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Rosalía regressou ao Porto, onde atuou pela primeira vez em 2019, no NOS Primavera Sound.
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Rosalía regressou ao Porto, onde atuou pela primeira vez em 2019, no NOS Primavera Sound.

MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

Rosalía regressou ao Porto, onde atuou pela primeira vez em 2019, no NOS Primavera Sound.

MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

Corpo de Diosa. O feriado foi de Rosalía no Primavera Sound

Com flamenco e reggaeton, a catalã Rosalía voltou a triunfar no Porto e até a chuva espantou. Num festival de quatro dias, como se segue um concerto destes?

“Agora como vamos superar isto?”, escutámos minutos depois do fim do concerto de Rosalía, enquanto tentávamos sair do lamaçal que era o espaço em frente ao palco principal do Primavera Sound Porto.

Para quem ainda não estava ciente que Rosalía é muito mais do que a menina bonita da música latina e antes uma já estabelecida referência pop mundial, o espectáculo desta quinta-feira à noite no Porto terá servido como esclarecimento. A artista catalã foi a estrela maior do segundo dia do festival (em risco sério de ter já encontrado o momento mais alto desta edição).

O que a cantora trouxe ao Parque da Cidade, onde já tinha encantado em 2019, foi uma versão condensada do que levou na digressão de apresentação do álbum Motomami, em Lisboa e Braga, em concertos esgotados largos meses antes.

À hora certa, 0h40, soava “Matsuri-Shake”, da banda japonesa Ni Hao!, ainda o palco Porto não estava iluminado. Foi a introdução escolhida pela artista, que anda deslumbrada pelo Japão, como se nota na música lançada esta quinta-feira, “Tuya” (mas já lá chegaremos). Três minutos de punk japonês depois, o ambiente aqueceu com o som de motores em fúria, que levou ao histerismo das primeiras filas. “Motomami, motomami, motomami”, ouvia-se.

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Não demorou para que Rosalía subisse ao palco com o rosto escondido sob um capacete, só denunciada pela figura. “Chica, ¿qué dices?”, disse mal descobriu a face, lançando-se a “Saoko”, canção que abre o sobejamente elogiado álbum Motomami (2022), que se debruça sobre transformações. “Eh, yo soy muy mía, yo me transformo/ Una mariposa, yo me transformo”, entoa. “Soy to’a’ las cosa’, yo me transformo”. Os versos serviriam como prelúdio para o que estava para vir: uma montanha russa de emoções que com brilhantismo Rosalía foi gerindo ao longo de uma hora de concerto.

“Como estão?”, ousou lançar em português. “Estou muito feliz por estar aqui no Porto. Obrigada por todo o carinho e por todo o amor que vocês me dão”, continuou, depois de recuperar o fôlego da coreografia de “Bizcochito” e “La fama”.

Foi o tempo de cantar “Bulerías” e de recuperar “De Aquí No Sales”, do disco anterior, El Mal Querer (2018), e já estava ela a retribuir o carinho e amor ao público. Acercada dos fãs que a esperavam junto às grades, Rosalía com eles cantou “La Noche de Anoche”, tema em que colaborou com Bad Bunny em 2020. “Vocês soam muito bem”, disse no fim.

A cantora sabe, como poucos, transpor a linguagem televisiva e digital para os concertos.

MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

Seguiu-se “Linda”, dueto com a rapper dominicana Tokischa, aqui interpretado a solo, e a soturna “Diablo”, que pôs a cantora numa cadeira de barbeiro no centro do palco a ser alvo de retoques de maquilhagem e cabelos. O momento é mais um exemplo do que Rosalía fez nos espetáculos de Lisboa e Braga e que aqui repetiu: uma capitalização séria dos ecrãs disponíveis no palco (no caso, três), não enquanto complemento, mas como parte integrante do espetáculo.

Esta preocupação com a linguagem audiovisual, da realização à captação, é de salutar, desde logo, em espetáculos propensos a mover multidões e em que a visibilidade para o palco é muitas vezes reduzida – sobretudo se pensarmos no crescimento de fenómenos como Golden Circles ou áreas VIP além da front line.

