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Tim Cook está desde 2011 na Apple. Agora, passa por tempos mais desafiantes
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Tim Cook está desde 2011 na Apple. Agora, passa por tempos mais desafiantes

Getty Images

Tim Cook está desde 2011 na Apple. Agora, passa por tempos mais desafiantes

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Menos vendas, mais dores de cabeça em tribunal e a turbulência na China. Estão a surgir fissuras na aparente solidez da Apple?

O ano começa com desafios e dores de cabeça para a Apple. Em bolsa, perdeu o estatuto de empresa mais valiosa do mundo. Nas contas, vê as vendas caírem e a preocupação com a China crescer.

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Não está declarada uma crise na Apple, mas quem segue os passos da marca da maçã consegue perceber que já houve tempos mais risonhos no percurso da tecnológica. Os resultados dos três últimos meses de 2023, habitualmente a época mais forte de vendas, só vão ser conhecidos em fevereiro, mas o facto de o diretor financeiro ter deixado avisos para um trimestre morno, em linha com o desempenho do ano anterior, gerou alguma apreensão entre os investidores.

Nesse dia, em novembro, a tecnológica apresentou o quarto trimestre consecutivo de recuo das vendas, um cenário que já não era visto desde 2001. Também tem sido notório o abrandamento das vendas de alguns segmentos de produtos, como o iPhone. O tombo no mercado chinês, um dos mais relevantes para a companhia, até levou Tim Cook a uma viagem surpresa ao país, onde, por causa do aumento da concorrência, a empresa lançou-se numa política de descontos, da qual costuma manter-se afastada.

As dores de cabeça não ficaram arrumadas em 2023. O início deste ano está a mostrar-se pouco auspicioso para a marca, que já teve pelo menos duas desfeitas em questões legais. Esta semana, o Supremo Tribunal rejeitou ouvir o recurso da Apple no processo movido pela Epic Games sobre a App Store e, noutro tema, os Apple Watch 9 e Ultra 2 voltaram a ser banidos nos EUA devido a uma disputa de patentes.

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Em bolsa, as ações têm vindo a cair nas últimas semanas e até foi ultrapassada pela Microsoft como a empresa mais valiosa do mundo. Embora os analistas reconheçam a existência de alguma “turbulência”, acreditam que possa ser um fenómeno de curto prazo. Tudo depende se a tecnológica ainda consegue tirar da cartola alguma funcionalidade para criar “novos hábitos de consumo”.

Crescimento dos serviços não é suficiente para compensar quebra noutros segmentos

Há quatro trimestres que as vendas da Apple recuam na maioria dos segmentos à exceção dos serviços, a área que mais cresceu nos últimos anos. A 1 de fevereiro, a empresa vai revelar os resultados do seu primeiro trimestre, referentes aos três últimos meses de 2023 (o ano fiscal da empresa termina em setembro). Se apresentar mais um trimestre com menos vendas, será o período de quebra mais longo desde 1998, quando Steve Jobs regressou à Apple em plena altura de crise.

No ano fiscal passado, a Apple viu as vendas caírem 3%, perfazendo 383,3 mil milhões de dólares. A caminho de completar 17 anos, o iPhone continua a ser, de longe, a categoria de produto mais bem sucedida da Apple e um ponto fulcral da sua estratégia, tendo gerado, em 2023, um volume de 200,6 mil milhões de dólares, mais de metade do total anual. No entanto, ainda é uma redução de 2% em comparação com o ano anterior, um rombo de quase cinco mil milhões. No segmento dos Macintosh (Mac), o tombo foi ainda maior, de 27%, gerando menos 10,8 mil milhões de dólares do que em 2022. No iPad e na secção de wearables e acessórios foram registados deslizes menos significativos, ambos de 3%. Só os serviços é que cresceram 9%, gerando receitas anuais de 85,2 mil milhões, o segundo maior motor de vendas da Apple.

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A tecnológica justificou estas variações, bastante notórias em algumas geografias, com diferenças cambiais face ao dólar. Mas os analistas referem outros fatores como a estagnação do mercado de smartphones e alterações do comportamento dos consumidores, que tendem a manter um telefone por mais anos. “O mercado global de smartphones tem estado a encolher desde 2017”, nota Pierre Veyret, analista da ActivTrades. “As vendas do iPhone, que ainda representam mais de metade das receitas da empresa, não só estão a abrandar em todo o lado, como também estão a ser feitas a um valor mais baixo, o que impacta significativamente a rentabilidade”, completa.

