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José Manuel Espírito Santo durante a comissão de inquérito sobre o BES, em dezembro de 2014
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José Manuel Espírito Santo durante a comissão de inquérito sobre o BES, em dezembro de 2014

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

José Manuel Espírito Santo durante a comissão de inquérito sobre o BES, em dezembro de 2014

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

José Manuel Espírito Santo (1945-2023). O homem que perdeu o "seu" banco duas vezes

Liderou um dos cinco clãs dos Espírito Santo, trabalhou na reconstrução do império, foi o primeiro a pedir desculpa aos lesados e lamentou que o seu apelido se tivesse tornado um "ativo tóxico".

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José Manuel Espírito Santo fica para a posteridade não só como o primeiro do clã familiar a pedir desculpa pela queda do BES, mas também como o homem que perdeu o banco duas vezes. Morreu este sábado, aos 77 anos.

Na complexa árvore genealógica dos Espírito Santo, composta por cinco grandes clãs, José Manuel liderava o ramo Pinheiro Espírito Santo, sendo um Espírito Santo de terceira geração. Era irmão mais novo de Manuel Ricardo Espírito Santo, que liderou o banco antes de Ricardo Salgado, entre 1973 e 1991, e primo do “Dono Disto Tudo”, o homem que liderou o BES até à queda, em 2014.

Morreu o primeiro Espírito Santo que pediu desculpa

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O percurso de José Manuel Espírito Santo esteve sempre ligado aos negócios da família, principalmente à banca. Por isso foi tão marcado pela perda do banco, por duas vezes: quando foi nacionalizado, após o 25 de abril, e já no novo milénio, com a queda da instituição financeira. Durante as décadas em que o banqueiro Ricardo Salgado esteve à frente do grupo, José Manuel foi o seu braço direito e principal apoio dentro da família Espírito Santo.

Entre as várias responsabilidades que o gestor assumiu no grupo, teve papéis como administrador, nomeadamente da ES Services no Luxemburgo, e liderou também o Banque Privée Espírito Santo na Suíça. No verão de 2014, José Manuel Espírito Santo detinha a segunda maior posição na holding Espírito Santo Control (ESC), com 18,53%, apenas ultrapassado pelos 19,37% de Maria do Carmo Moniz Galvão Espírito Santo Silva, “Ninita”, viúva de Manuel Ricardo Espírito Santo Silva, o antecessor de Ricardo Salgado na liderança do BES.

“Gostava que as minhas primeiras palavras fossem dirigidas aos clientes, investidores e colaboradores que confiaram na marca Espírito Santo. Embora isso não remedeie as suas perdas e o seu sofrimento, quero dizer que lamento profundamente tudo o que sucedeu.“
José Manuel Espírito Santo, 16 de dezembro de 2014

Na sequência da queda do banco, José Manuel Espírito Santo foi um dos principais arguidos do caso Universo Espírito Santo e o primeiro membro da família a pedir desculpas em público.

“Gostava que as minhas primeiras palavras fossem dirigidas aos clientes, investidores e colaboradores que confiaram na marca Espírito Santo. Embora isso não remedeie as suas perdas e o seu sofrimento, quero dizer que lamento profundamente tudo o que sucedeu”, afirmou em dezembro de 2014, numa audição na Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a queda do BES.

Irmão mais novo de Manuel Ricardo tornou-se num jovem subdiretor do BESCL

Os primeiros anos de vida de José Manuel Espírito Santo foram marcados pelo seguimento da chamada “rotina” dos Espírito Santo. Durante os tempos do Estado Novo, havia que “dar o exemplo e ter sentido de responsabilidade”, contou em 2000, num artigo publicado na revista do jornal Independente sobre a vida de uma das elites familiares portuguesas.

Os diferentes membros da família eram instruídos a trabalhar desde cedo, fosse no balcão do banco ou em cargos mais elevados. Já a nível político, era aconselhável que não levantassem ondas e evitassem manifestações de pensamento político, dentro e fora de portas. Segundo relatos da época, os negócios não se misturavam com a política.