Mas, também, pela possibilidade de se criar um novo objeto artístico que pode ser consumido sem desprimor do que é visto em palco – basta recordar o cinematográfico concerto de C. Tangana no verão passado no Super Bock Super Rock, que nos convidava a olhar para o ecrã para descobrir outras perspetivas do que acontecia live.

Sempre rodeada por várias lentes em palco, incluindo uma mais presente steadicam, Rosalía não só estava consciente da presença do equipamento como dialogava com ele e, consequentemente, com quem a via além da lente. Cada tema foi tratado com uma estética própria, como se cada narrativa tivesse diferentes exigências, e algumas pediram que fosse a artista ela própria a filmar. Que não se confunda a voz preciosa ou a doçura do trato com falta de visão: Rosalía sabe bem a quem se dirige, seja num dos seus longuíssimos lives no Tiktok ou num espetáculo ao vivo para milhares de pessoas.

Uma imparável Rosalía entregou-se ora à emoção ou à dança, conduzindo o público por uma montanha-russa de sentimentos como é seu hábito.

MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

Reflexões aparte e voltando ao concerto, havia a expectativa de que a cantora cantasse pela primeira vez “Tuya”, canção que lançou para o mundo esta quinta-feira, uma hora e 40 minutos antes do concerto na Invicta, mas Rosalía limitou-se a mencionar o novo single e a agradecer por receberem sempre as suas músicas “com tanto carinho”.

E assim finalizou o assunto, sentando-se ao piano e partindo para “Hentai”, solene balada que lhe permitiu mostrar todo o portento vocal e convencer os últimos céticos. Que não restem dúvidas: com ou sem unhas postiças, figurino motard ou sem ele, é inegável o virtuosismo da voz de Rosalía, dotada de um dramatismo que não é alheio ao legado flamenco que carrega – e que fez questão de comparar à herança portuguesa do fado.

A cantora ainda se manteve ao piano para “Candy”, mas logo galgou o instrumento para continuar em clima de festa, num remix da canção em que acabou envolta pelos bailarinos, que a trouxeram de braços de novo ao chão para se lançar a “Motomami”, acompanhada por uma motorizada humana formada pelos corpos dançantes.

“Quantas motomamis estão aqui esta noite?”, perguntou, antes de lhes dedicar a música seguinte: “La Combi Versace”, e para a qual a cantora se deitaria sobre o palco, olhos fixados na câmara.

Ao longo da hora de concerto, Rosalía não se cansa de molhar o cabelo e a cara, limpando-se depois com a toalha – imaculadamente branca após o gesto, o que nos faz desconfiar que ou a maquilhagem é à prova de bala ou Rosalía tem simplesmente uma pele de outro mundo que não este.

Sem perder o ritmo, a cantora continuou a capitalizar os duetos que leva no currículo, mesmo sozinha em cena. Ao primeiro indício de “Beso”, segredava-se na audiência: “Rauw?” As redes sociais diziam-nos que o namorado da cantora, o cantor porto-riquenho Rauw Alejandro, estava algures no México, mas a esperança não fazia esmorecer o público que sonhava com um casalinho no Porto para cantar as duas faixas que criaram em conjunto: “Beso” e “Vampiros”. Mas tal não aconteceu, e Rosalía interpretou-as a solo, assim como “Con Altura”, fruto de uma colaboração com J Balvin.

A preparar caminho para outro dos mais emotivos momentos da noite, a cantora sentou-se ainda para ouvir uma gravação da avó, que a recordava que “a família é sempre importante”. Logo se principiou a cantar o que, na plateia, alguns tardaram a decifrar. Tratava-se de “Héroe”, canção de Enrique Inglesias que muitos conhecem apenas na versão em inglês. “Si pudiera ser tu héroe/ Si pudiera ser tu Dios”, entoou Rosalía. “Que salvarte a ti mil veces/ Puede ser mi salvación”.

Recuperámos do coração com “Malamente”, canção-chave de El Mal Querer, que une a tradição flamenca com a modernidade eletrónica, e “Chicken Teriyaki”, que, tal como na passagem por Lisboa em novembro, trouxe trotinetas para cima do palco. Para o fim ficou a frenética “CUUUUuuuuuute”. “Habrá quien te falle/ Pero yo siempre estoy ahí”. Esperemos que Rosalía pronto volte ao Porto.