Veyret nota ainda que, com a consolidação do mercado de smartphones, “há cada vez menos consumidores para converter de telemóveis aos smartphones, levando o mercado a um nível de maturação”.

Pierre Veyret, analista da ActivTrades, acredita que as “turbulências atuais” no preço das ações” da Apple, que têm estado em queda desde o pico de 198 dólares em meados de dezembro, deverão ser algo de “curto prazo, à medida que a empresa continua a evoluir e inovar a par dos novos hábitos dos consumidores”.

Apesar do cenário, diz Veyret, “Tim Cook não está, até agora, realmente preocupado”. Até porque a empresa teve lucros de quase 97 mil milhões de dólares, mesmo que mais baixos do que há um ano. “De facto, estas mudanças estruturais no mercado de smartphones já estavam previstas pela empresa, que decidiu lentamente começar a diversificar as receitas entre a venda de produtos físicos e a implementação de serviços aos consumidores”, nota o analista. E, mesmo que essas fontes de receita ainda “estejam no início”, Veyret acredita que os “serviços já estão implementados e a funcionar e são vistos como o futuro da companhia, já que garantem margens muito melhores do que a venda de produtos físicos”.

De qualquer forma, o analista da ActivTrades acredita que as “turbulências atuais” no preço das ações” da Apple, que têm estado em queda desde o pico de 198 dólares em meados de dezembro, deverão ser algo de “curto prazo, à medida que a empresa continua a evoluir e a inovar a par dos novos hábitos dos consumidores”.

Mesmo com mercado de smartphones em queda, Apple conseguiu destronar a Samsung

Esta semana pode ter sido recheada de notícias desafiantes para a Apple, mas a empresa de Tim Cook teve pelo menos um ponto a seu favor: conseguiu destronar a Samsung de marca mais vendida do mundo. É preciso recuar a 2010 para encontrar outra fabricante que não a empresa sul-coreana no lugar de destaque do pódio.

Os números preliminares de vendas globais divulgados pela consultora IDC traçam um mercado de smartphones em queda em 2023, com um recuo de 3,2% em relação ao ano anterior. Foram vendidos 1,17 mil milhões de smartphones, o número mais baixo numa década, devido aos desafios macroeconómicos, aponta a IDC. Do bolo total, 234,6 milhões foram vendidos com a marca da Apple e 226,6 milhões com a da Samsung.

epa10857062 A display of the new Apple iPhone 15 at an Apple product launch event on the campus of Apple Park in Cupertino, California, USA, 12 September 2023.  EPA/JOHN G. MABANGLO

Um analista do Barclays descreveu as vendas do iPhone 15 "como sem brilho"

JOHN G. MABANGLO/EPA

Ao Observador, Francisco Jerónimo, vice-presidente de dispositivos móveis da IDC Europa, explica que há um fator a contribuir para a queda generalizada do mercado de telefones: a consciência de que para um telefone funcionar bem e durar não pode ser dos mais baratos. Para ter um equipamento que dure anos, os consumidores estão dispostos a investir mais, optando por segmentos de topo, e, por isso, trocam com menos frequência de dispositivo, encolhendo o mercado.

“Como é óbvio, a Apple lidera nessa categoria [de preços mais altos]”, explica o especialista, notando que o “ecossistema e a facilidade da experiência de utilização dos telefones da Apple continuam superiores aos da concorrência, mesmo que os outros tenham especificações mais avançadas”. O funcionamento em ecossistema – é normal ver alguém que tem um iPhone a usar AirPods, por exemplo – é algo que “está a dar frutos à Apple”, diz Francisco Jerónimo.

É notório que a Apple tem vindo a aumentar os preços ao longo dos anos, mas isso “não é um fator limitativo quando os produtos são bons”, acredita o analista da IDC. Além disso, considera que há outro fator a jogar a favor da Apple: o valor de um iPhone no momento das retomas. “A retenção de valor de um iPhone é superior à da concorrência, consegue-se um valor significativamente alto se o vender em canais de troca”, refere. “Sabemos que se comprar um telefone da Apple se vai conseguir vender mais tarde por um valor interessante.”

Apesar da vitória nas vendas anuais, Francisco Jerónimo não acredita que, mesmo que se estejam a ver “alguns problemas” no desempenho da Apple na venda de equipamentos novos, “vá cair substancialmente na quota de mercado”. “Tenho sérias dúvidas de que vá sofrer com a desaceleração do mercado”, considera. Vai ser necessário ficar atento ao que a tecnológica de Tim Cook “vai fazer para atrair clientes”, um cenário que poderia passar pela “entrada no segmento dos foldables [dobráveis]” ou por novidades na área dos serviços.

