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Em termos de reconhecimento internacional, agosto foi um excelente mês para o Qatar. Por um lado, o pequeno emirado situado no Golfo Pérsico foi elogiado pela comunidade internacional por ter mediado as relações com os talibãs e pelo papel importante que desempenhou na retirada de civis, afegãos e ocidentais, do Afeganistão. Por outro, a um ano de ser anfitrião do Mundial de futebol de 2022, o Paris Saint-Germain, clube francês cujo dono é a Qatar Sports Investments (QSI), uma subsidiária qatari, centrou todas as atenções do mundo do futebolístico ao garantir a contratação do craque argentino Lionel Messi, e, após a intervenção direta do emir Tamim bin Hamad Al Thani, assegurar (para já) a continuidade de Kylian Mbappé.
Juntar futebol e geopolítica pode parecer algo confuso, mas, quando se fala do Qatar, os dois fenómenos estão intrinsecamente ligados e fazem parte de uma estratégia mais abrangente de ganhar relevância no plano internacional. “O Qatar tem tentado, nos últimos 30 anos, de forma ativa e abrangente, aumentar a reputação internacional do país, e isso vê-se desde o investimento no desporto até ao envolvimento na diplomacia”, contextualiza ao Observador David B. Roberts, professor do King ‘s College, em Londres, que se tem dedicado a estudar os países do Golfo, particularmente o Qatar. O país é governado por uma monarquia em que o poder está centrado há várias décadas na família Al Thani — os cargo de primeiro-ministro e de ministro dos Negócios Estrangeiros, os mais importantes do governo, estão nas mãos da família — e os partidos políticos estão proibidos.
Com o início das negociações entre Estados Unidos e os talibãs, e particularmente depois do anúncio da saída norte-americana do Afeganistão, o Qatar emergiu como um ator político internacional decisivo. Por Doha têm passado vários líderes internacionais — o último foi o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken — nesta segunda-feira —, o que tem aumentado o prestígio e importância do país na geopolítica internacional.
Essa aposta no aumento da relevância internacional, contudo, vem de trás e começou a intensificar-se sobretudo a partir de 2008, quando o Qatar lançou a sua “Visão Nacional do Qatar 2030”, um plano cujo objetivo é transformar o país numa “sociedade avançada e alcançar o desenvolvimento sustentável” até ao início da próxima década. Desde que chegou ao poder, em 2013, o emir Tamim bin Hamad Al Thani deu continuidade às políticas seguidas pelo seu pai, Hamad bin Khalifa Al Thani, apostando na internacionalização do pequeno emirado onde vivem 300 mil qataris e dois milhões de trabalhadores estrangeiros.
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Para tal, o desporto e a diplomacia assumem papéis centrais e dinheiro é algo que não tem faltado no pequeno emirado rico em gás e petróleo e considerado pela Business Insider como o país mais rico do mundo, tendo em conta o Produto Interno Bruto (PIB) per capita. Contudo, apesar da abundância energética, o Qatar sabe que o petróleo pode ter os dias contados e que, se quiser manter e até aumentar a sua riqueza, precisa de diversificar a economia. Daí o forte investimento no desporto — e no futebol em particular —, que teve um momento decisivo em 2011, quando a QSI comprou o Paris Saint-Germain e, nos anos seguintes, investiu para transformar o clube francês numa das maiores potências do futebol internacional.
O país que se assumiu como intermediário com os talibãs
Em paralelo, nesse mesmo ano de 2011, enquanto Barack Obama tentava pôr fim à presença norte-americana no Afeganistão, o Qatar chegava-se à frente para receber representantes dos talibãs para dar início ao que viriam a ser negociações de paz com os Estados Unidos e com o governo afegão de Hamid Karzai. Um papel que permitia ao país apresentar-se como mediador, o principal objetivo da sua política externa.
“O Qatar apresentou-se como um país que pode fazer a ponte entre as divisões regionais e internacionais e que pode desempenhar um papel de mediador entre as partes que não podem ou não querem comunicar diretamente”, diz ao Observador Kristian Coates Ulrichsen, investigador especializado em Médio Oriente do Baker Institute for Public Policy, da Universidade Rice, no Texas.
Desde então, o papel do Qatar enquanto mediador entre talibãs, governo afegão e Estados Unidos aprofundou-se. Em 2013, os talibãs abriram um gabinete político em Doha, e as conversações entre os extremistas islâmicos, governo afegão e EUA foram dando os primeiros passos, até que, em 2018, iniciaram-se oficialmente as negociações entre a Administração Trump e os talibãs, que levariam à assinatura de um acordo de paz em fevereiro de 2020.