The Murder Capital entraram em cena; Shellac receberam o justo upgrade

Antes da tempestade Rosalía, relâmpagos fizeram estremecer um Porto alagado e quem sofreu na pele foram os primeiros nomes do segundo dia do Primavera Sound. Que nos perdoem os Fumo Ninja, com os seus brilhantes “Olhos de Cetim”, mas até pouco antes das 18h o mundo parecia que ia acabar.

Não acabou, felizmente. Seria uma pena se isso tivesse acontecido antes dos The Murder Capital entrarem em cena. Fizeram-no como se fossem uma orquestra clássica, puxando da afinação e do ranger das guitarras antes de derramarem a sua sinfonia suja de pós-punk para todos os que se acercaram do palco Plenitude, outra das novidades deste remodelado recinto.

Há algo de Ian Curtis em McGovern (Murder Capital) e isso é sedutor, sem ser óbvio ou banal.

MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

Com o mar à espreita, que lhe dá um encanto particular, este palco não apaga, contudo, a desilusão de já não existir aquele enfiado numa clareia de árvores que para muitos era tido como o mais charmoso do festival. Deixando a emoção de lado e puxando pela razão, compreendemos que seria difícil manter um palco de acesso difícil e tão circunscrito com a atual capacidade do recinto. Temos pena, mas ficam as memórias dos concertos míticos que por lá passaram, como os de Ty Segall (2014), Run The Jewels (2015), Unknown Mortal Orchestra (2018) ou Kim Gordon (2022).

Voltemos então ao Plenitude e ao carismático e esguio James McGovern que, de cigarro numa mão e pandeireta na outra, lidera estes rapazes de Dublin e atira água para a plateia como se fosse gasolina, fazendo-nos rogar por um fósforo. Esta latência, este fogo tântrico que nos consome ao invés de nos devorar avidamente, como acontece, por exemplo, com os seus conterrâneos Idles, é o que faz dos The Murder Capital uns tipos especiais.

Há algo de Ian Curtis em McGovern e isso é sedutor, sem ser óbvio ou banal. The Murder Capital é, no fundo, um filme de pontas soltas, carregado de intensidade, mais interessado em deixar-nos caminhos em aberto do que em nos esfregar o final da história na cara. “More is Less”, cantam, cheios de razão, já depois de terem passado por “Don’t Cling to Life”, “For Everything” ou pela canção de amor “Gigi’s Recovery”.

“Trouxemos o sol diretamente da soalheira Irlanda”, dizem-nos sob um céu azul, coisa rara no dia de hoje, como raros ainda tinham sido os concertos desta edição capazes de nos fazerem sentir vivos. Venha daí esse mosh e esses copos a voar pelo ar antes de seguirmos para outras paragens e revermos caras conhecidas.

Mais à frente, mordemos a língua com as palavras de ontem, quando escrevemos que havia perdas inevitáveis com o crescimento do Primavera. Num fim de tarde sem sinal de chuva, foi possível, afinal, espraiarmo-nos com largueza na relva embalados pelo noise rock dos Shellac. Pontualíssima, a banda comandada por Steve Albini cumprimentou o público com humor: “Olá, boa tarde. Somos a Rosalía”.

Veteranos no festival, onde atuam religiosamente em todas as edições, o grupo norte-americano ganhou um merecido upgrade no palco em que se apresentaram perante os fãs que já tinha e os que foi colecionando desde que veio ao Porto pela primeira vez, em 2013. Depois de anos a desfilar pelos palcos ATP, Pitchfork, Super Bock e Binance, o trio de Steve Albini (na guitarra e na voz), Bob Weston (no baixo e também em alguns dos vocais) e Todd Trainer (na bateria) conquistou espaço no palco Vodafone, maior que os anteriores, e beneficiou do declive natural tão gabado do festival portuense.

