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Milton Cappelleti

Milton Cappelleti

Não se fala, bebe-se. O vinho português está cada vez mais nas bocas do mundo

Exportações que não param de crescer há cinco anos, honras de capa na Wine Spectator e novas bolsas de crescimento na China ou Polónia. Lá fora, quando o assunto é vinho, a moda é beber em português.

A 30 de junho, “Wine Spectator”. Portugal fez a capa daquela que é uma das mais prestigiadas publicações do setor dos vinhos, com o Douro como cenário. A “histórica nação vitivinícola”, escreveram. As medalhas, referências, distinções sucedem-se. Em novembro de 2014, o Dow’s Porto Vintage 2011 foi considerado o melhor vinho do mundo, pela mesma revista. Em terceiro e quarto lugar outros dois nomes que também nascem e bebem das terras que em 2001, a UNESCO classificou como Património da Humanidade – os tintos Chryseia e Quinta Vale do Meão, ambos de colheitas de 2011.

Em dois meses, 279 medalhas na Alemanha, França e China. “O vinho português está na moda”, disse Cátia Moura, gestora da associação ViniPortugal, à agência Lusa. Moda ou não, as distinções somam-se. Em março, o concurso alemão Berliner Wein Trophy entregou 92 medalhas a vinhos portugueses. O parisiense Viralies Internationales entregou 79 e na Ásia e os China Wine & Spirits Awards distinguiram 108 rótulos nacionais. Em abril, novo destaque: duas empresas portuguesas que entram para o top 10 das melhores do mundo do setor vitivinícola, a Sogrape e a Casa de Santos Lima, em quarto e oitavo lugar respetivamente. A distinção esteve a cargo da Associação Mundial de Críticos e Jornalistas de Vinhos e Bebidas.

Nos primeiros três meses de 2015, os portugueses compraram mais 2,85% de vinho em volume do que em igual período do ano passado. Contudo, o preço médio de venda caiu 2,53%, segundo os dados divulgados pelo IVV. Porque os portugueses compraram mais nos canais de distribuição do que nos restaurantes.

“Portugal está, de facto, a ser muito mais falado por opinion makers internacionais. É um dos países com maior rácio de entrega de medalhas face às amostras enviadas, ou seja, é um dos que tem mais medalhas, mas é dos que envia menos vinhos”, conta ao Observador Frederico Falcão, presidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV). E não é só do emblemático vinho do Porto que se fala. Em abril, a Comissão Europeia também afirmou que vai cofinanciar com quase um milhão de euros um programa de promoção do vinho verde português no mercado europeu.

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Da euforia na crítica aos números. Para Fernando da Cunha Guedes, presidente da Sogrape, a empresa que mais exporta vinho em Portugal, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), ainda é preciso chegar ao consumidor internacional. “Nós temos qualidade inequívoca e essa qualidade tem sido reconhecida internacionalmente, não só pelos prémios obtidos mas também pelo jornalismo de especialidade, que tem valorizado cada vez mais os nossos vinhos. Qualidade existe. Agora, é preciso chegar ao consumidor”, disse ao Observador.

A família Guedes, da Sogrape, com o pai Fernando Guedes e os filhos Manuel Guedes, Salvador Guedes e Fernando da Cunha Guedes

Fabrice Demoulin

E se ainda não tem um copo na mão pode ser por mero acaso. Se lá fora os vinhos portugueses têm aguçado as papilas gustativas dos jornalistas de especialidade, por cá, o consumo também está a crescer. Nos primeiros três meses de 2015, os portugueses compraram mais vinho em volume do que em igual período do ano passado: mais 2,85% – apesar de o preço médio de venda ter caído 2,53%, segundo os dados divulgados pelo IVV. A justificação está no ato de compra: os portugueses estão mais adeptos do vinho em casa do que na rua. No primeiro trimestre do ano, as vendas nos canais de distribuição subiram 4,28% em volume e 2,58% em valor, quando no canal Horeca (hotéis e restaurantes) caíram 1,68% em volume e 2,43% em valor.

