895kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Manuela Eanes numa esquina e também o caso Tancos. Costa volta a Lisboa

Antiga 1ª dama foi à arruada das Avenidas Novas apoiar António Costa e pedir "firmeza" na resolução e punição "de quem deve ser punido" no caso Tancos. De manhã, Costa esteve numa fábrica em Viseu.

De volta a Lisboa, António Costa tinha uma arruada marcada para a Avenida Duque d’Ávila a que chegou pronto para uma declaração sobre a morte de Freitas do Amaral — “um grande estadista”. A informação apanhou a caravana socialista em plena viagem entre Viseu e Lisboa e fez abrandar a eventual festa da tarde, Não houve bombos, foi uma arruada pacata, e que de novo só trouxe mesmo o apoio da antiga primeira dama Manuel Eanes. Mas não veio sozinha. Trouxe de volta à campanha socialista um tema sensível para o PS.

Os ataques e referências sobre o caso Tancos já tinham serenado nesta campanha, mas Manuela Eanes chegou para dizer “três coisas muito importantes”, uma delas que “houve um caso gravíssimo em relação à instituição militar, gravíssimo. Que siga o processo, que seja punido quem tem de ser punido e que haja muita firmeza e grande autoridade em tudo o que se faz“. Para a mulher do antigo Presidente da República, “a instituição militar tem de ser respeitada e nós devemos-lhe muito”.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A intenção era condenar que a campanha seja dominada pelo tema, mas o resultado foi pô-lo novamente em cima da mesa. Manuela Eanes foi clara em pedir “empenho” a António Costa num processo “que vai seguir” — e do qual Costa tem fugido sempre, dizendo que não se mistura política com justiça –, mas também assinalar que na “campanha, deploravelmente, o tema tem sido quase só Tancos, o que é uma pena”. 

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O encontro junto ao Colégio Académico estava previsto e Manuela Eanes foi mesmo dar o seu apoio “como cidadã” e com a “certeza que ele vai ser primeiro-ministro”: “Nestes quatro anos temos um país melhor por causa dele”. “E agora continuamos”, rematou fazendo sinal a Costa para seguirem caminho rumo ao Arco do Cego.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Mas antes Costa ainda registou o apoio e o “testemunho de uma pessoa que, não sendo militante do PS,é uma cidadã” a que agradeceu. Manuela Eanes interrompia: “Ah não tem nada que agradecer. Estes quatros anos foram tão difíceis e fez muitos sacrifícios que eu sei”. E entre os salamaleques lá foram, num passo demorado.

Pelo passeio largo da rua — obra António Costa, como presidente da Câmara — foi parando em esplanadas, distribuindo rosas e cumprimentando as poucas pessoas que se encontravam na esplanada. O entusiasmo não era grande, nem do cão Rocky que o dono teve de chamar várias vezes “para cumprimentar o primeiro-ministro” e que insistia em ignorar a arruada socialistas. Lá fez o favor ao candidato (que não há cão que não cumprimente) de se endireitar minimamente para receber as festas de António Costa e seguiu o descanso. “Vota no PAN”, gracejou o dono já o candidato ia rua abaixo.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Costa quer valorizar salários das “mãozinhas”, mas empresário avisa que não há “Luís de Matos”

A cantina estava cheia de funcionárias, eram cerca de 200, num momento de pausa para ouvir o candidato socialista, que o administrador teimava em apontar ser “o primeiro-ministro”, que até trazia consigo um “futuro governante”. Entre os dois fatos que António Costa vai vestindo nesta campanha, Francisco Batista focava no que mais jeito lhe dava e as costureiras também, afinal, de fatos, percebem elas. O único momento em que interromperam Costa para aplaudir o que dizia foi mesmo quando o socialista falou em “remunerar melhor quem trabalha”.

Nas duas fábricas da CBI, em Mangualde, são 400 as trabalhadores e a esmagadora maioria com salários pouco acima do salário mínimo. Questionado sobre quantas estavam a receber apenas 600 euros, o empresário começou por dizer “cerca de 60%, 70%”, depois corrigiu: “Bem, mínimo, mínimo, só há para aí 5% no primeiro contrato depois damos logo mais qualquer coisinha”. Mas não permite distanciarem-se muito além dos tais 600 euros mínimos.

No programa socialista consta a defesa de um “acordo de médio prazo sobre salários e rendimentos” e Costa quer repetir o que fez com o salário mínimo, fixando a sua evolução no conjunto da legislatura. “Das primeiras prioridades é ouvir a concertação para fixar metas para a próxima legislatura”, disse desejando que esse acordo “não se limite ao salário mínimo. Temos de contribuir positivamente para a melhoria do rendimento (…) e é essencial que essa melhoria de rendimento assente sobretudo na melhoria dos salários”.