Antes que esse acordo de paz fosse assinado, nesse ano de 2018, chegava a Doha, depois de vários anos detido no Paquistão, Abdul Ghani Baradar, co-fundador dos talibãs e apontado como o próximo líder do governo afegão, para chefiar as conversações. Em agosto, já com o poder tomado pelos extremistas islâmicos, o líder talibã regressava ao Afeganistão num avião da força aérea do Qatar. “O Qatar percebeu que os talibãs são um ator importante, goste-se ou não. Por isso, originalmente, deram-lhes uma base e no início não era muito mais do que isso. Com o passar do tempo, esse papel aumentou”, afirma o analista David B. Roberts.
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Como será esse papel daqui para a frente é ainda uma incógnita. Praticamente isolados internacionalmente e a enfrentar uma situação catastrófica internamente, com os preços a dispararem e um terço dos afegãos a viverem na pobreza extrema (com menos de 1,90 dólares por dia), os talibãs sabem que vão necessitar de apoio internacional para enfrentar os desafios imediatos. E o Qatar surge na linha da frente na ajuda económica ao agora autoproclamado Emirado Islâmico do Afeganistão.
Para tal, Doha assumiu um papel decisivo na reabertura do aeroporto de Cabul, que esteve fechado vários dias depois de as tropas norte-americanas terem abandonado a Afeganistão no passado dia 31 de agosto. Os voos com ajuda humanitária têm chegado à capital afegã, e o Qatar garante que essa ajuda vai continuar a chegar. Mas não se compromete com um apoio financeira direto aos talibãs, uma vez que a relação de proximidade de Doha com os extremistas islâmicos acarreta riscos, nomeadamente ao nível da reputação do país já que, conforme sublinha David B. Roberts, “pode ser percecionada como se tivessem simpatia pelos talibãs” ou até de os estarem a “ajudar de uma forma perversa”.
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Para evitar esta imagem negativa no plano internacional, o Qatar tem sido muito prudente na forma como gere a sua relação com os talibãs. Se por um lado, tem apelado à comunidade internacional para dialogar e cooperar com eles, considerando que tal é necessário para garantir a estabilidade no Afeganistão, por outro, tem apelado junto dos extremistas islâmicos para formarem um governo inclusivo e que dialoguem com os vários setores da sociedade afegã.
Em Doha, um dos principais objetivos é conseguir manter a influência sobre os talibãs no futuro, até porque a influência que o Qatar possa vir a assumir será acompanhada de perto pelos Estados Unidos e pelos aliados, que querem garantir que os talibãs permitirão a saída de civis do Afeganistão e que não deixem que o país se transforme num santuário para grupos terroristas.
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“Os qataris estão à espera para ver que tipo de governo será formado em Cabul. Se o governo for liderado por Abdul Ghani Baradar, os qataris terão um canal de comunicação que foi criado durante os três anos de Baradar em Doha como chefe do gabinete político dos talibãs que negociou com os Estados Unidos”, afirma Kristian Coates Ulrichsen. “Enquanto o Qatar e a comunidade internacional esperam que esses canais providenciam uma oportunidade para se envolverem e incentivaram as alas mais moderadas dos talibãs, há um risco que a linha-dura do grupo ganhe força, o que fará com que haja menos oportunidades para tirar partido das relações construídas em Doha”, alerta Ulrichsen.
Um momento aguardado com grande expetativa, e que poderá ajudar a compreender a relação futura entre Doha e o Afeganistão dos talibãs no futuro, é se o pequeno emirado do Golfo Pérsico vai reconhecer o executivo talibã, algo que os países ocidentais têm descartado nesta fase. Daí que os analistas antevejam que também o Qatar não dê, para já, esse passo.
Certo é que a relação construída nos últimos anos com os talibãs deixam o Qatar numa situação privilegiada. Não só na construção de relações futuras com o Afeganistão, mas também enquanto único país capaz de servir como intermediário entre o Ocidente e os talibãs.
O papel na retirada de civis, o telefonema de Biden ao emir e o prestígio internacional
Enquanto se tenta perceber o papel que o Qatar vai ter no Afeganistão dos talibãs, o pequeno emirado do Golfo Pérsico tem recebido louvores do Ocidente. Não só pelo seu papel de mediador que desempenhou até agora, mas também pela ajuda decisiva nas operações de retirada de civis do Afeganistão.
