A 10 de maio de 2022, o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursou perante os deputados que se sentam no Parlamento da Eslováquia por videoconferência, uma prática que se repetiu nos primeiros meses da invasão em vários países como sinal de solidariedade a Kiev. Contudo, o líder da oposição do governo eslovaco não esteve presente. O também antigo primeiro-ministro Robert Fico justificou a sua decisão com acusações ao chefe de Estado ucraniano, que “mentia todos os dias” e que incentivava “a guerra”. Um ano e meio depois, o ex-governante e líder do partido de esquerda Smer-SD está em primeiro lugar nas sondagens para as eleições parlamentares que ocorrem a 30 de setembro — e já prometeu terminar com o apoio eslovaco à Ucrânia.
Com cerca de 5,5 milhões de habitantes, a Eslováquia tem sido governada, desde 2020, por partidos pró-Ocidente. Até maio de 2023, o antigo primeiro-ministro Eduard Heger demonstrava um forte apoio à Ucrânia. Não obstante, devido a problemas com os restantes parceiros políticos e após uma moção de censura, o ex-governante pediu à Presidente eslovaca, Zuzana Čaputová, para formar um governo interino até à realização de novas eleições. A chefe de Estado, conhecida pelas suas posições também a favor da Ucrânia, aceitou o pedido e escolheu o antigo vice-governador do banco eslovaco, Ľudovít Ódor, para chefiar o executivo, que garantiu da mesma forma a Volodymyr Zelensky que iria continuar o apoio eslovaco à Ucrânia.
A Eslováquia tem estado, por conseguinte, na linha da frente do apoio à Ucrânia, como a maioria dos Estados-membros da União Europeia (UE): concedeu apoio humanitário, enviou equipamentos — como tanques soviéticos e caças MiG-29 — e acolheu refugiados ucranianos. No entanto, essa realidade pode mudar a partir de 30 de setembro, com a possibilidade da formação de um governo liderado por Robert Fico, o antigo governante com um passado comunista e que, de forma quase paradoxal, admira o estilo de governação do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.
As sondagens: Smer-SD com 21%, partido centrista com 18%
As sondagens mais recentes dão uma vantagem ao Smer-SD (o partido social-democrata eslovaco), pertencente ao grupo da aliança progressista dos socialistas e democratas (S&D) no Parlamento Europeu, que com cerca de 21% das intenções dos votos, que resultariam na eleição de perto de 38 deputados. Contudo, está muito longe de obter uma maioria absoluta — e precisará de formar uma ampla coligação para assumir o governo do país.
76 é o número mágico para formar uma maioria. Para isso, o Smer-SD deverá contar com apoios de outras forças que não as da sua família política à esquerda; a força liderada por Robert Fico espera, como escreve o Euracitv, angariar parceiros da direita e até extrema-direita: o SNS (o Partido Popular Nossa Eslováquia), abertamente contra a presença de Bratislava na União Europeia e na NATO; o partido com ligações neonazis Republika; e ainda o Sme Rodina (tradução para português “Somos Família”), conservador e de direita populista.
Ainda assim, esta coligação, que partilha entre si o conservadorismo social e uma posição pró-russa e contra o Ocidente, dificilmente deverá conseguir atingir a maioria absoluta, esperando-se que obtenha cerca de 70 deputados. É, portanto, preciso encontrar um novo parceiro — e esse apoio poderá passar pelo Hlas, um recente partido de centro-esquerda no panorama político eslovaco, que surgiu como resultado da insatisfação de antigos dirigentes do Smer-SD relativamente ao rumo que a força partidária vinha tomando.
Fundado em 2020, o Hlas é um partido liderado pelo também antigo primeiro-ministro Peter Pellegrini, que pertencera ao Smer-SD e era considerado um “protegido” de Robert Fico. Deverá ser a terceira força política, elegendo cerca de 25 de deputados, segundo as mesmas sondagens, o que não é suficiente para atingir uma maioria apenas entre Smer-Hlas. Não obstante, pode dar margem de manobra a Robert Fico para negociar uma solução com o antigo colega partidário, recusando, num dos cenários, integrar no governo alguns dos partidos de direita mais extremista.
O Hlas poderá mesmo ser a chave para resolver o futuro governo da Eslováquia. Por um lado, por conta do passado em comum, existem simpatias dos dirigentes do partido relativamente ao Smer-SD, mas, por outro lado, a retórica anti-Ocidente preocupa Peter Pellegrini. Não obstante, para chegar ao poder, Robert Fico poderá inclusivamente propor o nome do seu antigo protegido para chefiar o governo, uma possibilidade já admitida — e que poderia não só aliciar o Hlas como também enviar uma mensagem de tranquilidade para Bruxelas.
