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David de Pina venceu o campeão africano no combate dos quartos e garantiu uma medalha antes da derrota com um usbeque nas meias-finais de 51kg
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David de Pina venceu o campeão africano no combate dos quartos e garantiu uma medalha antes da derrota com um usbeque nas meias-finais de 51kg

David de Pina venceu o campeão africano no combate dos quartos e garantiu uma medalha antes da derrota com um usbeque nas meias-finais de 51kg

"Trabalhava nas obras dez horas por dia com um sonho na mala": a história de David de Pina, o primeiro medalhado em Jogos de Cabo Verde

Foi para um ginásio em Odivelas após Tóquio-2020, quis apurar-se para Paris por mérito. A certa altura, o dinheiro para sustentar família acabou. Foi para as obras. Sete meses depois, ganhou o bronze.

Enviado especial do Observador em Paris, França

O aparato na zona de imprensa estava diluído por cinco ou dez vezes, o pavilhão estando quase cheio ainda tinha algumas cadeiras vazias, só a euforia era a mesma. Em parte, ainda se sentia o efeito Imane Khelif que por razões não só desportivas colocou o boxe no centro das atenções destes Jogos mas numa escala bem mais baixa. No entanto, não era pelo facto de a argelina não estar em ação, algo que irá acontecer agora apenas nas meias-finais de 66kg que serão disputadas tal como as decisões em Roland Garros, que deixava de haver um ambiente especial na Nord Sud Arena. Afinal, também aqui havia uma daquelas histórias que marcam esta edição de Paris-2024, neste caso com ligações a Portugal e possibilidade de ser contada em português.

David de Pina já tinha feito história por Cabo Verde dois dias antes, quando se tornou o primeiro atleta do país a conquista uma medalha nos Jogos Olímpicos ao bater o zambiano Parick Chinyemba nos quartos da categoria de 51kg. O cabelo com dois totós já era uma imagem de marca mas, aos 27 anos, tinha um feito inédito a acompanhá-lo. Naquele dia, com o bronze garantido, o africano ia à procura de mais tendo pela frente o experiente usbeque Hasanboy Dusmatov, antigo campeão olímpico. Ia tentar algo mais quando já tinha quase tudo, ia tentar o quase tudo sabendo que era o prémio para quem andou tantas vezes sem nada. Pina deixou de ser apenas mais um por fazer algo que nem todos conseguiriam – ou quase ninguém.

O merecido apoio que terá quando for mostrar a medalha a Cabo Verde já se começava a sentir no pavilhão. A claque do Usbequistão, mais numerosa, organizada e ruidosa num país onde o boxe assume uma relevância rara em termos mundiais, poderia abafar em alguns momentos todos aqueles que torciam por David de Pina mas estavam lá. Com bandeiras, com cachecóis, com cânticos num dos topos do recinto. “Da-vi-de, Da-vi-de”, foram começando a gritar. “Vamos Pina, força Pina”, depois. “Da-vid, Da-vid, Da-vid”, mais tarde. O combate não estava a correr de feição ao africano mas os adeptos não o deixavam cair, não só como forma de reconhecimento pelo que fizera mas pela forma como lutava contra as adversidades em ringue como fizera fora dele. Nas paragens de um combate sem proteção na cabeça ao contrário de outros, o treinador Bruno de Carvalho bem tentava mudar a tática. “Murro de mão esquerda por baixo, gancho de direita por cima”.

Não chegou, não foi suficiente. No terceiro assalto o usbeque, bem mais experiente, parecia andar apenas a defender uma vantagem que já não era mínima com o cabo-verdiano, de vermelho, a arriscar muito mais mesmo sabendo que isso também poderia jogar contra si. Perdeu mas foi com esse risco que ganhou. Ganhou uma história que não mais vai esquecer depois da presença por convite em Tóquio-2020. Ganhou a primeira medalha para o seu país. Ganhou o espaço para pedir as oportunidades que só conseguiu a ir trabalhar para as obras e a ficar provado de muita coisa que a maioria dá como garantida. Contra todas as expetativas, David de Pina saiu daquele ringue a festejar uma medalha de bronze que coroou quem deu tudo por um sonho.