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De acordo com a France 24, das 124 mil pessoas retiradas do Afeganistão desde 15 de agosto, dia em que os talibãs tomaram Cabul, 57 mil passaram pelo Qatar, mais precisamente por Al-Udeid, a maior base aérea dos Estados Unidos no Médio Oriente. Além disso, o emirado ajudou as organizações internacionais a saírem do país e o próprio embaixador qatari no Afeganistão, Saeed bin Mubarak Al Khayarin, envolveu-se pessoalmente nas missões de resgate, destacando carros e funcionários da embaixada para levarem diretamente as pessoas para o aeroporto de Cabul, o que lhes permitiu passar os checkpoints criados pelos talibãs. A Qatar Airways disponibilizou ainda dez dos seus aviões para transportar pessoas de Doha para outros países.
Devido à ajuda dada, foi divulgado pela Casa Branca que o Presidente norte-americano, Joe Biden, telefonou, no passado dia 20 de agosto, ao emir Tamim bin Hamad Al Thani para lhe agradecer pessoalmente o papel do Qatar nas operações de resgate, afirmando que “a maior ponte aérea para a retirada de pessoas na história não teria sido possível sem o apoio inicial do Qatar”.
Por Doha têm também passado vários responsáveis pela diplomacia ocidental, desde o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Dominic Raab, ao secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que, de olhos na relação com os talibãs no futuro, deixaram rasgadas elogios ao Qatar pelo trabalho desempenhado, numa altura em que praticamente todos os países ocidentais retiraram as suas embaixadas do Afeganistão e mantêm os contactos com o país precisamente através de Doha. Este reconhecimento internacional tem sido fundamental para as aspirações geopolíticas do Qatar, que nos últimos quatro anos esteve de relações cortadas com os vizinhos Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Unidos e Bahrein, que acusavam Doha de financiar grupos jihadistas.
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Apesar de negar as acusações, nomeadamente as de financiar a Al-Qaeda ou o Daesh, o Qatar nunca escondeu o apoio dado à Irmandade Muçulmana, particularmente durante as Primaveras Árabes, ou as boas relações que mantém com o Irão, adversário regional da Arábia Saudita e país com o qual o Qatar divide os direitos de exploração do maior campo de gás do mundo, nas águas do Golfo Pérsico.
A crise diplomática, que resultou num bloqueio económico, acabaria por resolver-se no início deste ano, com mediação dos Estados Unidos, o que deu um balão de oxigénio para a política externa do Qatar, que agora espera manter as boas relações com os vizinhos e, sobretudo, com Washington, o principal garante da sua segurança.
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2022: um ano “muito importante” para o Qatar
Ao mesmo tempo que investia na diplomacia e reforçava a sua posição geopolítica, o Qatar apostava também as suas fichas na melhoria da sua imagem internacional. E o futebol tornou-se central nessa estratégia, daí o investimento do país não só na organização do Mundial de Futebol em 2022, como também na criação de uma super-equipa no campeonato francês.
“O que o Qatar quer é ser visto como um membro legítimo da comunidade internacional e um país poderoso, apesar de pequeno”, diz ao Observador Simon Chadwick, professor na Lyon Business School, em França, especializado em geopolítica do desporto, considerando que, por trás do investimento do Qatar no futebol, “existem motivos políticos, como estabelecer uma marca para o país, promover o soft power e ganhar legitimidade”. “Por isso”, salienta, no Qatar, “o futebol não é visto da mesma forma que em Portugal, em Inglaterra, em França ou em qualquer país europeu. O futebol é visto como uma atividade geopolítica e económica”.
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Num país em que nenhuma decisão é tomada sem o consentimento da família Al Thani, o Qatar decidiu avançar para a compra do Paris Saint-Germain em 2011, colocando a chefiar o clube francês Nasser al Khelaifi, um antigo jogador de ténis e empresário, muito próximo do emir Tamim bin Hamad Al Than — que, na prática, é o dono do clube, uma vez que a dona do emblema parisiense, a QSI, é uma subsidiária da Qatar Investment Authority, um fundo de investimento do Estado qatari e sobre o qual a última palavra cabe ao emir do país.
Se dúvidas houvesse quanto ao facto de Paris Saint-Germain pertencer ao Qatar, o último mercado de transferências foi bastante esclarecedor, quando, nas últimas horas antes do encerramento da janela de transferências, a 31 de agosto, foi o próprio Tamim bin Hamad Al Thani a impedir a saída de Kylian Mbappé para o Real Madrid, rejeitando uma proposta de 200 milhões de euros feita pelo clube espanhol para contratar o craque francês.
