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DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

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Viseu. Dos tiros que pareciam "uma brincadeira" à rápida perseguição policial

Quando o tiroteio começou em Viseu, primeiro os lojistas esconderam-se, depois refugiaram-se no parque de estacionamento. Polícia aproveitou a operação planeada para o Ano Novo para vigiar as estradas

Parecia um sábado como qualquer outro no centro comercial Palácio do Gelo, em Viseu — não fosse uma senhora ter estado a limpar de manhã o sangue que ainda restava do tiroteio da véspera na entrada principal do shopping. Poucas horas antes, um “ajuste de contas” entre duas famílias rivais tinha resultado na morte de uma mulher de 44 anos e em mais dois feridos. O atirador continua em fuga e a Polícia Judiciária montou uma operação de captura do suspeito com o apoio da PSP e da GNR, acreditando-se que o indivíduo não fugiu sozinho de Viseu.

“Entrei às 9h45 e estavam a tentar limpar o chão lá fora. Não havia nada que indicasse hoje o que aconteceu ontem”, contou Aleny Ferreira ao Observador. Da loja de jóias na qual trabalha, e onde uma ou outra pulseira ainda estavam por arrumar face à confusão de sexta-feira à tarde, Aleny tinha visão aberta para a porta principal do centro comercial, o local do tiroteio. Porém, na altura não se apercebeu de imediato do que tinha acontecido.

“Ouvi tiros e pensei que era uma brincadeira. Só dei conta quando vi as pessoas a correr para dentro do shopping, aí é que me assustei. Escondi-me aqui dentro”, referiu, apontando para uma porta no fundo da loja. Sozinha no estabelecimento, acabou depois por correr para a zona oposta à entrada e que dá para o parque de estacionamento, por indicação do segurança. “Saí com as luzes ligadas, uma pulseira na mão… Voltei depois e e pelas 19h30 reabriu tudo”, realçou a cidadã de origem brasileira, de 57 anos, a viver em Viseu há 34 anos.

Shopping Palácio do Gelo, em Viseu

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Pensou que fossem bombinhas de miúdos

Alguns metros mais à frente, também David Santos estava quase a terminar o turno numa loja de tabaco aquecido. Ao ouvir o barulho de “três tiros”, pensou que fossem bombinhas de uma brincadeira de um grupo de miúdos que passava ali perto. Até que se apercebeu dos gritos e de pessoas a correr. “Encostei-me a um canto aqui atrás e depois disseram-me para ir para o parque de estacionamento. Não houve mais indicações além dessa. Levei só as chaves da caixa registadora”, explicou.

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David Santos assegurou não se ter apercebido de uma alegada discussão entre membros das duas famílias ainda no interior do shopping, mas lembrou que estava “muita gente” ao fim da tarde naquele local e que a polícia chegou “muito rapidamente” após o tiroteio.

"Ouvi tiros e pensei que era uma brincadeira. Só dei conta quando vi as pessoas a correr para dentro do shopping, aí é que me assustei. Escondi-me aqui dentro [da loja]"
Aleny Ferreira, lojista

Apesar do caráter inédito desta situação, a direção do centro comercial entendeu que “não havia necessidade” de efetuar um reforço da segurança. “É um dia perfeitamente normal no shopping. A equipa de segurança deu a resposta necessária e a própria polícia já não está aqui”, vincou este sábado a diretora do Palácio do Gelo.

Cristina Lopes insistiu que “tudo aconteceu fora” do espaço comercial e que as autoridades deram indicações para “retomar a normalidade”, depois de terem abandonado os trabalhos de recolha de prova cerca das 23h30 de sexta-feira. “Fala-se sobre o assunto, mas não tem havido receio de clientes ou lojistas”, frisou.

As imagens de videovigilância do centro comercial foram já solicitadas pela Polícia Judiciária (PJ), mas, segundo a diretora do shopping, ainda estão a ser recolhidas. Apesar de não se vislumbrar policiamento nas imediações do Palácio do Gelo, fonte da PSP confirmou o “reforço do policiamento na cidade para reposição do sentimento de segurança”.

