Está a ser partilhada no Facebook uma imagem de uma escultura semelhante à famosa Estátua da Liberdade de Nova Iorque com uma legenda que atribui a sua autoria a um artista sírio não identificado. De acordo com o post, a figura terá sido criada a partir dos destroços da casa do artista em Aleppo, sugerindo que a habitação terá sido destruída na sequência na guerra que assola a região desde 2011. À estátua, terá acrescentado “o lema”: “Esta é a liberdade nos trouxeram os EUA”, uma referência à intervenção norte-americana no conflito. Nada disto é verdade.

A imagem tem origem numa publicação feita a 8 de setembro de 2012 por Tammam Azzam, um artista sírio originário de Damasco. De acordo com a biografia disponível no seu site, Azzam vive atualmente na Alemanha, onde se estabeleceu em 2016 após cinco anos nos Emirados Árabes Unidos, para onde se mudou após o início da guerra na Síria. O seu trabalho, uma mistura de diferentes materiais e técnicas, é profundamente marcado pelo conflito. “Estátua da Liberdade” é uma das peças em que abordou o tema. Em declarações à agência de notícias AFP, o artista explicou que a sua intenção era “enfatizar a importância da liberdade”, em especial para os sírios, “que perderam as suas vidas e lares pela liberdade”.

Embora a imagem que esteja a ser partilhada seja da sua autoria, não é, no entanto, verdade que se trate de uma escultura construída a partir dos destroços da sua habitação em Aleppo. Além de ser natural de Damasco, e não de Aleppo, Azzam não criou a peça a partir de objetos físicos. Como o próprio explicou na publicação original, trata-se de uma fotomontagem. Azzam lamentou à AFP que a imagem estivesse a ser “usada fora do contexto” e revelou que tentou entrar em contacto com alguns dos utilizadores que a divulgaram com “legendas totalmente novas”, mas sem sucesso.

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A guerra na Síria, que começou em 2011 com a repressão de uma série de protestos populares a favor da democracia, provocou a morte de quase 390 mil pessoas, segundo o mais recente balanço do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), divulgado no final do ano passado. Destes, 117 mil eram civis e 22 mil eram crianças. Entre os combatentes, mais de 130.500 eram pró-regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, e 57 mil eram rebeldes.

A intensidade dos combates diminuiu em 2020 graças a um cessar-fogo no noroeste do país e aos esforços para conter a pandemia do novo coronavírus. O número de mortos foi também o mais baixo desde o início do conflito, que deixou a economia devastada e milhares de sírios a viver em situação precária. O custo económico de dez anos de guerra foi avaliado em 1.200 mil milhões de dólares (1.008 mil milhões de euros) num relatório recente da organização não-governamental World Vision. Segundo a ONU, 60% da população vive numa situação de insegurança alimentar.

Síria. Dez anos de guerra depois, a paz continua distante

Conclusão

É verdade que a imagem de uma escultura semelhante à Estátua da Liberdade foi criada por um artista sírio, mas não é verdade que esta tenha sido feita a partir dos destroços da casa do artista. Trata-se de uma fotomontagem, como o próprio admitiu no post original, de 2012.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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