Dias antes, o Paris Saint-Germain tinha garantido a contratação de Lionel Messi ao Barcelona, que se juntou assim a Neymar, que chegou à capital francesa em 2017, depois de o clube do fundo de investimento qatari ter desembolsado um valor astronómico de 222 milhões de euros. Para Simon Chadwick, a decisão de o emir interferir e impedir a saída de Mbappé deve-se ao facto de o “próximo ano ser muito importante para o Qatar”, uma vez que o país vai receber o Mundial de Futebol em dezembro de 2022, acontecimento a que pretende juntar a conquista do troféu mais apetecível do futebol europeu — a Liga dos Campeões –, precisando, por isso, da melhor equipa possível.
“Se o Qatar for bem sucedido na organização do Mundial e ganhar a Liga dos Campeões, haverá um grande retorno em termos de investimento, mas, simbolicamente, será extremamente significativo não só a demonstrar o sucesso da ‘Visão Nacional do Qatar 2030’, mas também em termos de demonstrar aos seus vizinhos e a outros membros da comunidade internacional que o Qatar consegue alcançar aquilo a se propõe”, sublinha Simon Chadwick.
Soft power ou sportswashing? As polémicas em torno do Mundial de 2022
Mas, aquilo que para o Qatar é visto como uma forma de ganhar relevância no plano internacional, para os críticos é considerado como uma tentativa de sportswashing, isto é, uma forma de usar o desporto como forma de limpar a imagem e esconder os atropelos aos direitos das mulheres, da comunidade LGBTI e dos trabalhadores migrantes no país. Neste último aspeto, o Qatar tem sido visado em diversos relatórios de organizações de defesa dos direitos humanos que acusam o país de não dar explicações sobre a morte de trabalhadores na construção dos estádios para o Mundial. Segundo uma investigação do The Guardian, desde que o Mundial de 2022 foi atribuído ao Qatar, em 2010, morreram 6.500 trabalhadores migrantes no país.
As questões relacionadas com os direitos laborais ou das mulheres, no entanto, não foram as únicas polémicas associadas à atribuição do Mundial de futebol de 2022 ao Qatar. A possibilidade de pela primeira vez ser realizado um campeonato do mundo num país do Médio Oriente, aliados às capacidades financeiras do país do Golfo Pérsico para a construção de estádios, seduziu a FIFA, mas as críticas rapidamente se fizeram ouvir. Desde logo, o calendário: normalmente, o Mundial realiza-se em junho e julho, no final dos principais campeonatos de futebol europeu. Mas nessa altura, as temperaturas chegam a atingir os 50 graus no emirado, o que tornaria a prática do desporto praticamente impossível. Por isso, o torneio será disputado no final do ano, entre 21 de novembro e 18 de dezembro, o que irá obrigar a alterações no calendário desportivos dos principais países, para que os melhores jogadores possam representar as respetivas seleções. E memso assim, o calor ainda vai ser muito (provavelmente mais de 30 graus), tanto que mo Europeu deste ano já foram introduzidas as paragens para ‘arrefecimento’ e o Qatar teve de introduzir várias tecnologias para os estádios ficarem mais frescos.
Além disso, a atribuição da organização do mundial ao Qatar tem estado, desde o início, envolta em polémica, com suspeitas de corrupção em larga escala. Em 2019, o antigo presidente da UEFA, Michel Platini, chegou mesmo a ser detido para interrogatório, suspeito de ter participado num encontro no Palácio do Eliseu, juntamente com o emir Tamim bin Hamad Al Thani e com o então Presidente francês Nicolás Sarkozy, onde terá sido convencido a votar no Qatar para país anfitrião do Mundial de 2022. Uma investigação aberta em Brooklyn, nos Estados Unidos, em 2020, acusa o Qatar de subornar dirigentes da FIFA, o que faz eco de outras suspeitas que já remontam a 2014, quando o qatari Mohamed Bin Hammam, ex- presidente da Confederação Asiática de Futebol e dirigente da FIFA, foi acusado de subornar federações de vários países para que estes votassem a favor do Qatar na organização do Mundial.
Michel Platini encontrou-se com responsável do futebol do Qatar antes da votação para 2022
Em comparação com as contratações milionárias do Paris Saint-Germain, em termos mediáticos, estas questões, têm recebido menos atenção nos últimos tempos, com o Qatar — que nega todas as acusações de corrupção ou de irregularidades na atribuição da organização do Mundial de 2022 — a conseguir pôr de lado (por agora) estas polémicas, isto numa altura em o país é notícia sobretudo pelo papel que assumiu na intermediação com os talibãs e na retirada de civis no Afeganistão. Mas, com o Mundial de 2022 cada vez mais perto, e com a crescente influência geopolítica do país, o Qatar vai ser cada vez mais falado e o escrutínio sobre o país será cada vez maior. Até lá, resta saber que imagem é o que pequeno emirado vai conseguir passar ao resto do mundo.