Da Samsung à Huawei, a aposta nos telefones dobráveis ganha força. O que leva a Apple a não ir a jogo?

A Samsung pode ter perdido o título de fabricante mais vendida por estas contas da IDC, mas não deitou a toalha ao chão. A marca sul-coreana revelou esta semana uma aposta nas funcionalidades de inteligência artificial (IA) na gama S24. Até agora, a IA tem sido um conceito pouco explorado nas comunicações da Apple.

Francisco Jerónimo nota que a IA é uma estratégia da Samsung “para tentar diferenciar-se através de algo disruptivo”, mas que não deverá ser um motivo de pressão para a Apple. “Sabemos que a Apple só avança numa determinada direção quando conseguir apresentar algo em que seja superior aos concorrentes”, recorda. “É normal que vá reagir e que tenha a sua estratégia, mas se não [apostar na IA] não me surpreende, só quando for acrescentar alguma coisa é que avançará.”

Samsung lança linha S24 e aposta na inteligência artificial para traduzir chamadas em tempo real (e não só)

IA ajudou Microsoft a “roubar” o título de mais valiosa em bolsa

A Apple foi a primeira a inaugurar três clubes: o das “trillion dollar babies” quando alcançou o primeiro trillion (bilião) em bolsa em 2018; depois o de um valor de mercado de dois biliões, em 2020, e o terceiro bilião chegou em janeiro de 2022. De todas as vezes, foi renovando o estatuto de cotada mais valiosa do mundo.

Até que a IA generativa entrou em campo e começou a beneficiar algumas empresas que apostam na área, nomeadamente a Microsoft. A 11 de janeiro, a Microsoft superou durante alguns minutos o valor em bolsa da Apple, para logo devolver o “posto” à dona do iPhone. No dia seguinte, ficou consolidada a ultrapassagem, dando o título de mais valiosa à Microsoft, ainda que por uma margem ligeira.

Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, explica que a capitalização bolsista da Microsoft tem sido “impulsionada pelo foco na inteligência artificial generativa, um setor que tem conquistado cada vez mais o interesse dos investidores”. O facto de a Microsoft ser associada a um posto de “liderança na IA”, até pela ligação estreita com a OpenAI, do ChatGPT, também aguça o apetite pelos títulos da empresa. Por sua vez, a Apple “enfrenta desafios, com a diminuição da procura, incluindo do seu principal produto, o iPhone”, nota Paulo Rosa.

A Apple viu logo no início do ano alguns analistas a rever em baixa as recomendações para os títulos, um sinal a que os investidores costumam prestar atenção. A 2 de janeiro, Tim Long, analista do Barclays, emitiu uma nota aos clientes sobre a tecnológica, classificando os títulos de “underweight” devido às “vendas sem brilho do iPhone 15”, especialmente na China, antecipando que o iPhone 16, esperado para setembro, venha a ter um desempenho semelhante. “Ainda estamos a sentir alguma fraqueza nos volumes do iPhone, assim como falta de recuperação nos Mac, iPad e wearables”, justificou.

Long ainda baixou o preço-alvo das ações da Apple, de 161 para 160 dólares, e antecipou que o negócio de “serviços não cresça mais de 10%”. No dia em que foi conhecida a nota, a Apple caiu 4% em bolsa.

As preocupações com a China, onde a Apple até já faz descontos

A China é um fator referido constantemente pelos analistas que acompanham a Apple. O gigante asiático é tão relevante para a tecnológica que, enquanto as vendas da Europa são agrupadas, a China é apresentada isoladamente nas contas.

“Em 2023, o mercado chinês representou já quase um quarto das entregas do iPhone, tendo superado pela primeira vez as vendas nos EUA, agora segundo país de destino dos smartphones da Apple com 21% das vendas”, explica Paulo Rosa, do Banco Carregosa. Fatores como uma “economia próspera, o crescimento da classe média e a preferência dos consumidores por smartphones de última geração” foram alimentando a expansão da Apple na China.

Até que a empresa começou a ter dificuldades nesta geografia, onde até aqui liderava de forma confortável o segmento dos topos de gama. No ano fiscal de 2023, as vendas na China recuaram 2,5%, para 15,1 mil milhões de dólares. Paulo Rosa nota que a recuperação económica após a pandemia, que “tem sido lenta”, e o surgimento de concorrentes, como a Huawei, podem justificar a quebra.