Cristina Lopes, diretora do shopping Palácio do Gelo

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Eventual fuga para Espanha está a ser monitorizada

A PSP foi o primeiro órgão de polícia criminal a acorrer ao Palácio do Gelo, ao ser acionada pelas 18h18 através do Comando Distrital de Viseu, já depois de o suspeito ter fugido num Audi A4 cinzento, no qual iria acompanhado de mais pessoas. Fonte policial explicou que foi realizada a contenção, isolamento e preservação do local do tiroteio, passando depois a investigação para a esfera da PJ, que foi alertada para a situação por volta das 19h00, ou seja, sensivelmente 40 minutos após o tiroteio.

Ao que o Observador apurou, o suspeito — que já é conhecido em Viseu pelas autoridades e continua em fuga — terá usado uma arma de calibre 6.35 que estará ilegal. “Uma altercação” entre duas mulheres de famílias distintas acabou por desencadear a tragédia.

Logo que se aperceberam da fuga do suspeito responsável pelos tiros, as autoridades passaram informações aos comandos regionais para tentar que as patrulhas no terreno conseguissem detetar a viatura, que ainda não foi encontrada. Foi aproveitado o dispositivo preparado para a campanha de prevenção e fiscalização durante o Natal e Ano Novo para tentar localizar o atirador, tendo esse dispositivo sido reforçado.

O suspeito já é conhecido em Viseu pelas autoridades e continua em fuga. Terá usado uma arma de calibre 6.35 que estará em situação ilegal. "Uma altercação" entre duas mulheres de famílias distintas acabou por desencadear a tragédia.

De seguida, a preocupação da PJ passou pelo alargamento do perímetro. Exemplo disso foi a operação na VCI, no Porto, na noite de sexta-feira, na qual foram paradas quatro viaturas nas quais seguiam familiares do suspeito que tinham saído de Viseu. Contudo, o atirador não estava em nenhuma das viaturas e os familiares foram apenas identificados, tendo seguido viagem para norte.

Todos os dados foram partilhados a nível distrital e nacional” entre as diferentes autoridades para agilizar a captura, referiu fonte ligada à investigação, acrescentando que o suspeito pode estar ainda armado e é considerado perigoso. A possibilidade de uma eventual fuga para Espanha está igualmente a ser monitorizada.

Os dados sobre este caso são algo contraditórios e fontes policiais salientam o “grande espírito de solidariedade” das pessoas próximas do suspeito, o que dificulta a obtenção de informações. Segundo apurou o Observador na sexta-feira, a situação dever-se-á a um ajuste de contas entre famílias.

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Família diz que a história “já está toda contada”

De cafés a supermercados, passando pelas poucas pessoas que circulavam na rua este sábado pelas zonas de Repeses ou Teivas, o tiroteio era tema de conversa dominante. À reportagem do Observador, uns manifestavam preocupação, outros tentavam aligeirar o ambiente com piadas e ninguém conseguia identificar a localização da família do atirador.

Sem sinal da família do suspeito da autoria dos disparos, identificado como José Carlos, de 33 anos de idade, foi possível encontrar a família da vítima mortal ainda no Centro Hospitalar Tondela-Viseu.

Centro Hospitalar Tondela-Viseu

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À esquerda da entrada principal, cerca de 30 pessoas, entre elementos da família e amigos, aguardavam e cumpriam o seu luto pela mulher, de 44 anos, que não resistiu a um tiro no abdómen e morreu já no hospital. Os outros dois feridos — uma mulher de 23 anos que tinha sofrido ferimentos numa perna e um homem de 46 anos que foi ferido numa mão — tiveram alta ainda na noite de sexta-feira.

“Foi uma discussão entre duas mulheres que andaram a puxar os cabelos. Foi isso… Não havia rivalidades”, afirmou um membro da família, recusando prestar mais explicações. Outro elemento garantiu que a história deste caso “já está toda contada”.

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