O apelido familiar garantiu-lhe boas relações. Tornou-se sócio do Turf Club, um clube da alta sociedade portuguesa, a 24 de fevereiro de 1972. Apenas alguns meses depois do primo Ricardo Salgado e do irmão mais velho Jorge Manuel Espírito Santo Silva.

Até que chegou a revolução, que trouxe tempos agitados aos Espírito Santo. José Manuel tinha 29 anos e era já subdiretor do BESCL, o Banco Espírito Santo & Comercial de Lisboa. Depois do 25 de abril, o ambiente torna-se negro entre a abastada família e os movimentos sindicais. Sucedem-se os episódios de atrito.

A chegada da revolução trouxe tempos agitados aos Espírito Santo. José Manuel tinha 29 anos e era já subdiretor do BESCL, o Banco Espírito Santo & Comercial de Lisboa. Depois do 25 de abril, o ambiente tornou-se negro entre a abastada família e os movimentos sindicais. Sucederam-se os episódios de atrito.

Numa das greves convocadas pelo sindicato dos bancários, por exemplo, José Manuel foi um dos membros da família que viu o acesso barrado na sede do Banco Espírito Santo, conforme relatado no livro “O Ataque aos Milionários”. Só quando encontra o irmão, Manuel Ricardo, é que, juntos, conseguiram furar o cerco à porta, entrar no edifício e, em conjunto com outros líderes da instituição financeira, chegar à sala do conselho de administração.

O facto de José Manuel ser um dos membros da família que, à época, recebia um vencimento milionário não ajudou de forma nenhuma a aliviar o ambiente.

No final de 1974, a administração do banco decidiu passar a revisão d o sistema de gratificações para 1975. A maioria dos quadros concordou, mas 31 pessoas quiseram ficar com o bónus. Num plenário, os funcionários do BESCL votaram unanimemente na divulgação dessa lista. Havia três nomes da família, incluindo os de José Manuel Espírito Santo e Ricardo Salgado. Em 1974, os dois primos recebiam o mesmo: 27.500 escudos por mês, o equivalente a 5.026.07 euros nos dias de hoje. Além disso, tinham ainda uma gratificação de 500 escudos, cerca de 91,38 euros fazendo a equivalência aos valores de 2023. Pode não parecer muito, mas para o que se podia comprar com aquele dinheiro à época, era uma fortuna.

Preso em Caxias

Em março de 1975, José Manuel foi um dos Espírito Santo detidos no banco, em nome do Conselho da Revolução, e levado para Caxias. Ficou preso cerca de quatro meses e meio, partilhando uma cela com outros membros da família.

O seu irmão e presidente do banco, Manuel Ricardo Espírito Santo, e também Bernardo Espírito Santo, foram entretanto libertados, com a justificação de que “as respetivas detenções foram feitas sem conhecimento do COPCON”, o Comando Operacional do Continente. Mas José Manuel, o irmão Jorge e António Ricciardi continuaram detidos. As primeiras três décadas de vida de José Manuel foram completadas atrás das grades, a 2 de maio de 1975.

Desenho de José Manuel Espírito Santo, livro "O ataque aos milionários"

Um desenho da cela de Caxias, feito por José Manuel Espírito Santo e incluído no livro “O ataque aos milionários”, de Pedro Jorge Castro

Entretanto, enquanto alguns dos banqueiros Espírito Santo estavam detidos, no BESCL continuavam as reuniões de trabalhadores. Os funcionários elaboraram uma série de motivos para despedir vários quadros, incluindo o de José Manuel. As razões? Foi posto em causa por um crédito concedido a movimentos que eram considerados contra-revolucionários, como o Partido do Progresso e Partido Liberal, e por ter chegado à posição de diretor-adjunto ainda antes dos 30 anos. Além disso, beneficiava de “privilégios sem conta”, lê-se no livro “O ataque aos milionários”.