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Aos 27 anos, o atleta que fez sempre questão de recordar as suas suas raízes africanas em todas as entrevistas que foi dando depois do feito pode continuar a ser um lutador de boxe amador mas tornou-se mais do que isso não só pelo pódio mas sobretudo pelo trajeto de vida. Veio para Portugal em busca de quem lhe fosse ensinando a fazer melhor o que sempre amou, o boxe. Apostou num pequeno clube da Póvoa de Santo Adrião e num treinador com quem trabalhou uma vez. Teve de parar durante dois meses colocando em risco mais de dois anos de trabalho em busca da qualificação olímpica para ir para a construção civil ganhar dinheiro para ajudar a sustentar a família. A única coisa que nunca lhe tiraram nem teve de trabalhar para ela foi a enorme ambição de entrar na história por mais sacrifícios que tivesse de passar. Conseguiu. Em seu nome. Em nome da mulher, Cindy. Em nome dos filhos, Hellen e Miller. E foi na zona mista e na primeira pessoa que a inédita epopeia foi contada pelos dois grandes protagonistas de todo o enredo com toque português.

David de Pina foi eliminado na primeira ronda em Tóquio-2020 mas dois triunfos em Paris valeram-lhe a medalha de bronze

A zanga por estar sempre a comer, as dez horas diárias nas obras e a ida a Cabo Verde

Depois de largos minutos na zona das TV com direitos de transmissão, David de Pina encaminha-se para o local da imprensa escrita. Com ele estão alguns elementos cabo-verdianos, à sua espera além de portugueses está apenas um jornalista do país africano. “Pá, tu hoje podes comer tudo à vontade”, dizia uma das pessoas enquanto o atleta se ria cada vez mais. “Espero que quando voltar me recebam com tudo, naqueles carros bons”, respondia. A medalha de ouro deixava de ser uma possibilidade mas o bronze sabia a muito mais do que isso e ninguém poderia adivinhar que ali estava alguém que acabara de perder. Não, ele já ganhara.

“A minha caminhada é que terminou ali mas já estou a treinar para Los Angeles em 2028. O meu país é pequeno, fiquei contente com a medalha mas o nosso objetivo era o ouro. Nunca ninguém chegou tão longe e isso foi uma vitória que valeu por ouro. Acredito que hoje já sou alguém, as pessoas sentem o que eu fiz e o meu boxe foi muito bem desenhado pelo meu treinador Bruno de Carvalho. Hoje entrei nos quatro melhores do mundo, ganhei um medalhado africano e dei um show. Hoje as pessoas reconhecem o meu talento, o meu trabalho. Por tudo o que eu passei, acho que mereço isso, ser reconhecido como um excelente atleta. A quem agradeço? Primeiramente, fiz isso pela minha família. Se fosse por mim talvez tivesse desistido mas eu lutei forte para dar melhores condições de vida à minha família, para dar ao meu povo uma medalha e meter-nos na história dos Jogos Olímpicos. Isso é uma história de superação. Quem não continua fica para trás, quem pára de lutar morre, é esquecido. Então isto é para todos eles”, começou por destacar na zona mista.

“O meu treinador Bruno de Carvalho foi uma peça chave porque eu no mês de setembro deixei de treinar para trabalhar porque tenho que sustentar a minha família. Foi graças a ele. Ligou-me, insistiu e disse ‘Pina, tu és um diamante, não podes parar’. Se eu não tivesse ouvido isso, ainda continuava a trabalhar nas obras para sustentar a minha família. Desisti das obras para conseguir uma virada olímpica e dou todo esse mérito a ele. Graças a ele estou aqui hoje muito feliz com esse bronze”, prosseguiu, olhando de quando em vez para o lado para perceber se o técnico estava para passar para lhe fazer essa homenagem “em direto”.

