca assistiu à agilidade dos comunistas a montar e desmontar comícios, por exemplo. Tudo mecanizado com uma eficiência invejável.

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

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