Com um sistema político altamente fragmentado, há outras alternativas para governar a Eslováquia. A segunda força política mais votada, sempre tendo em conta as indicações que surgem das sondagens, é o PS (Eslováquia Progressista), uma força centrista pertencente à família dos liberais europeus. Obtendo cerca de 18% dos votos (correspondentes a 30 deputados) nas intenções, o partido liderado por Michal Šimečka, vice-presidente do Parlamento Europeu, pode chegar ao poder — mas apenas nos melhores dos cenários.
Abertamente pró-europeu e defendendo a continuidade do apoio à Ucrânia, Michal Šimečka tem apenas um aliado à partida: o partido liberal SASKA, que poderá conseguir eleger 11 deputados. Muito longe dos 76 parlamentares, o PS poderá precisar de pequenas forças partidárias de centro-direita e de direita, mas não é líquido que aquelas forças partidárias, ligadas a movimentos da democracia cristã (como a União Cristã) ou do conservadorismo liberal (como o partido NOVA), apoiem um governo assumidamente progressista.
Nesta coligação liberal, poderá ainda entrar o vencedor das últimas eleições, o OĽaNO, que no Parlamento Europeu está integrado na família do Partido Popular Europeu (PPE). Tendo elegido 43 deputados nas eleições de 2020, e tendo angariado 25% dos votos, o partido deverá sofrer uma autêntica derrocada a 30 de setembro, com as sondagens a indicarem um resultado na ordem dos 6%.
Ainda assim, numa coligação progressista contra o Smer-SD e os partidos de extrema-direita, o Hlas terá de a integrar para que se chegue a uma maioria absoluta. E isso poderá complicar a viabilidade desta ‘gerigonça’, que terá de conciliar forças de centro-esquerda com liberais e ainda com democratas-cristãos. Em termos económicos, Peter Pellegrini pede um Estado social mais forte, uma ideia que não agrada aos liberais do PS e do SASKA; em termos sociais, as dificuldades são as mesmas, com divisões, por exemplo, sobre a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O futuro pós-eleitoral na Eslováquia será, por conseguinte, complexo e dependerá principalmente com que coligação o Hlas aceitará apoiar. Ainda que o Smer-SD esteja na dianteira, colhendo simpatias entre os dirigentes do partido de Peter Pellegrini, a retórica anti-Ucrânia e anti-Ocidente pode acabar por prejudicar Robert Fico.
Eslováquia desconfia da Ucrânia e do Ocidente
Independentemente do resultado das eleições e das coligações que possam vir a formar, certo é que os eslovacos parecem desconfiar da Ucrânia e do Ocidente. Um estudo elaborado em maio de 2023 pelo think tank Globsec — com sede em Bratislava —, mostra que 34% dos inquiridos eslovacos acreditam que os países ocidentais provocaram a Rússia e que, por esse motivo, o Presidente russo, Vladimir Putin, teve de invadir o território ucraniano. Ainda que 40% dos inquiridos culpem Moscovo pela ofensiva que começou em fevereiro do ano passado, certo é que a Eslováquia é o país do estudo (que incluiu ainda a Hungria, a Polónia, a Chéquia, a Roménia, a Lituânia, a Letónia e a Bulgária) que mais apoia a tese de culpabilização do Ocidente.
E não é só este dado que mostra a apreensão eslovaca relativamente ao apoio dado pelo Ocidente à Ucrânia. Cerca de 56% dos inquiridos na sondagem elaborada pelo Globsec não acreditam que as sanções aplicadas contra a Rússia resultem — a maior percentagem de todos os países, superando inclusivamente a Hungria. Apenas 38% parecem concordam com a continuidade da política sancionatória que tem sido aplicada contra Moscovo.
Além disso, segundo o mesmo estudo, 69% dos eslovacos são contra o envio de armamento para a Ucrânia, uma vez que consideram que essa atitude “provoca a Rússia” e traz a guerra mais perto da fronteira da Eslováquia. Aquela mesma percentagem de inquiridos do país centro-europeu considera que os “refugiados ucranianos recebem apoios às custas dos cidadãos nacionais pertencentes aos setores mais vulneráveis da população”.
Apesar de o apoio à Ucrânia ser colocado em causa, certo é que 58% dos inquiridos eslovacos veem com bons olhos a permanência da NATO. Para mais, 54% da população avalia a Rússia como uma “ameaça”. E o país também parece avaliar positivamente a atuação do Presidente ucraniano (53%), ao passo que Vladimir Putin recolhe uma taxa de aprovação de apenas 27%.
Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre Robert Fico.
Quem é o eslovaco, amigo de Putin, que poderá vir a ser primeiro-ministro?
