Explicador
O essencial para entender o conflito israelo-palestiniano
- Como é que tudo começou?
- O que são hoje Israel e a Palestina?
- O que foi o movimento sionista?
- Que importância teve a declaração de Balfour?
- Como é que Israel se tornou num estado independente?
- O que foi “a catástrofe”?
- Quando e como é que Israel ocupou os territórios?
- O que foram os acordos de Camp David?
- O que é e o que significa Jerusalém?
- O que é a Cisjordânia ou Margem Ocidental?
- O que é a Faixa de Gaza?
- O que é a Autoridade Palestiniana?
- O que é a OLP?
- O que é o Hamas?
- O que foram as Intifadas?
- Como evoluiu o processo de paz desde os Acordos de Oslo?
- Quem é que vive em Israel?
- Israel é uma democracia?
- A Autoridade Palestiniana é uma democracia?
- De que falamos quando falamos de dois estados? E de só um estado?
- Existe um problema de refugiados?
- O que são os colonatos? Que problemas levantam?
- Quem são os aliados de Israel?
- Como é a relação de Israel com os seus vizinhos?
- O acordo entre a Fatah e o Hamas pode ajudar a chegar à paz?
- Como é que começou a actual escalada de violência?
- Quais são os objectivos de Israel com a ofensiva terrestre em Gaza?
- Que perguntas ficaram por responder?
Existe um problema de refugiados?
Existe, apesar de ser um problema com contornos sobretudo políticos.
Na sequência da guerra da independência de Israel, em 1948, cerca de 700 mil palestinianos fugiram de suas casas, ou foram forçados a abandoná-las. Esses palestinianos espalharam-se pelos países da região, tendo sido construídos campos de refugiados no sul do Líbano, na Cisjordânia, na Jordânia e na Faixa de Gaza. Muitos desses campos ainda hoje existem, mesmo quando à vista desarmada pouco ou nada os diferencia de um bairro pobre.
Porque é que, passados quase 70 anos, esta situação se mantém?
Primeiro, porque os países árabes da região, com a excepção parcial da Jordânia, nunca aceitaram integrar esses refugiados, da mesma forma que não aceitaram aceitar a própria existência de Israel. Depois porque desde a primeira hora que os palestinianos reivindicam o chamado “direito de retorno”, isto é, o direito a reocuparem as casas e as terras que abandonaram precipitadamente em 1947 e 1948. O “direito de retorno” tornou-se mesmo num dos mais delicados temas, e num dos mais difíceis, do processo de paz israelo-palestiniano, e as chaves das antigas casas abandonadas são hoje um símbolo muitas vezes agitado para efeitos mediáticos pelos descendentes dos refugiados originais.
Israel argumenta que o problema dos refugiados só existe porque os países árabes não quiseram integrar os palestinianos deslocados, ao contrário do que fez Israel, que acolheu e integrou centenas de milhar de judeus que, depois da independência, saíram ou foram obrigados a sair dos países árabes onde viviam há muitos séculos, nalguns casos há dois milénios. Israel também sabe que o retorno dos descendentes dos refugiados alteraria de forma dramática a composição demográfica do país, ameaçando a sua natureza de Estado judaico.
No século XX, na Europa e no Médio Oriente, houve inúmeros casos de guerras que terminaram com a deslocação forçada de populações – foi o que sucedeu, por exemplo, na sequência da guerra entre a Turquia e a Grécia; foi o que sucedeu aos alemães dos Sudetas e da Polónia Ocidental; foi o que se passou com o sérvios da Krajina. Houve também gigantescas transferências de populações no Punjab, quando a Índia se separou do Paquistão. A permanência de um estatuto de refugiado para uma massa tão grande de deslocados de há mais de seis décadas, quase três gerações, é por isso um caso único nas relações internacionais.