894kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento (E), ladeado pelo primeiro-ministro, Luis Montenegro, durante a sessão plenária de discussão do programa de Governo, na Assembleia da República, em Lisboa, 11 de abril de 2024. ANTÓNIO COTRIM/LUSA
i

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

ANTÓNIO COTRIM/LUSA

Governo aumenta nível de ameaça para tentar travar aliança Pedro Nuno-Ventura

Montenegro desconfia que Pedro Nuno e Ventura até podem viabilizar o Orçamento na generalidade para depois o desfigurarem na especialidade. Se isso acontecer, Governo pondera eleições antecipadas.

Era há muito uma espécie de “Cenário C” do Governo que ia sendo repetido apenas à boca pequena no núcleo mais próximo de Luís Montenegro. O Executivo tem estudado atentamente as movimentações de Pedro Nuno Santos e André Ventura e tenta antecipar o que ambos podem fazer. Já poucos acreditam que o primeiro tenha “coragem” de chumbar o Orçamento do Estado e ninguém deposita verdadeira confiança no segundo. Neste momento, a equipa de Montenegro acredita piamente que o documento será viabilizado, porque o contrário seria um suicídio político para a oposição. Mas os riscos não estão eliminados.

A premissa é relativamente simples de imaginar. Existem dois momentos de discussão orçamental, a generalidade e a especialidade. No primeiro, aprovam-se ou não as linhas gerais; no segundo, que só acontece depois de terminado o primeiro, vota-se medida a medida e os deputados podem alterar o Orçamento do Estado.

O que deixa em aberto uma hipótese real: o Orçamento até pode ser aprovado na generalidade, previsivelmente com abstenção do PS do Chega, mas nada garante que, na discussão da especialidade, Pedro Nuno Santos e André Ventura não juntem forças para alterar o Orçamento e alterar drasticamente o Orçamento de Montenegro.

Miranda Sarmento não poderia ter sido mais claro: "Se desvirtuar [o Orçamento], obviamente que o Governo terá de perguntar aos portugueses se aceitam ter um Orçamento que que não reflete aquilo que foi o programa eleitoral"

É este o tal “Cenário C” que vai entrando nas contas do Governo e é isso que se tenta evitar a todo custo com o recurso à ameaça atómica: se Pedro Nuno Santos e André Ventura tiverem a pretensão de impor ao Governo um Orçamento que não é o dele, Luís Montenegro admite provocar uma crise política e avançar para eleições antecipadas.

Esta quinta-feira, Joaquim Miranda Sarmento disse-o para quem o quiser ouvir. Em entrevista ao Público e à Rádio Renascença, o ministro das Finanças deixou claro que, “se a oposição desvirtuar o Programa do Governo”, Luís Montenegro estará tentado a “perguntar aos portugueses se aceitam” um Orçamento do Estado que violenta o programa eleitoral com que a Aliança Democrática foi a votos.

De resto, Miranda Sarmento não poderia ter sido mais claro: “Se desvirtuar, obviamente que o Governo terá de perguntar aos portugueses se aceitam ter um Orçamento que, primeiro, possa pôr em causa o equilíbrio das contas públicas e, segundo, um Orçamento que não reflete aquilo que foi o programa eleitoral.” Desafiado a concretizar se esta era ou não uma ameaça velada de demissão e consequentemente eleições antecipadas, o ministro das Finanças preferiu não abrir mais o jogo.

[Já saiu o primeiro episódio de “Um rei na boca do Inferno”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de como os nazis tinham um plano para raptar em Portugal, em julho de 1940, o rei inglês que abdicou do trono por amor.]

“Isso é uma decisão que teremos de tomar. Não vale a pena especular sobre cenários que ainda não existem. O que temos pela frente é uma negociação, demos o ponto de partida há uma semana e meia, chamando todos os partidos da oposição com assento parlamentar. Retomaremos essa negociação no início de setembro e procuraremos acomodar aquilo que é possível de reivindicações, sobretudo dos partidos com maior expressão parlamentar e que podem decidir o desfecho deste Orçamento. Com estas duas premissas: não desvirtuar o Programa do Governo e manter o equilíbrio orçamental.”

Mas a questão é que o cenário existe e existe há muito tempo em São Bento. Como explicava o Observador ainda em junho, no Governo, ninguém ignora que este processo orçamental pode resultar num caos político. Admitindo que PS e Chega até permitem que o Orçamento do Estado passe na generalidade, os dois partidos podem perfeitamente desfigurar o documento através de votações cruzadas na discussão da especialidade, forçando Montenegro a executar um Orçamento que não é o dele, o que seria politicamente insustentável para a Aliança Democrática.

Na altura, ninguém se comprometia com um desfecho caso este cenário alternativo venha a confirmar-se. Mas já havia quem sugerisse que Luís Montenegro poderia deixar o cargo e precipitar novas eleições. “Se Orçamento ficar feito em retalhos, temos de ver o que fazemos na altura. Mas sim, pode não ser sustentável continuar”, ameaçava então um governante. Desta vez, Miranda Sarmento foi mais longe e concretizou a ameaça. Resta saber se será suficiente para condicionar Pedro Nuno Santos e André Ventura.

No limite, pode dar-se o caso de serem as duas bancadas que suportam o Governo, PSD e CDS, a chumbar o Orçamento do Estado na especialidade. Nesse caso, a bola passaria para Marcelo Rebelo de Sousa, que poderia decidir convidar o Governo a apresentar novo Orçamento do Estado (hipótese altamente improvável), permitir que Montenegro ficasse a governar por duodécimos (o que não corresponde ao padrão de decisão do Presidente da República) ou dissolver a Assembleia da República (pela terceira vez) e provocar eleições antecipadas.

Governo acredita que Pedro Nuno não terá “coragem” de chumbar o Orçamento

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.