Enquanto continuava preso em Caxias, foi elaborada uma lista de banqueiros a quem as contas foram congeladas. Inicialmente, José Manuel ficou de fora dessa lista, mas passou a ter as contas vigiadas na sequência de uma nota do COPCON. Foi também proibido de sair do país. No verão quente de 75, vários bens da família passaram para as mãos do Estado português, incluindo o BESCL.

A vida no exílio

José Manuel Espírito Santo foi libertado a 25 de julho de 1975, mediante o pagamento de uma caução de 500 contos, hoje em dia o equivalente a 91.383 euros. Após a libertação, os Espírito Santo esconderam-se em casa de amigos até que, no fim desse mês, saíram do país. Disfarçados com boinas e gabardinas, para tentar escapar aos olhares das barricadas populares, rumaram ao norte e atravessaram a fronteira no Minho. A fuga foi feita com a ajuda de um passador, fruto de um contacto estabelecido em Caxias.

À chegada a Espanha, foram recebidos por um antigo oficial da Marinha, que levou os três Espírito Santo até uma quinta perto de Toledo. Por lá já se encontrava a mãe, Isabel Arnoso e, mais tarde chegariam também Manuel Queiroz Pereira, Ricardo Salgado e Mário Mosqueira do Amaral. A última a chegar foi Ana Espírito Santo, já com a filha recém-nascida, Ana Brito e Cunha.

Os Espírito Santo, procurados em Portugal, ficaram um mês a viver em Toledo, a reorganizarem-se. Os membros da família dividiram-se: Manuel Ricardo e António Ricciardi foram para Londres; Ricardo Salgado para o Brasil. José Manuel Espírito Santo começou pela chuvosa Londres, mas fixou-se mais tarde na Suíça, em Lausanne, onde tinha por vizinhos Maria da Conceição Espírito Santo e alguns membros da família Mello, Maria Amélia e Jorge, com o filho Manuel Alfredo.

Libertados, os Espírito Santo escondem-se em casa de amigos até que, no fim desse mês, saem do país. Disfarçados com boinas e gabardinas, para tentar escapar aos olhares das barricadas populares, rumaram ao norte do país e atravessaram a fronteira no Minho. A fuga foi feita com a ajuda de um passador, fruto de um contacto estabelecido em Caxias.

Apesar da situação da família, José Manuel Espírito Santo relatava em 2014 que continuavam a ter “uma coisa muito importante: um nome capaz de abrir portas no estrangeiro”. Terão sido os apelidos ainda sonantes a manter o estatuto da família a nível internacional. Em 1975, por exemplo, o irmão mais velho Manuel Ricardo, mesmo sem ter um banco para liderar, continuou a ser convidado para a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, e marcou presença no jantar do Banco Mundial.

Longe de Portugal, a família Espírito Santo expandiu os negócios a nível internacional. E, já no fim da década de 80, o clã regressou a Portugal e concorreu à reprivatização do BES. Mais de uma década depois de abandonarem o país e da nacionalização da instituição financeira, a família recuperou o banco. Em 1991, após a morte de Manuel Ricardo Espírito Santo, Ricardo Salgado chegou ao controlo do grupo familiar. José Manuel Espírito Santo tornou-se no seu braço direito. Afastados os tempos do exílio, os Espírito Santo eram novamente uma das famílias mais poderosas do país.

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O primeiro Espírito Santo a pedir desculpa e como o apelido se tornou “tóxico”

Em pleno verão de 2014, o império da família desmoronou-se. As atenções viraram-se para Ricardo Salgado, mas José Manuel Espírito Santo também foi acusado em vários dos processos criminais do universo Espírito Santo. No entanto, a sua defesa argumentou que teria sido apenas um “ator secundário” na falência do banco. “Fiz fé no meu presidente da comissão executiva, no meu companheiro de há 50 anos, no meu primo”, disse durante a comissão de inquérito em dezembro de 2014, a mesma onde apresentou o pedido de desculpas sobre a situação no grupo da família. Descreveu Salgado como um homem de confiança, mencionando uma relação quase de “irmãos”.

