Não é de agora a informação que dá conta de que o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) não se vacinou na altura da pandemia da Covid-19. Há notícias com quase dois anos a desmentir essa informação e, mais uma vez, trata-se de uma notícia falsa, assente num vídeo manipulado em que se procura demonstrar que Tedros Adhanom não receber a vacina.

Ora, no vídeo que continua a circular sobre a entrevista de Tedros é apenas colocado um excerto da conversa com o jornalista Jon Cohen, em que o diretor-geral da OMS justifica a altura em que tomou a vacina contra a Covid-19, argumentando que se tratou de um protesto contra a desigualdade no acesso a medicação e vacinas nos países africanos. Na entrevista original, e não no vídeo truncado, Tedros Adhanom é questionado sobre a data em que levou a primeira vacina e responde 12 de maio [de 2021], o jornalista questiona-o sobre o porquê de ter esperado já que, devido ao cargo que ocupa, podia ter sido vacinado em dezembro de 2020.

“Sei onde pertenço, a um país pobre chamado Etiópia, num continente pobre, África. Com os privilégios que tenho aqui [na OMS], talvez tivesse a hipótese de tomar [a vacina] primeiro. Mas não quis usufruir disso (…), quis esperar até que em África e noutros países de outras regiões, países subdesenvolvidos, começassem a vacinação. Tenho experiência como profissional de saúde e estou num dos grupos de risco. [Quando me vacinei] eles estavam a começar a vacinar os profissionais de saúde e os grupos de risco [na África], então, achei que era a minha vez. Eu estava a verificar a minha vez em comparação com o que teria em África e não em Genebra. Era um protesto”, explicou o diretor-geral da OMS durante a entrevista à revista Science.

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A informação falsa foi circulando de tal forma que o próprio jornalista acabou por usar o Twitter para contrariar o que estava a ser dito, através de uma publicação onde garante tratar-se de uma mentira.

Mais do que isso, Tedros Adhanon anunciou publicamente o momento em que tomou a vacina, através de uma publicação com imagem partilhada nas redes sociais no dia 12 de maio. Além de ter escrito que “as vacinas salvam vidas”, também reiterou o protesto contra a desigualdade no acesso, dizendo ser fundamental que as vacinas cheguem a todos os países “o mais rápido possível”.

Dois anos depois, as informações falsas sobre a alegada não-vacinação de Tedros Adhanon continuam a circular, mas não passam disso mesmo: publicações com informações erradas e manipuladas.

Conclusão

É falso que Tedros Adhanon, diretor-geral da OMS, não se tenha vacinado contra a Covid-19. As informações que continuam a circular dois anos depois de dezenas de desmentidos baseiam-se numa entrevista dada à revista Science onde o responsável pela OMS explicou que tinha esperado para se vacinar ao mesmo tempo do que os profissionais de saúde do país de onde é natural, a Etiópia, recusando a prioridade que o cargo que dava. Em causa estava um protesto que chamava a atenção para a desigualdade na distribuição de vacinas e medicamentos.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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