Tendo em consideração este cenário, Robert Fico tem aproveitado para transmitir uma mensagem que ecoa junto do público eslovaco. Não defendendo abertamente nem a saída da NATO nem da União Europeia, o político de 58 anos tem advogado, contudo, o fim do apoio à Ucrânia. Num evento partidário no início de setembro, o antigo primeiro-ministro lembrou a existência de “fascistas” nas tropas ucranianas, apresentando como prova o batalhão Azov.
“Devemos resistir o fascismo e o nazismo em todas formas”, declarou Robert Fico, que acusou as autoridades eslovacas de compactuarem com as tropas “fascistas” ucranianas. “Eles mantêm-se quietos, porque têm medo de ser castigados por Bruxelas e por Washington”, atirou. Sobre entregas de armas, o candidato de Smer-SD disse igualmente, em maio, que o Ocidente estava a patrocinar “mortes” ao decidir apoiar as tropas ucranianas.
???????? The former PM of Slovakia Robert Fico is shocked that Europe is rolling out the red carpet for the Nazis
???? During his speech, he also criticized current politicians for transferring the remaining Slovak weapons to Ukraine. According to him, if his Smer-SD party comes to… pic.twitter.com/2WYZOqGMma
— Daniella Modos – Cutter -SEN (@DmodosCutter) September 3, 2023
O que explica então a permissividade da opinião pública da Eslováquia, que faz fronteira com a Ucrânia, que assimila vários pontos que são repetidos pela narrativa russa? A Presidente eslovaca explicou, em várias entrevistas, que a Rússia consegue espalhar facilmente a sua propaganda em território eslovaco, contando com a cumplicidade de vários deputados. “Alguns líderes políticos, incluindo deputados, espalham este tipo de informação diretamente no Parlamento, contando com o apoio de meios de comunicação sociais”, denunciou Zuzana Čaputová, citada pelo Politico.
Um relatório publicado pelo Ministério do Interior da Eslováquia dá conta de que, após a invasão da Ucrânia, a internet do país “começou a ser inundada com desinformação, manipulações e operações de informação como nunca antes”, um movimento incentivado, em grande medida, pelo Kremlin. Chegou a haver reuniões organizadas por agentes pró-Moscovo “com o objetivo de prestar tributo a pessoas associadas à Rússia ou à União Soviética”, que funcionariam como portadores da retórica russa.
Muita dessa desinformação foi veiculada precisamente pelo Smer-SD e por Robert Fico. Como explica o ministro dos Negócios Estrangeiros interino eslovaco (que ainda continua em funções), Miroslav Wlachovsky, ao Washington Post, existem “algumas afinidades históricas e alguma ingenuidade sobre a Rússia que é aproveitada com cinismo e oportunismo pela elite política eslovaca”. “É a tempestade perfeita”, define, no sentido em que leva ao surgimento de sentimentos pró-Kremlin e contra a Ucrânia.
Ainda assim, os líderes do Smer-SD rejeitam este cenário e apresentam uma versão diferente. Como nota a Deutsche Welle, a mensagem dos dirigentes é que a Eslováquia deve ter boas relações não apenas com os Estados Unidos, como também com a Rússia. No entanto, certo é que Robert Fico tem acusado os rivais políticos de serem agentes norte-americanos e também “fantoches” de George Soros, o milionário com nacionalidade húngara e norte-americana que é constantemente atacado por movimentos mais à direita.
Mas existe ainda outro fator que explica esta animosidade em relação ao apoio ucraniano — e que se relaciona com a conjuntura política eslovaca. Neste sentido, Zuzana Čaputová avisou que o país está a enfrentar um “período muito difícil”: “Não vejo apenas polarização, mas também fragmentação na nossa sociedade”. E isto é, em grande medida, fruto da instabilidade política. A antiga coligação que governou a Eslováquia desde 2020 até dezembro de 2022 (tendo depois dado origem a um governo de minoria, a uma moção de censura e depois a um governo interino) demonstrava inúmeros diferendos internos — e não se conseguia colocar em acordo em vários tópicos.
Além disso, a coligação teve de enfrentar a pandemia, o início da guerra na Ucrânia e o aumento de custo de vida gerado pelo conflito. Tudo isto levou a que apenas 18% dos eslovacos confiem no governo e 37% na Presidente, segundo dados do relatório do think tank Globsec. “A governação instável e caótica, incluindo a queda do governo em dezembro de 2022, foi acompanhada por tentativas de atores domésticos e estrangeiros que tentavam minar o laço transatlântico e a democracia, tendo contribuído para uma queda histórica na confiança das instituições públicas”, refere o estudo.
Como os atuais governantes (e os antigos) mantinham um posicionamento pró-Ucrânia, persiste igualmente, na sociedade eslovaca, uma espécie de associação ao apoio da Ucrânia à instabilidade e aos falhanços governativos. Cria-se, assim, um terreno fértil para a difusão de propaganda russa abertamente contra o Ocidente e a NATO.