Exportações crescem 25% em cinco anos

O vinho português anda nas bocas do mundo? Anda. E não é porque se fala nele. É porque há cinco anos que as exportações não param de crescer. Nos primeiros quatro meses de 2015 subiram perto de 4,5% em valor face ao mesmo período do ano passado. No total, em 2014, Portugal exportou cerca de 729,3 milhões de euros, mais 25% do que o que vendeu em 2009 ao estrangeiro, perto de 582 milhões de euros, revela o INE. Contudo, um alerta: desde 2012 que as vendas ao estrangeiro têm perdido volume – caíram 6,20%, perfazendo um total de 285,2 milhões de litros em 2014. Em 2012, Portugal tinha exportado 336,3 milhões de litros. Porquê? Porque vende cada vez menos vinho a granel – e cada vez mais engarrafado. Há cada vez mais marcas com selo assumidamente português à mesa.

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Ilustração: Milton Cappelletti

“O vinho português tem uma conotação fora de Portugal muito superior do que há 10 ou 15 anos. Os nossos vinhos têm mais rendibilidade, sem dúvida nenhuma”, disse ao Observador Martim Guedes, administrador da Aveleda, a quinta maior empresa exportadora do país e a primeira do ranking que não tem o vinho do Porto no portefólio. “Eu acho que a nossa posição no mercado é sólida e veio para ficar. Nos últimos 20 anos, houve uma enorme profissionalização do setor, o país formou uma série de técnicos. Há um know-how e uma aposta na educação que dá frutos no longo prazo”, acrescentou um dos líderes da casa mãe do Casal Garcia.

Para Fernando Cunha Guedes, também não há dúvidas: “Os vinhos portugueses, de forma geral, têm vindo a melhorar muito em termos de qualidade. Há algumas regiões que se sobressaem face a outras e essa qualidade tem sido reconhecida por quem sabe”, afirmou o líder da Sogrape, casa mãe do rosé Mateus. O presidente do IVV destaca um dado interessante face a 2014: “Dos 11 principais produtores e exportadores mundiais, apenas três países conseguiram crescer. Portugal foi um deles, os outros foram Itália e Nova Zelândia”, disse.

"Está a beber-se menos vinho, mas melhor vinho. No caso específico do vinho do Porto, o que temos percebido é que há uma melhor evolução no crescimento das chamadas categorias especiais"
Fernando da Cunha Guedes, presidente da Sogrape

E se grande parte da história das exportações portuguesas tem sido feita com o vinho do Porto à cabeceira, agora há outros intervenientes que têm vindo a conquistar terreno, os chamados vinhos tranquilos – ou seja, os não Porto. O peso que o vinho do Porto detém nas exportações (em valor) caiu cerca de 2,6 pontos percentuais em quatro anos, de acordo com os dados disponibilizados pelo IVV. O vinho com denominação de origem (DO) – que pelas suas características está diretamente associado a uma região – cresceu 2,5 pontos.

Entre 2013 e 2014, esta transferência é ainda mais evidente: no final de 2014, Portugal exportou cerca de 148 milhões de euros de vinho DO, mais 9,9% do que no ano anterior – representava no final do ano 20,3% do mercado das exportações. Quanto ao vinho do Porto, exportou 314,3 milhões de euros, menos 0,6% do que em 2013, representando 43,1% do mercado. “O vinho do Porto, apesar de continuar a ser emblemático, tem vindo a perder mercado, mas mais porque os outros estão a crescer”, diz o presidente do IVV.

As exportações do vinho verde subiram 31% entre 2010 e 2014 e atingiram no último ano cerca de 49,8 milhões de euros

O líder da Sogrape, que detém marcas como o Porto Ferreira, Sandeman ou Offley, explica que o néctar do Douro tem vindo a cair ligeiramente nos últimos anos, mas porque se tem verificado uma alteração no consumo. “A boa notícia é que, tal como noutras categorias, está a beber-se menos vinho, mas melhor vinho. No caso específico do vinho do Porto, o que temos percebido é que há uma melhor evolução no crescimento das chamadas categorias especiais, as premium, em detrimento dos vinhos standard”, referiu.