"Um atleta cheio de talento, cheio de potencial, capaz de ganhar medalhas olímpicas, a trabalhar nas obras dez horas por dia e com um sonho na mala. Foi muito doloroso para mim porque eu amo o boxe, eu amo treinar, tive que deixar. Fui obrigado a deixar porque, se não fosse assim, quem ia dar de comer aos meus filhos, quem ia pagar a minha renda, quem ia pagar as minhas despesas?"
David de Pina, medalha de bronze nos 51kg do boxe em Paris-2024

“Não é só para Cabo Verde que faço história, é também para história para Portugal porque nunca Portugal teve um treinador como este. Se não fosse o Bruno de Carvalho ainda estava talvez em Cabo Verde, nem tinha chegado a Portugal. Graças a ele, cheguei a Portugal, conheci-o, disse-lhe que queria ir treinar com ele porque é um bom treinador e ele abriu-me as portas. Portugal abriu-me as portas, deu-me residência e hoje conseguimos um facto histórico, tanto Portugal como Cabo Verde. Portugal nunca tinha conseguido jogar um atleta para os Jogos Olímpicos no boxe, o Bruno conseguiu. Cabo Verde nunca tinha ganho uma medalha nem um combate no boxe, o Bruno fez acontecer. Dedico todo este mérito a ele. Claro que também tenho uma boa cotação nisto porque se o atleta não quiser, o treinador não pode fazer nada. Juntos fizemos uma grande equipa e fizemos história que nunca mais vai sair das nossas vidas”, elogiou o atleta.

“Conheci-o quando estava a ir para os Jogos Olímpicos de Tóquio, passei por Portugal para fazer um estágio e o último ginásio onde fui foi onde conheci o Bruno. Gostei do que ele me ensinou num só dia e disse que gostaria de vir treinar com ele depois dos Jogos e ele disse que sim. Mandou-me um convite, eu vim treinar… Não foi só um mar de rosas, eu e ele passámos por problemas. Aqui em Paris tivemos problemas porque não estava focado e ele zangou-se comigo, ficou triste. Superámos momentos difíceis e graças a ele hoje sou um atleta medalhado. Ele não desistiu de mim e eu também retribuí com esta medalha”, prosseguiu, antes de contar um episódio acontecido já em Paris que poderia ser o fim de muita coisa neste percurso.

“Tive distrações… Eu sou um atleta muito alto para 51kg e tenho problemas com o peso porque o peso é uma estratégia de ganhar. Eu tenho 58kg, tenho que perder sete para fazer este combate, então quando chego aos 51kg sou muito forte mas eu tenho muitos problemas com o peso. Então eu estava a comer muito, desde há três meses que ele estava a falar do peso e quando cheguei aqui, a quatro dias do combate, ainda estava com 54kg. Ele ficou triste comigo e eu entendi. Depois chegámos a conversar, a pôr as cenas em pratos limpos e depois tudo voltou a ficar bem. Não é tudo um mar de rosas. Temos problemas, passámos por momentos difíceis e vencemos. Isso sim é uma história, não são só coisas boas”, assumiu David de Pina. Ele gostou do nosso trabalho, convidou-nos para ir a Cabo Verde e mostrar a medalha ao nosso povo porque merecemos. Eu e o Bruno concordámos, vamos nós e a nossa família porque esta vitória não é só nossa. A minha família está há dois meses longe de mim, o Bruno tem três filhas que não vê há dois meses. Então, o que merecemos é ir com a nossa família para mostrar que existem pessoas por detrás de nós que nos ajudam”, acrescentou.

David de Pina venceu um tailandês e o campeão africano para chegar às meias-finais do quadro de 51kg dos Jogos de Paris

“Acredito que posso viver só do boxe. Com os resultados sempre foi assim, só depois dos resultados é que se veem os benefícios. Vou ser sincero, se não tiver melhores condições, não pretendo treinar mais nem fazer boxe porque tenho família para sustentar, tenho futuro e o boxe ainda não me deu isso. Há três anos em Tóquio eu e o Bruno ainda não trabalhávamos, vou fazer três anos de treino com o Bruno vai ser 21 de setembro. Cheguei lá, vi que era possível que voltar outra vez e até conseguir uma medalha. Se forem ao meu Facebook veem lá um vídeo que fiz há três anos atrás a dizer ‘Somos capazes, Cabo Verde é capaz de conseguir uma medalha nos Jogos. Vi pessoas iguais a mim, só que eles têm melhores condições de treino para vencer. Por isso viajei para Portugal para procurar melhores condições para treinar e para conseguir esta realidade. E isso foi possível”, contou, antes de abordar aqueles dois meses em que parou.

