As primeiras vacinas contra a Covid-19 foram administradas há quase três anos, mas nas redes sociais há utilizadores que continuam a colocar em causa a sua eficácia e até a garantir que são “experimentais” e que — alega-se agora — permitem injetar dispositivos de localização nos indivíduos imunizados com a tecnologia bluetooth.

No Facebook, numa publicação de 3 de setembro, garante-se que os vacinados são “chipados com a marca do código bluetooth”, o que os torna “detetáveis por geolocalização pelo aplicativo ‘BLE SCANNER'”. O autor do post vai mais longe e garante que os vacinados se transformam em “robôs androids”.

Defende ainda que, “devido ao grafeno, às nanotecnologias e demais metais pesados presentes nas vacinas experimentais”, os vacinados apresentam “códigos via sinal de bluetooth”.

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Em causa está um vídeo gravado numa superfície comercial, com dezenas de pessoas a circular, em que se tenta provar que os dados de uma aplicação de deteção bluetooth correspondem aos códigos dos vacinados presentes no local.

Mas a tese é falsa. Os números que aparecem no ecrã do protagonista da gravação são os códigos bluetooth dos dispositivos eletrónicos de quem tem esta funcionalidade de partilha de dados ativa nos respetivos telemóveis, computadores, ou tablets.

A aplicação móvel mencionada na legenda da publicação, a “Ble Scanner”, é descrita como uma ferramenta desenvolvida para profissionais, mas também para meros utilizadores que pretendam encontrar dispositivos via bluetooth.

Ao Observador, Joaquim Santos, diretor do Departamento de Engenharia Informática no Instituto Superior de Engenharia do Porto, garante que a aplicação “tem determinadas funcionalidades que nada têm a ver com deteção de vacinados“. Pelo que, assume, “não existem quaisquer evidências” de que o teste executado no vídeo partilhado nas redes sociais seja verdadeiro.

Em relação à existência de grafeno nas vacinas contra a Covid-19, que tem sido defendida com frequência nos últimos três anos, o Observador verificou em 2021 que as listas de ingredientes das várias vacinas desenvolvidas contra o novo coronavírus não referem a presença desta substância na sua composição.

Na altura, o professor associado da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, Hélder Mota Filipe, garantiu ao Observador que “não é verdade que estejam a ser colocadas nanopartículas suspeitas nas vacinas e muito menos que essas nanopartículas sejam de grafeno”.

Este componente tem várias utilizações no campo clínico desde que foi isolado pela primeira vez, em 2004, e, ao contrário do que se defende nas redes sociais, não tem propriedades magnéticas e também não é utilizado, de forma geral, em vacinas.

Conclusão

Em suma, a alegação de que uma aplicação para telemóveis permite identificar os indivíduos vacinados contra a Covid-19 não tem qualquer fundamento e é facilmente desmontada. Trata-se de um meio para detetar dispositivos móveis com a funcionalidade bluetooth ativa.

Além disso, é falso, como verificado em várias ocasiões pelo Observador, que as vacinas desenvolvidas para combater o novo coronavírus contenham grafeno ou outros componentes potencialmente prejudiciais à saúde humana.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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