Se há vinho que tem cativado a atenção exterior é aquele que se produz entre o Douro e o Minho, na região demarcada dos vinhos verdes. A Comissão Europeia vai cofinanciar com quase um milhão de euros um programa de promoção do néctar verde nacional no mercado europeu, cujos países alvo são a Alemanha, o Reino Unido e a Suécia, além de Portugal. Em quatro anos, as exportações do vinho verde subiram 31% e atingiram em 2014 cerca de 49,8 milhões de euros, de acordo com os dados divulgados pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV). O crescimento das vendas ao exterior já estará, inclusive, a causar problemas de stock, de acordo com o que foi avançado por Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV, citado no Diário Económico. “Não temos vinho suficiente em reserva para as vendas que precisamos de fazer”, disse.

O vinho verde é dos tranquilos, o que mais exporta, a seguir ao vinho do Porto. E está com uma adesão excelente, porque é um vinho diferenciado. Só pode ser feito nesta região e tem características que mais nenhuma tem – uma frescura e uma leveza diferente dos outros”, disse Martim Guedes ao Observador. Na Aveleda, o Casal Garcia branco é líder em vendas no mercado nacional e no top 3 dos países para onde mais exporta: Alemanha, Estados Unidos da América (EUA) e França. Em Portugal, Alemanha e França, as vendas de 2014 subiram face às de 2013 – 9%, 10% e 22%. Nos EUA caíram 2%.

Na Sogrape, uma das cinco marcas estratégicas para o futuro é a Gazela, um vinho verde que em 2014% cresceu 4% nas vendas globais, e é dos que mais vende nos EUA, o principal mercado de exportação da empresa – representa 14% do total. “Não há vinhos semelhantes [aos verdes] em termos internacionais e têm a enorme vantagem de serem vinhos muito frescos, muito leves, com baixo teor alcoólico e que realmente tem capturado o interesse de consumidores internacionais”, explicou Fernando da Cunha Guedes. Frederico Falcão, do IVV, concorda. “Quando vamos a ações promocionais de vinhos portugueses no estrangeiro, é engraçado porque encontramos sempre quem pergunte pelos vinhos verdes. É uma região que está a crescer e tem uma procura grande dentro e fora de Portugal”, diz.

E as “bolsas de crescimento” onde estão?

O país que mais compra vinho nacional (em valor) é França. Em 2014, Portugal exportou 110,4 milhões de euros para aquele país, mas perdeu terreno face a 2013 – menos 2,5%. Em 2015, a tendência parece já ser de subida, com as vendas em França a crescerem 3,4% nos primeiros quatro meses do ano, quando comparadas com as de igual período em 2013. Angola é o mercado que se segue – o segundo país que mais compra vinho a Portugal – 95,5 milhões de euros em 2014, mais 1,9% do que em 2013. E líder quando o assunto são litros: em 2014, Angola comprou 62,7 milhões de litros de vinho português. França comprou 58% do que Angola comprou: cerca de 36,5 milhões de litros.

"É um mercado [o norte-americano] com muito potencial de crescimento, que está a crescer muito em termos de consumo e que acaba por funcionar como montra"
Frederico Falcão, presidente do Instituto do Vinho e da Vinha

“O mercado francês é influenciado pelo vinho do Porto, que tem algum peso nas exportações. Mas o maior mercado em volume é Angola, que tem uma ligação historicamente forte com Portugal. É o nosso principal mercado em vinho”, referiu Frederico Falcão. Entre 2010 e 2014, as exportações para Angola cresceram 70% em valor. No último ano, representava cerca de 13% do mercado total das exportações. Depois de França e Angola, os países que mais compraram vinho português, em valor, foram o Reino Unido, os EUA e a Bélgica.

Para o líder do IVV, os EUA são um país “claramente estratégico” e “o principal mercado” para onde o mercado do vinho “está a olhar”. “É um mercado com muito potencial de crescimento, que está a crescer muito em termos de consumo e que acaba por funcionar como montra”, disse. Na Sogrape, os EUA são o segundo país onde as marcas da empresa mais vendem – sendo que o primeiro é Portugal. “Os Estados Unidos assumem-se claramente como o mercado consumidor por excelência, em termos internacionais”, disse.

Na hora de fazer contas aos países que mais cresceram entre 2010 e 2014, as surpresas vão para o continente africano e para o leste da Europa. Apesar de o peso que alguns países detêm no total das exportações não chegar sequer a 1% do mercado, o que é certo é que as apostas são claras: em quatro anos, há 16 países que crescem acima dos 200%, sendo que o top 10 é ocupado por países como Camarões, Guiné Equatorial, Camboja, Namíbia, Lituânia, Bahamas, Estónia, Senegal, Filipinas e Letónia. Mas apesar de obterem crescimentos que oscilam entre os 200 e os 700%, nenhum tem ainda uma posição relevante no panorama total das exportações.