Pela estrada eleitoral diz que tem “ouvido e tomado o pulso às expectativas e disponibilidade” de trabalhadores e empresários e garantiu que se for eleito, “logo a seguir à eleições”, é necessário reunir em sede de concertação social e procurar um acordo” .

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Dentro da cantina da fábrica, onde foi ouvido pelas trabalhadoras, tinha falado na melhoria do setor que “atravessou uma grande crise” e da “competitividade com os novos produtos dos países asiáticos” que veio agravar o mau momento de um atividade que recuperou. Mas não foram as palavras caras ou a análise económica do setor que animou a sala. Nem mesmo com o elogio à qualidade que “resulta das mãozinhas, das vossas mãos”. Costa só conseguiu arrancar um aplauso — seguido de um burburinhar intenso — quando defendeu que a importância da recuperação do têxtil não é apenas importante para “remunerar melhor o senhor Francisco, mas para remunerar melhor também quem trabalha e permite que esse produto exista”. 

O candidato que também é primeiro-ministro não avança, num entanto, com qualquer valor aceitável para esta negociação que quer fazer sobre a atualização geral dos salários. Sublinha apenas que “temos de ambicionar aproximar mais Portugal dos países e empresas e salários que se pagam nos países mais desenvolvidos”.

Promessas de um lado e a reserva do empresário do outro

Circulou com o empresário entre as máquinas de corte e de costura orientadas pelas funcionárias da CBI, tanto na fábrica têxtil de produção em série, que Francisco Batista recuperou, como na do lado, a Alfaiataria Lusa, que fundou e que faz fatos por medida com recurso à tecnologia mais avançada. António Costa baixa-se para espreitar a eficácia da máquina de corte inteligente que corta fatos individualizados e personalizados de forma precisa. Na altura sai da máquina uma frente esquerda e uma frente direita de um casaco, cortadas em poucos minutos e sem ninguém por ali além da funcionária que as retira da linha.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Das duas fábricas saem entre 1500 e 2 mil fatos por dia e o lucro anual está entre os 25 e os 30 milhões de euros. Francisco Batista nota que já começa a sentir “alguma dificuldade em contratar”, mas que ainda não deixou totalmente de ter oferta. Já quanto aos salários, não vai tão entusiasmado como António Costa e tem alguns problemas a acrescentar.

Admite que a competitividade “não poder ser feita na exploração do trabalho. Mas como empresário temos de falar: aumentar salários e reduzir horários, isso já nao estou de acordo. Estou de acordo que se devem pagar salários mais altos mas que as leis laborais permitam que as empresas possam ser competitivas”. E adverte: “Se pagarmos mais e trabalharmos menos, seguramente um dia a competititvidade foi-s e aí não há nenhum empresário ou mágico que resolva o assunto, nem o amigo Luís de Matos”.

E queixa-se ainda do problema do absentismo, mesmo que perceba a reivindicação das trabalhadores. “Devem reivindicar para ganhar mais, mas na empresatem de se produzir e trabalhar, não se pode faltar de qualquer maneira,  porque o nível de absentismo hoje também é muito grande. E a maior parte são mulheres e temos absentismo obrigatório”, para assistência à família, exemplifica.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O “futuro governante” e o primeiro “tema lateral” de que Costa falou

Durante o discurso na cantina, Francisco Batista preferiu sublinhar que ali ao lado tinha “o primeiro-ministro que, por coincidência. é também o secretário-geral do PS”, defendendo que “tem a sua cor mas a empresa não tem a cor de ninguém”. E para João Azevedo, o socialista que é o cabeça de lista do partido por Viseu, apontou também com outra expectativa em vista referindo-se a ele como “antigo presidente da Câmara de Mangualde e… não sei.. futuro governante?” Por agora, ninguém o desmentiu.

Já o candidato socialista, que tem-se esquivado a falar de temas extra campanha, desta vez não mostrou reservas em fala de uma matéria também lateral, a luz verde dada a Elisa Ferreira como comissária europeia. Foi uma indicação sua e refere-se à aprovação da socialista como “uma excelente notícia para Portugal, “não só pela importância da conclusão do próximo quadro financeiro plurianual, mas porque nos próximos 5 anos vamos estar a discutir. e reestruturação dos fundos para os 7 anos seguintes”. Para Costa, a pasta da Coesão e das Reformas é “estratégica para o futuro”.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.