“Eu fui trabalhar no Algarve, eu trabalhava dez horas por dia. Imagina só, dez horas por dia um atleta cheio de talento, cheio de potencial, capaz de ganhar medalhas olímpicas, a trabalhar nas obras dez horas por dia e com um sonho na mala. Foi muito doloroso para mim porque eu amo o boxe, eu amo treinar, tive que deixar. Fui obrigado a deixar porque, se não fosse assim, quem ia dar de comer aos meus filhos, quem ia pagar a minha renda, quem ia pagar as minhas despesas? Eu gosto de trabalhar mas prefiro mais fazer o boxe e conseguir este resultado do que estar a trabalhar nas obras. Trabalhar nas obras qualquer um pode trabalhar mas conseguir uma medalha olímpica precisa ter muito sacrifício e força de vontade. Eu aprendi carpintaria desde pequeno, então fui trabalhar, ganhava bem, 1.500 euros mensais. O problema é que tive de deixar o que eu gosto mas voltava a fazer isto pela segunda vez”, completou David de Pina.

Um ginásio multidisciplinar em Odivelas e a bolsa de 700 euros que é menos do que a casa

Só mais tarde Bruno de Carvalho passou por essa zona mista. As pessoas que estavam com David de Pina tinham chamado o atleta para um qualquer compromisso que teria de respeitar, o treinador não estava a acompanhar o seu atleta nessa altura. Quando soube que tinha à frente jornalistas de Portugal, sorriu. A certa altura quase nem era preciso fazer perguntas, tendo em conta que este “apaixonado pelo boxe” que conseguiu fazer um milagre sem receber por isso queria contar a história da epopeia com todos os pormenores, colocando as questões futuras em cima da mesa a propósito da falta de apoios para o projeto.

“Nós preparámos este combate para vencer. Tivemos menos de um dia de descanso, ou seja, tivemos só um dia para preparar porque jogámos antes e ele mal acabou o combate anterior e tivemos logo que perder peso, aquela noite toda a tirar de peso, depois tivemos mais um dia de preparação. Estudámos imenso este atleta, tentámos definir uma boa estratégia para jogar contra ele mas é um atleta que tem um grande palmarés e depois as próprias pontuações não nos favoreceram. Tivemos que alterar um pouco o plano gizado, ainda tentámos no início do segundo assalto a mesma coisa, o mesmo estilo, o mesmo jogo, não estava a ir bem e tentámos alterámos. Quando se muda, deixamos de ter o potencial máximo, é mais difícil atrás do resultado mas acho que o Pina foi brilhante e não há uma diferença assim tão grande entre eles. O outro atleta tem mais bagagem, experiência, os árbitros conhecem-no, em caso de dúvida nunca nos vão favorecer, um atleta africano, de Cabo Verde. Mas estou super orgulhoso da prestação que tivemos”, referiu.

"Eles têm bolsa de solidariedade olímpica que são 700 euros por mês, só a renda da casa são 800... Passámos por imensas dificuldades. Imagina o que é 700 euros para casa, comer, pagar despesas, sair do país, viajar, tudo o resto... Como é que eu lhe podia pedir dinheiro ou ele pagar-me se não tinha para as coisas dele? Isto é uma paixão minha, era também um sonho meu chegar aqui como treinador
Bruno de Carvalho, treinador de David de Pina

“Acho que ele esteve lindo. Foi fascinante o trabalho que fizemos e há que dar mérito ao adversário porque ganhou, o que não quer dizer que seja melhor. No futuro cá estaremos para discutir com ele outra vez se for preciso. Intervenção na Aldeia Olímpica? É para isso que existem treinadores, caso contrário não ser preciso haver. Chegámos aqui à Aldeia e ele estava com um bocadinho de peso a mais. Refeitório 24 horas aberto, a poder comer à vontade e ficou ali um bocadinho deslumbrado. Tivemos uma reunião em que lhe perguntei se vinha para aqui comer ou competir. Ficámos um bocado chateados naquele dia mas ele depois voltou à rotina e vocês viram o desempenho dele, com duas vitórias em três combates e uma derrota que não envergonha ninguém, bem pelo contrário. Sinto muito orgulho, é um menino lindo, humilde, trabalhador, concentrado… Não há uma ponta onde se possa pegar, é tudo fascinante”, frisou o técnico.