O espetáculo que os Shellac trouxeram ao Parque da Cidade foi mais curto do que o que levaram há dias em nome próprio a Lisboa, mas suficiente para quem desejava escutar temas como “Copper”, do álbum Terraform (1998) ou “All the Surveyors”, de Dude Incredible (2014). Pelo meio, Steve Albini foi interpelando o público, sobretudo para introduzir músicas do novo álbum, gravado e ainda não lançado. Foi o caso de “Scrappers”, canção dedicada à comunidade de scrappers de Chicago. “Em todos os países há nomes para estas pessoas que vivem com o que encontram”, começou por dizer. “Em alguns destes sítios os nomes têm conotações racistas”, acusou, num discurso que só pecou por ser em tudo igual ao proferido na edição de 2022. “Aqui celebramos os scrappers”, deixou claro, uma vez mais.

Arlo Parks só tinha estado uma vez em Portugal: foi no ano passado, em Paredes Coura.

MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

O “melhor concerto” de Arlo Parks e uma Maggie Rogers não consensual

Arlo Parks abriu o coração no Parque da Cidade. Falou por ela e pela sua banda: “da última vez que estivemos no Porto, foi o melhor concerto das nossas vidas”. Ela referia-se obviamente a Paredes de Coura 2022, aquela que foi a sua estreia em solo nacional, numa tarde bafejada pelo sol. “Vamos ver se este se torna no melhor concerto”, deixou no ar, passeando-se entre “Collapsed in Sunbeams” (2021) e “My Soft Machine” (2023), último trabalho cujo título é o melhor atributo que encontramos para explicar o encanto de Parks, essa poeta de versos precisos e suaves, capaz de escrever as dores e os amores da sua geração como poucas.

Nesta competição saudável de “vamos lá ver qual é o melhor concerto de Arlo Parks em Portugal”, foi difícil encontrar um veredicto. Se de um lado tínhamos o couraíso no seu máximo esplendor, vestido de Verão e de um verde deslumbrante, por outro tínhamos um cenário apocalíptico – chuva cortada de sul, relva em papa, sacos de plástico enfiados nos pés numa tentativa frustrada de não deixar entrar água nas sapatilhas – que foi usado pelo público, não como desculpa para esmorecer, mas antes para extravasar o maior dos entusiasmos pelo regresso da britânica ao nosso país. O desconforto transformou-se em aplauso forte e interminável, soltaram-se uivos extasiados e Parks, sorrindo incrédula com o que presenciava, lá disse: “É oficial, este é o melhor concerto”.

Quem também deu um belo concerto, o primeiro em solo nacional, foi Maggie Rogers, um dos fenómenos mais curiosos a surgir nos últimos tempos nos Estados Unidos. O universo de Rogers tem uma elasticidade que faz com que, simultaneamente, simpatizemos e desdenhemos o seu reportório. Tanto canta “Say It” com uma voz cheia de tessitura e dramatismo, lembrando-nos ao de leve Mariah Carey, como se lança para “Love You For a Long Time” fazendo-nos acreditar que naquele corpo se acabou de dar a fusão entre Sheryl Crow e as Haim. Pelo meio, ainda destroca uma batida funk, a mesma batida que talvez tenha encantado Pharrell Williams em 2016, quando o produtor superestrela se cruzou com Rogers e com o tema “Alaska”, numa aula no Clive Davis Institute of Recorded Music, em Nova Iorque.

Em 2016, Pharrell Williams conheceu Maggie Rogers e apaixonou-se por "Alaska".

MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

Não é um nome consensual, de todo, mas não dá para desvalorizar o espetáculo que esta americana de 29 anos, nativa de Maryland e com o folk no sangue, deu no Primavera Sound. A metade dianteira da plateia, fã do primeiro ao último tema, apoiou incondicionalmente Maggie Rogers. A outra metade provavelmente seguiu para os concertos seguintes tentando perceber se iria juntar Rogers ou não à sua playlist de estimação.