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A Apple tem dominado o segmento premium na China, mas a concorrência da Huawei está a tornar-se mais forte

SOPA Images/LightRocket via Gett

Embora na Europa o negócio da Huawei tenha sido afetado pela guerra comercial, que culminou na falta de acesso aos serviços da Google e ao desenvolvimento de um sistema operativo próprio, a sua quota de mercado está em expansão na China. De acordo com a consultora Counterpoint Research, as vendas da Huawei na China cresceram 37% no terceiro trimestre de 2023, enquanto as das Apple encolheram 10%, cita o Wall Street Journal.

Não é só a concorrência a gerar preocupação com o negócio da tecnológica na China. Em setembro, uma notícia do Wall Street Journal dava conta de que o governo chinês tinha banido o iPhone da lista de telefones que os funcionários governamentais podem usar. Tratou-se, na verdade, de um alargamento da lista de agências impedidas de usar o iPhone, uma vez que algumas áreas mais sensíveis já tinham esta limitação. Foi mais uma tentativa do governo chinês de reduzir a dependência ao equipamento estrangeiro.

Mas terá sido o suficiente para lançar alertas à liderança da Apple, levando Tim Cook a uma viagem surpresa à China, em outubro, para visitar um fornecedor relevante e reunir-se com governantes chineses, incluindo Wang Wentao, o ministro do Comércio.

No entanto, a visita do CEO não terá sido suficiente para “animar” o sentimento dos consumidores chineses e, já este ano, foi publicada uma nota onde se estima que, só na primeira semana do ano, as vendas do iPhone tenham recuado 30% no país. Aproveitando o pretexto do ano novo chinês, a Apple recorreu a algo que raramente costuma fazer: descontos. No site da marca na China, é possível ver um aviso no qual são prometidos descontos de até 500 yuans na compra de um iPhone, o equivalente a cerca de 65 euros.

“A Apple tem respondido com corte nos preços, mas a competição por este mercado promete ser intensa”, antecipa Paulo Rosa, do Banco Carregosa, novamente devido à presença da Huawei. “A linha Mate 60 é amplamente vista como um marco do regresso da Huawei ao mercado de smartphones de última geração, após anos de sanções dos EUA que anteriormente dificultaram o seu progresso.”

As dores de cabeça nos tribunais que podem aumentar em 2024

Nos primeiros dias do ano, o Financial Times antecipou que 2024 poderá ser um ano de batalhas em tribunal para a Apple e de alguma pressão para cumprir com as legislações europeias, nomeadamente a Lei dos Mercados Digitais.

Num dos casos, a Apple poderá ser um dano colateral. O processo que corre em tribunal contra a Google, com a justiça norte-americana a investigar a existência de um monopólio, pode penalizar a Apple. O NYT avançou que a Google terá feito um pagamento de 18 mil milhões de dólares à Apple em 2021 para garantir que o Google é o motor de pesquisa apresentado por defeito aos consumidores no Safari, o navegador desenvolvido pela Apple. Ora, se a Google perder os pagamentos regulares deverão cair por terra, consideram os analistas norte-americanos ouvidos pelo Financial Times, uma vez que a empresa da Alphabet está a pagar para ter uma vantagem concorrencial.

Mas há mais casos a implicar a Apple. Em 2020, a Epic Games, a responsável pelo popular jogo Fortnite, avançou com um processo contra a Apple por ter sido bloqueada na App Store. A questão não é nova, é certo: há vários anos que quem desenvolve aplicações se queixa da comissão de 30% cobrada pela Apple nas compras de apps (por exemplo, quando adquire ou aplicação ou, mesmo nas gratuitas, compra algo adicional num jogo).

Esta semana, a Apple sofreu uma derrota quando o Supremo Tribunal dos EUA recusou analisar o recurso à decisão que obriga a aceitar pagamentos nas apps sem que passem pela App Store. Ou seja, quem for responsável por aplicações pode apresentar alternativas de pagamento aos clientes sem ter de passar pela loja da Apple, o que dispensaria a comissão.

O Supremo Tribunal também rejeitou o recurso apresentado pela Epic Games, o que levou o CEO Tim Sweeney a falar no fim da batalha legal – pelo menos desta batalha. No fim da semana, a Apple alterou as condições da App Store, apresentando uma comissão de 27% aos programadores que queiram métodos alternativos de pagamento.

Como seria de esperar, a Epic Games criticou as mudanças, voltando a falar em práticas “anticoncorrenciais” e que “minam completamente” a decisão judicial. O Spotify juntou-se às críticas e, ao The Verge, acusou a empresa de Tim Cook de “não parar, por nada, de proteger os seus lucros”, mesmo que seja “à custa de programadores e consumidores no seu monopólio da App Store”.

