Artigo em atualização ao longo do dia

O dia começou bem cedo para a comitiva de Jerónimo de Sousa que, depois de ter fechado a noite em Santarém rumou a Arcos de Valdevez para visitar uma exploração de cogumelos. Mas o plano não era bem esse. No dia anterior, a informação oficial coligação PCP-Verdes era a de que se iria realizar uma visita a uma exploração bovina, um tema que indiretamente tem estado na agenda política.

Daria, provavelmente, uma boa conversa, mas eis que “razões técnicas” impediram a visita da comitiva à exploração. A alternativa foi visitar uma outra exploração, também agrícola, que produz (mais consensuais) cogumelos, propriedade de um jovem agricultor que, surpreendentemente, não tinha grandes queixas além do investimento próprio que teve de fazer porque “não se quis meter com empréstimos à banca”.

Jerónimo desvalorizou a troca entre “vacas e cogumelos” afirmando que “gosta de cogumelos e de bife”. Uma espécie de ampla variedade nas questões alimentares, mas que em termos políticos pode marcar algumas diferenças. Jerónimo não é pelos cogumelos só nem pelos bifes só, o melhor a fazer é mesmo cozinhar os dois.

Depois de visitar a estufa da exploração, Jerónimo de Sousa pôde ainda provar o resultado do trabalho deste empresário. Um prato de cogumelos salteados foi servido à comitiva que “aprovou” a variante shitake. Mas o prato do dia era outro e Jerónimo de Sousa também reagiu à polémica que envolve o Presidente da República.

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E fê-lo com algum veneno: Para Jerónimo “por enquanto, vale a palavra do Presidente”, pelo menos até que haja “apuramento de todos os factos”. Depois logo se vê.

“Ouvi declarações do Presidente da República a afirmar claramente que não tem a ver com qualquer situação menos clara. É a palavra do Presidente, não tenho nenhuma razão para suspeitar, creio que até foi o próprio Marcelo Rebelo de Sousa que recentemente afirmava que era preciso fazer as averiguações e apuramento de todos os factos”, disse não se querendo “precipitar a fazer juízos de valor”.

Os cogumelos ainda deram jeito a Jerónimo para um paralelismo com a política portuguesa. Diz o secretário-geral do PCP que na política também há “os sãos e os venenosos” e que por vezes “esse veneno vem de onde menos se espera”. Questionado sobre quem é que o teria surpreendido com uma dose de veneno, Jerónimo de Sousa não quis responder.

O pedido de fiscalização sucessiva do Código Laboral já está no TC e Jerónimo espera “celeridade”

Ainda Jerónimo de Sousa não tinha terminado a visita ao Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), em Braga, e já o deputado do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares anunciava no twitter que o pedido de fiscalização sucessiva do código do trabalho tinha sido entregue no Tribunal Constitucional. Entre o INL e a junta de freguesia de Pevidém, em Guimarães, distam menos de 30 quilómetros e Jerónimo foi rápido a reagir à publicação de Pedro Filipe Soares. Tão rápido quanto espera que o Tribunal Constitucional seja, embora não tenha admitido quanto tempo gostaria que o período de fiscalização demorasse: “poderia ser entendido como uma pressão”, justificou.

Mas espera “a celeridade necessária” para que possa ser corrigido aquilo que as esquerdas parlamentares consideram “uma injustiça social e simultaneamente uma inconstitucionalidade”. Logo após a promulgação de Marcelo Rebelo de Sousa, PCP, Os Verdes e Bloco uniram-se para redigir o pedido que esta quarta-feira deu entrada.

Uma ação para enaltecer os bons exemplos, mas que precisa de uma “mãozinha” espanhola

“Estamos no estrangeiro”. A frase de Jerónimo, dita em tom de brincadeira, no átrio da entrada do INL podia ter sido apenas uma brincadeira, mas a verdade é que o INL goza mesmo de um estatuto especial que confere aos seus funcionários as mesmas condições que um diplomata estrangeiro tem em Portugal. As instalações são consideradas espaço internacional e até nas normas de acesso ao local essas diferenças são notórias. Fruto de uma parceria entre Portugal e Espanha o laboratório tem investigadores de 40 nacionalidades diferentes e que além de usufruírem de um estatuto de “diplomatas” têm para os filhos aquela que é uma das principais reivindicações da CDU: creche gratuita para as crianças até aos três anos.

Não é comum ver Jerónimo em ações que servem de bom exemplo, a CDU prefere maioritariamente chamar à razão pelo que está errado e até o secretário-geral justificou a opção: “normalmente visitamos locais onde existem as piores situações, mas também é bom vir ver esta realidade particularmente de uma matéria tão fascinante como é a investigação”.

Mas nem perante o bom exemplo Jerónimo abdicou do alerta para as condições dos investigadores e bolseiros pelas quais a CDU se debateu na última legislatura e de deixar mais um recado ao PS. Recordou a precariedade que os atinge, que preocupa o partido “tendo em conta que não podem determinar o seu futuro” e que “não encontrou resposta nas alterações à lei laboral do PS”.