Houve pouco tempo para jantarmos e para sacudirmos a água do corpo, até porque tal gesto seria absolutamente irrelevante. Quando Japanese Breakfast fez soar os primeiros acordes de “Be Sweet”, a chuva intensificou-se novamente. “Vocês são uns campeões”, reconheceu a vocalista Michelle Zauner, feliz por regressar a Portugal, cinco anos depois da passagem por Paredes de Coura, e por ver que ninguém estava com intenções de arredar pé. “Pensei que tínhamos que nos esforçar muito para vos animar”, mas não, o público estava naturalmente animado por ver esta turma ao vivo. O álbum “Jubilee” (2021) foi o prato principal, mas houve tempo de regressar ao indie mais sonhador de “Psychopomp” (2016), com “In Heaven” ou para dar um salto ao jogo virtual “Sable” (2021), para o qual os Japanese Breakfast compuseram a banda sonora.

O regresso de Japanese Breakfast a Portugal, depois de terem passado por Paredes de Coura há cinco anos.

MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

O palco Super Bock estava praticamente lotado (e ainda tivemos tempo de testar as casas de banho, este ano bem mais eficientes do que no ano passado), ao contrário do palco Porto, que recebeu quase à mesma hora The Mars Volta.

Houve aplausos mesmo antes da primeira nota — e não é para menos. Os The Mars Volta estão, de facto, de volta depois de uma década de silêncio (só musical, porque não faltou lavagem de roupa suja por esse Twitter fora). Na origem da separação entre os membros estará a decisão de Cedric Bixler-Zavala, vocalista, aderir à Igreja da Cientologia.

O assunto parecia arrumado até 2019, quando se começou a especular sobre um possível regresso. Dois anos depois e uma pandemia pelo meio, em junho de 2022, a banda formada por Bixler-Zavala e Omar Rodríguez-López lançou “Blacklight Shine”, a primeira canção nova desde 2012. Uns meses mais tarde eis um novíssimo álbum, oficializando o estado de relação de “é complicado” para “são águas passadas”. Tais como aquelas em que a pequena multidão que se encontrava esta quinta-feira no Parque da Cidade se ia afundando para assistir ao concerto.

“Roulette Dares (The Haunt Of)” foi eleita para canção inaugural — ou assim interpretamos pela melodia, porque as palavras do vocalista estavam praticamente inaudíveis. Seja por questões técnicas ou vontade do vento, pouco se percebeu o que tão entusiasticamente cantava Bixler-Zavala até aos primeiros versos de “The Widow”, já o concerto ia a meio. “He’s got fasting black lungs/ Made of clove-splintered shards”, escutou-se, por fim, com clareza. Foi esta música, de Frances the Mute (2005), a primeira a conseguir cânticos do público, que assim revelou não estar ali por acaso.

No meio da tempestade, Bixler-Zavala conseguiu a proeza de nunca nos fazer procurar um abrigo. Dançou, saltou, esperneou-se e fez malabarismo com o microfone. É um animal de palco e isso é evidente na forma como ocupa o espaço que a sua performance exige. “Estão acordados?”, perguntou num dos raros diálogos com o público. Como não depois de “Drunkship of Lanterns”? Foi uma das várias canções recuperadas pelos The Mars Volta de De-Loused in the Comatorium, álbum lançado há exatamente 20 anos. Seguiu-se a melodiosa “L’Via L’Viaquez” e, depois, uma série de temas do novo disco editado em setembro, The Mars Volta, como “Graveyard Love”. Já o concerto caminhava para o fim quando Bixler-Zavala voltou a tomar a palavra não musicada: “Estão à espera da Rosalía? Nós também. Também a adoramos. Deem-nos só um momento”.

Os Bad Religion deram uma barrigada de punk no Primavera Sound e até sapatilhas voaram para o palco.

MELISSA VIEIRA/OBSERVADOR

O segundo dia do Primavera Sound ainda viria a receber Fred Again.., produtor que levou toda a gente à loucura ao ponto de os ecos do palco Vodafone se espalharem pelo recinto, tal e qual o vento, e Bad Religion, veteranos americanos, mentores de bandas como Green Day e The Offspring, que provaram que velhos são os trapos. Os fãs de “old stuff” levaram uma barrigada de punk para casa e até sapatilhas voaram para o palco. A festa da primavera continua esta sexta-feira com Pet Shop Boys, NxWORRIES, St. Vincent, My Morning Jacket e Margarida Campelo, em princípio sem chuva. Amén.

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