Mesmo sem a decisão dos tribunais norte-americanos, a Apple já seria obrigada a criar esta forma alternativa de pagamentos para cumprir com a legislação europeia — Lei dos Mercados Digitais — até março.

Mas há ainda outro fantasma a pairar sobre a Apple: a possibilidade de uma investigação relativo a questões de concorrência, por parte do Departamento de Justiça dos EUA. De acordo com a Bloomberg, poderá ter início já em março, focando-se nas limitações de software e hardware no iPhone e iPad. Segundo o analista Pierre Veyret, da ActivTrades, a possibilidade de a Apple ser confrontada com um julgamento de grande escala “em casa” já estará a ter efeito no apetite dos investidores.

A batalha das patentes do Apple Watch “não deverá complicar o futuro” da empresa

A Apple não tem apenas batalhas de concorrência, também tem contratempos com patentes. No ano passado, a Massimo, uma pequena empresa de dispositivos médicos, avançou com um processo no qual acusou a Apple de infringir a patente do sensor de medição de níveis de oxigénio presente no Apple Watch 9 e Ultra 2.

Em outubro, foi considerado que a Apple estava a infringir a propriedade intelectual da Massimo. A empresa optou por retirar os equipamentos das lojas e do site nos EUA “por precaução” a seguir ao Natal, enquanto decorria o período de revisão do processo. Uma ordem do tribunal decretou a suspensão da proibição e o bloqueio foi interrompido a 27 de dezembro. Até que, esta semana, chegou ao fim a “benesse” à Apple e a proibição foi restabelecida, com efeitos desde 18 de janeiro.

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Francisco Jerónimo, analista da IDC que acompanha também o mercado de smartwatches, considera que o bloqueio, que afeta a Apple no seu mercado mais relevante e justamente nos dois modelos “estrela” da linha de relógios, “não deverá complicar o futuro” da tecnológica. Porém, mostra-se “admirado por não terem chegado a um acordo”, especialmente tendo em conta a dimensão da Apple.

“Até acho que não é algo em que a Apple se devesse ter envolvido”, admitindo que “poderá ter sido uma questão de arrogância tentar defender-se, até porque o impacto nas vendas é significativo”. “Acho estranho ter chegado até este ponto, até porque são produtos relevantes e que estão a ter bons crescimentos”, nota.

Paulo Rosa, do Banco Carregosa, admite que a “Caixa de Pandora” das patentes tenha sido “aberta”. “A batalha do Apple Watch anuncia novas disputas de patentes no futuro”, acredita.

Os Apple Vision Pro foram apresentados em junho. Vão chegar em fevereiro ao mercado, mas só nos EUA

Vision Pro chega ao mercado em fevereiro. O que poderá fazer pelo negócio?

Logo no início deste ano, a Apple anunciou o calendário para a chegada dos Vision Pro ao mercado, o headset de realidade mista que anunciou em junho do ano passado. Por agora, só os Estados Unidos é que vão receber o equipamento: as pré-vendas abriram a 19 de janeiro e os Vision Pro ficarão disponíveis a 2 de fevereiro.

Quando foram apresentados, na conferência de programadores da Apple, foram descritos como o início da “computação espacial”, expressão que Tim Cook também usa no comunicado no qual anunciou as datas. Na apresentação, já se tinha percebido que ia ser um equipamento bastante caro, com preços que arrancam nos 3.500 dólares nos EUA.

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Dado o preço, não é expectável que o headset se torne num produto de massas, pelo menos para já. Ainda assim, a IDC estima que possam vir a ser vendidas “45/55 mil unidades”, refere Francisco Jerónimo. “É um produto muito interessante”, refere o analista, que já teve oportunidade de experimentar o headset. “Vai esgotar”, acredita, devido à corrida das empresas ao produto.

Nota que, nos cerca de 15 minutos em que esteve com os Vision Pro, ficou “impressionado” com a qualidade de imagem, relatando a experiência de fazer uma chamada no FaceTime com o headset, “em que é possível ver a cara da pessoa à frente”. Mas, tal como algumas análises feitas por meios especializados, notou “um problema”: “É um produto pesado”, o que não se conjuga com algo que, na essência, deverá ser de uso prolongado. A Apple tem uma parceria com a Disney para adaptar os conteúdos a este equipamento e até mostrou usos no mundo do trabalho.

A Apple tem um registo favorável a massificar segmentos em fase de crescimento, mas por agora é cedo para antecipar o peso que este equipamento de realidade mista possa vir a ter no negócio da empresa.

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