Mas também se mostrou “surpreendido com muita coisa”, admitindo que seria uma “grande desilusão” descobrir responsabilidades do primo na queda do império. Nessa comissão, admitiu que não tinha “uma explicação plausível” para um “colapso absolutamente incrível”.

Em alguns ramos da família, foi alvo de críticas pela “passividade” que demonstrou durante as mais de duas décadas em que Ricardo Salgado liderou o BES. Mas depois das declarações prestadas por José Manuel Espírito Santo no Parlamento, o administrador terá tentado entrar em contacto com Salgado. A chamada foi rejeitada – Ricardo Salgado deixou de atender o telefone ao primo, transmitindo um sinal de desagrado em relação ao depoimento perante os deputados, como escreveu na altura a revista Sábado.

Em alguns ramos da família, foi alvo de críticas pela “passividade” que demonstrou durante as mais de duas décadas em que Ricardo Salgado liderou o BES. Depois das declarações prestadas por José Manuel Espírito Santo no Parlamento, o administrador terá tentado entrar em contacto com Salgado. A chamada foi rejeitada – Ricardo Salgado deixou de atender o telefone ao primo, transmitindo um sinal de desagrado em relação ao depoimento perante os deputados.

No duelo que entretanto se seguiu entre Salgado e Ricciardi, José Manuel garantiu perante o Parlamento que nunca quis “ser um árbitro”, mas tornou-se conhecido o apoio dado ao primo Ricardo Salgado. No ano anterior, na reunião do Conselho Superior da família, onde cada clã tinha direito a ter dois representantes, a 7 de novembro de 2013, José Manuel Espírito Santo terminou a reunião em choque. Afinal, foi nesse encontro que Ricardo Salgado pediu o voto de confiança que colocou o Comandante António Ricciardi num (momentâneo) desacordo com o seu filho José Maria Ricciardi.

“Não há razão, nunca vi uma atitude destas no grupo, tenho 68 anos, já assisti a três sucessões, agora nunca vi ninguém da família levantar-se de uma sala de uma mesa de trabalho. E isto choca-me. Isto choca-me”, afirmou então José Manuel, como pode ouvir-se nas gravações das reuniões do Conselho Superior da família Espírito Santo.

O pedido de desculpas público de José Manuel Espírito Santo foi feito em nome “pessoal” e do seu ramo da família, os Pinheiro Espírito Santo. “Uma coisa são as responsabilidades individuais, e isso será apurado pelas entidades competentes e eu assumo as minhas. Mas outra coisa é a responsabilidade institucional”, afirmou em dezembro de 2014. “Em meu nome pessoal e do ramo familiar que represento, quero deixar as minhas primeiras palavras a essas pessoas, que foi quem mais sofreu com tudo isto e que merecem pelo menos um pedido de desculpa institucional”, disse no Parlamento.

O gestor lamentou que o nome do clã, que durante o período de exílio continuou a abrir portas, se tivesse tornado em algo “tóxico”. “O meu nome hoje é tido como um produto tóxico e isso para mim é muito duro”, afirmou durante a comissão de inquérito no Parlamento. “Eu sou da terceira geração. Os meus filhos são a quarta e os meus netos a quinta. Terem que conviver com um nome que é considerado tóxico é muito duro. Mas temos que carregar com a carga. Sou católico e penso que Deus nosso Senhor nos dá a carga de acordo com aquilo que podemos aguentar. Mas isto são problemas pessoais…”.

Foi acusado em dois processos do caso BES

Fruto da sua proximidade com Ricardo Salgado e do cargo de administrador do BES que desempenhou desde os anos 90, José Manuel Espírito Santo foi investigado pelo Ministério Público e pelo Banco de Portugal em praticamente todos os processos criminais e contra-ordenacionais que resultaram da queda do GES e da resolução do BES.