Robert Fico. O veterano da político envolvido em múltiplos escândalos
Em 2018, milhares de eslovacos saíram às ruas. O motivo? Recaía sob o governo chefiado pelo primeiro-ministro de então, e atual candidato do Smer-SD, Robert Fico, uma grave acusação: vários elementos que pertenciam ao executivo estariam envolvidos no assassínio de um jornalista de 27 anos, Ján Kuciak, e da sua noiva, Martina Kušnírová. Kuciak estava a investigar alegadas fraudes fiscais praticados por altos dirigentes políticos, que estariam ligadas à máfia italiana.
O episódio causou uma verdadeira crise política, ainda para mais com as relevações de que a morte de jornalista tinha sido politicamente motivada. O ministro do Interior, Robert Kaliňák, demitiu-se na sequência do escândalo, estando ainda para mais o seu nome ligado com o caso que Ján Kuciak investigava. Entrando num verdadeiro braço de ferro com a presidência e com a oposição, Robert Fico tentava resistir, mas acabou por se demitir.
Apesar deste percalço, Robert Fico não abandonou a vida política. Confiou o governo a Peter Pellegrini e o Smer-SD continuou a governar a Eslováquia até 2020, ano em que o seu protegido foi novamente o rosto do partido nas eleições parlamentares daquele ano. Mas perdeu as eleições, dando lugar a uma coligação de direita.
Esta não foi a única derrota política de Robert Fico, um veterano da política eslovaca, que passou pelo Partido Comunista da Checoslováquia e por várias formações partidárias de centro-esquerda. Nascido na cidade de Topoľčany em 1962, o homem ocupou o cargo de primeiro-ministro eslovaco de 2006 a 2010 e de 2012 a 2018 (com uma maioria absoluta pelo meio) e agora quer agora voltar ao poder. Durante os anos que governou, acumulou escândalos, mas isso raramente beliscou a sua popularidade, conseguindo afastar-se sucessivamente das controvérsias de que era alvo.
Ainda recentemente, em agosto de 2023, rebentou mais um escândalo. O chefe dos serviços de contraespionagem da Eslováquia, Michal Alac, foi detido, depois de ser acusado de estar envolvido numa rede de corrupção que tinha como finalidade manipular as investigações abertas contra antigos altos dirigentes, incluindo aqueles que fizeram parte dos governos do Smer-SD.
O chefe dos serviços de contraespionagem e também o seu antecessor, Vladimir Pcolinsky, tentavam descredibilizar a reputação e pressionar os juízes envolvidos em investigações de corrupção de membros de antigos governos liderados por Robert Fico. Por conta da proximidade com as eleições, o tema entrou invariavelmente na campanha — e o líder do Smer-SD aproveitou para denunciar o que diz ser uma cabala política contra ele.
Juntando-se às acusações, tornadas públicas em 2022, de que Robert Fico tinha apoiado a formação de grupos criminais dentro das instituições estatais, o político descreveu, num comunicado citado pela Deutsche Welle, que havia uma “guerra dentro da polícia”. “Os representantes do governo, da Presidente e do espetro político progressistas na Eslováquia estão a tentar controlar o Estado”, criticou, falando mesmo num “golpe policial” e numa tentativa de manipular as eleições.
A proximidade com Viktor Orbán e o abalo da UE
A mensagem contra o Ocidente e contra os apoios à Ucrânia de Robert Fico encontram paralelismos com o que Viktor Orbán tem defendido desde o início da invasão. As medidas tomadas pelo primeiro-ministro húngaro são mesmo muitas vezes elogiadas pelo Smer-SD. A própria Presidente da Eslováquia reconhece que, se aquele partido conseguir formar governo, o regime da Eslováquia adotará uma política externa “similar” à da Hungria.
Se bem que em termos de políticas sociais e de formação de governo a história seja diferente, certo é que a Eslováquia poder-se-á juntar à Hungria na oposição ao apoio ucraniano dentro da NATO e na União Europeia, terminando com o aparente isolamento húngaro de manter uma atitude de apoio bastante limitado a Kiev e de neutralidade face à Rússia.
Segundo fontes ouvidas pelo Washington Post, vários dirigentes europeus e diplomatas estão preocupados com a hipótese de a Eslováquia se poder aliar à Hungria, sendo mais uma voz a bloquear o apoio da União Europeia à Ucrânia, ao mesmo tempo que se torna mais um país que defende o fim das sanções contra a Rússia.
Tornando-se o próximo primeiro-ministro ou estando num governo liderado pelo Smer-SD, Robert Fico pode mudar a política da Eslováquia e tornar o país mais próximo de Moscovo e mais longe de Bruxelas. Resta saber se terá os apoios para isso — e se vai iniciar mais um capítulo da sua já longa vida política.