“Sou um apaixonado por esta modalidade. Fizemos o percurso todo no clube e chegámos aqui como clube. O nosso clube é o Privilégio Boxing Club, um clube de Odivelas. O Pina, quando chegou de Tóquio, ligou-me a perguntar se podia convidá-lo para vir treinar, se podia arranjar uma carta de convite para ele vir para Portugal treinar connosco. Treina lá há três anos. O nosso clube é de bairro, somos de Odivelas, da Póvoa de Santo Adrião, só que trabalhamos bem. Quando foi trabalhar connosco em 2021 tinha 40 combates em dez anos em Cabo Verde, nós fizemos 60 em três anos. Andámos pelo mundo, demos-lhe competições ao máximo no plano nacional e no internacional. Também temos cá uma menina nos Jogos, a Camará, que representa o Mali, e mais três atletas da Seleção que não se conseguiram apurar”, apontou, com um visível orgulho naquilo que conseguiu ir fazendo com poucas condições e a “pedir” mais condições.

Bruno de Carvalho desfez-se em elogios a David de Pina depois da medalha histórica ganha no boxe

Getty Images

“Com cinco atletas de alto rendimento, tivemos que arranjar uma equipa multidisciplinar para dar suporte porque nenhuma federação nos apoiou. Eles têm bolsa de solidariedade olímpica que são 700 euros por mês, só a renda da casa são 800… Passámos por imensas dificuldades. Imagina o que é 700 euros para casa, comer, pagar despesas, sair do país, viajar, tudo o resto… Como é que eu lhe podia pedir dinheiro ou ele pagar-me se não tinha para as coisas dele? Isto é uma paixão minha, era também um sonho meu chegar aqui como treinador. Depois conseguimos ganhar a primeira medalha para Cabo Verde e estar entre os quatro melhores o mundo, para um país com 600 mil habitantes é inacreditável. Não posso ter maior orgulho por ele e por Portugal que só conseguiu uma presença há muitos anos atrás. Pode ser que potencie também o trabalho em Portugal mas até agora temos trabalhado sempre de graça. Mas isso ainda dá mais gozo, dá mais mérito ao que fazemos. Mais apoios? Se Cabo Verde não apoiar agora, não sei quem é que vai apoiar, não é? No nosso país sabemos que o dinheiro vai todo para o futebol, é o grande problema… Se for apoios como até agora, nem vale a pena. Se o país não tem condições, tem que ver o seu futuro”, assumiu.

“Estávamos a fazer a preparação normal, ele ficou sem dinheiro. Disse-me ‘Bruno, não tenho dinheiro, agora bem aí o Natal, tenho que comprar prendas para os meus filhos, já não tenho dinheiro para a renda, só a minha mulher é que pagas as coisas’. Tínhamos competições, ele não podia ir às competições, disse que tinha de parar. Eu avisei ‘Pina, tu estás a fazer o apuramento, se parares agora vais dar cabo de tudo o que nós estamos a fazer’. E ele ‘Não posso, não posso, não tenho comida’. Então combinámos que ia trabalhar dois meses para ganhar dinheiro e aí não treinava. Esteve em novembro e dezembro, em janeiro voltou, em fevereiro ou março houve a primeira qualificação em Itália. Disse-lhe que se fosse preciso ia comer a minha casa mas que era preciso arranjar uma solução e na outra qualificação em Banguecoque conseguimos. Aqui ganhou a um atleta da Tailândia, a um do Zâmbia que era campeão africano…”, concluiu o treinador.

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