Em quatro dos inquéritos já concluídos por uma equipa especial de procuradores do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), o líder do clã Pinheiro Espírito Santo foi acusado em dois casos.

A acusação. Anatomia de uma associação criminosa que destruiu o Grupo Espírito Santo

No processo principal do caso Universo Espírito Santo, no qual foram investigados os principais factos que levaram à resolução do BES, nomeadamente a falsificação da contabilidade do banco e das holdings de controlo do GES, José Manuel ficou fora do principal rol de acusações.

Isto é, a prova indiciária indicou claramente que não integrava o petit comité com o qual Ricardo Salgado governava o BES com mão de ferro — e em circuito fechado — e do qual faziam parte Amílcar Morais Pires (ex- financial officer do BES), Isabel Almeida (diretora do Departamento Financeiro, Mercados e Estudos do BES) e Alexander Cadosch (diretor da Eurofin Securities). Curiosamente, nenhum era membro da família.

José Manuel Espírito Santo foi contudo acusado da alegada prática de oito crimes de burla qualificada e de um crime de infidelidade. Do ponto de vista prático, o banqueiro não foi acusado dos principais factos imputados a Salgado e ao seu grupo, nomeadamente, a alegada falsificação da contabilidade das diversas sociedades do GES, mas aparece na acusação.

O mesmo já não aconteceu com a última acusação do DCIAP, conhecida em julho de 2022, relacionada com o último aumento de capital social do BES, concluído em junho de 2014 — pouco menos de dois meses antes da resolução do banco.

Ricardo Salgado e mais três ex-administradores do BES acusados de manipulação de mercado e de burla qualificada

Neste caso, José Manuel Espírito Santo foi colocado no mesmo patamar de responsabilidade de Ricardo Salgado e foi acusado em regime de co-autoria dos crimes de manipulação do mercado e de burla qualificada. O mesmo aconteceu com os ex-administradores Amílcar Morais Pires, Rui Silveira e Isabel Almeida.

Mesmo assim, e ao contrário de Salgado e Morais Pires, José Manuel não foi acusado de alegadamente ter escondido de forma intencional do mercado o estado insolvente as várias holdings do GES já apresentavam no primeiro semestre de 2014, além das imparidades superiores a três mil milhões de euros e das operações de financiamento da área não financeira por parte do BES realizadas entre janeiro e julho de 2014 e que violaram o ring-fencing do BES determinado pelo Banco de Portugal.

Em 2019 José Manuel Espírito Santo sofreu um AVC, que o deixaria incapacitado de forma irreversível nestes quatro anos. Morreu sem conseguir ver qualquer reabilitação do nome da família, como desejaria. Em julho de 2014, depois de os Espírito Santo terem perdido o controlo do BES, ainda chegou a defender que se convidassem as novas gerações para a gestão do grupo, mas foi interrompido de forma crua por Ricardo Salgado: “O grupo acabou”.

Foi uma das raras vezes nessas reuniões do Conselho Superior em que José Manuel discordou do primo, recusando-se a aceitar o fim do império familiar, e insistindo na tentativa de preservar o prestígio do apelido, tal como fizera na véspera numa reunião do seu ramo familiar com mais de 40 pessoas: “Vamos defender o nome, vamos continuar a defender o nome. Eu não me chamo outra coisa se não Espírito Santo. Vamos continuar a defender o nome. Não tenho como me chamar outro apelido. E vamos dizer que o grupo está em dificuldades, mas vamos tentar juntar aquilo que se possa juntar, não é?”.

Não foi: os próximos anos indiciam, para já, um desfecho bem diferente do que o banqueiro teria desejado.

O velório de José Manuel Espírito Santo tem lugar este domingo das 16h00 às 20h00 na Quinta do Peru. O funeral decorre às 11h30 de segunda-feira no mesmo lugar.

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