O primeiro país com maior crescimento em quatro anos e que comprou, em 2014, mais de 5 milhões de euros de vinho português é a Polónia, que cresceu 128%, seguido de Moçambique, que cresceu 102%. A China, por exemplo, cresceu 92%, e Portugal já é o quinto fornecedor europeu dos vinhos importados naquele país. De acordo com declarações de uma responsável da Associação Interprofissional do Setor Vitivinícola à agência Lusa, dentro de uma década, o vinho português pode ser “a próxima tendência” de consumo dos chineses. Com uma quota de mercado superior a 5%, destaque para Angola, que cresceu 70% em quatro anos, e para a Alemanha e EUA, que cresceram 32%, em igual período.

Frederico Falcão explica que há “claramente uma aposta” em novos mercados. Fernando da Cunha Guedes, da Sogrape, avança que apesar de os mercados maduros serem importantes, já se torna difícil crescer. As “bolsas de crescimento” estão agora em países como China, Rússia e Japão, alguns da América Latina, o continente africano e o Leste Europeu, revela. Na Aveleda, Martim Guedes explica que o objetivo é entrar em cinco novos mercados por ano. Os últimos foram Dubai, Qatar, Namíbia, Malásia e Taiwan. Em 2015, já há vinho português da Aveleda na República Checa.

Parece não haver dúvidas: o mundo está a acordar para os néctares portugueses. E as opiniões são unânimes. “Têm uma relação entre qualidade e preço excelente e são diferentes: têm diversidade. Temos mais de 150 castas autóctones. Somos o terceiro país do mundo com maior número de castas para produção e o segundo país do mundo com maior número de castas por superfície”, explica Frederico Falcão.

Fernando da Cunha Guedes concorda. “De facto, Portugal tem um conjunto de condições que claramente nos pode distinguir dos restantes. Se reparar, nos últimos anos, o que se tem vindo a assistir é uma preponderância, ou um crescimento, se quiser, dos chamados ‘vinhos do Novo Mundo’, ou seja, não europeus, que se baseiam acima de tudo na aposta de vinhos monoparentais, e de castas internacionais”, revela.

"Temos um património vitícola incrível, se calhar um dos melhores do mundo, com uma variedade inacreditável de castas, que podem ser combinadas em vinho de lote e que no conjunto nos dão vinhos absolutamente únicos no mundo
Fernando da Cunha Guedes, presidente da Sogrape

Como se destacam os portugueses? O líder da maior exportadora portuguesa explica: se por um lado, a “arte do blend [criar lotes a partir de várias castas] permite que tenhamos “um produto final melhor do que a soma das partes”, por outro “temos regiões nações de origem” que temos de preservar.

“A arte do blend é coisa que nestes países do Novo Mundo não acontece. Acredito que Portugal tem, por um lado, regiões nações de origem que temos de preservar e divulgar. Por outro lado, temos um património vitícola incrível, se calhar um dos melhores do mundo, com uma variedade inacreditável de castas, que podem ser combinadas em vinho de lote e que no conjunto nos dão vinhos absolutamente únicos no mundo”, referiu Fernando da Cunha Guedes.

Nos últimos três anos, Portugal produziu em média 625 milhões de litros de vinho, segundo os dados divulgados pelo IVV. Se olharmos para a média das exportações para esses três anos, percebemos que vendemos, em média, cerca de 309 milhões de euros ao exterior, segundo o INE, o que equivale a perto de 50% da produção. Há 15 anos, e extrapolando o mesmo raciocínio, exportámos o equivalente a perto de 30% do que produzimos.

Único. Diversificado. Rico. Histórico. Ou apenas nosso. Entre o Minho e o Algarve, passando pela Madeira, distinguem-se os aromas, cativam-se turistas, somam-se medalhas. E não importa a cor, origem ou idade. É que nalguns vinhos, o provérbio está mesmo correto – quanto mais velho, melhor. E português também. Na China, no Japão ou na Polónia.

Texto Ana Pimentel

Infografia Milton Cappelletti

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