Várias publicações listam o que dizem ser as recomendações que resultaram de uma conferência, em Berlim (na Alemanha), na qual terão estado presentes vários médicos a falar sobre “doenças malignas”. “Resumo da Conferência Médica sobre Doenças Malignas em Berlim — Alemanha. Alguns pontos interessantes”, começa por anunciar um dos posts, enunciando depois uma série de conselhos em várias áreas, da alimentação aos exames médicos.
Na conferência, os especialistas terão desaconselhado a ingestão de leite em pó, de sumos gaseificados, de açúcares processados, de cerveja e também o uso do micro-ondas ou de sutiãs muito apertados. Por outro lado, terão aconselhado o consumo de legumes, mel, água com estômago vazio e refeições não aquecidas.
Desde logo, a extensa publicação mistura informações corretas e com suporte científico com outras que não têm validação médico-científica. Neste segundo grupo, encontram-se, por exemplo, afirmações que apontam para uma correlação entre as pílulas anticoncecionais e o aparecimento de cancro; a sugestão para não serem tomados medicamentos com água fria ou a alegação de que um telemóvel com pouca bateria emite uma radiação mil vezes mais forte.
Mas, a par do conteúdo das recomendações sem sustentação científica, o facto é que a dita conferência nunca se realizou. Não há qualquer referência a uma conferência deste tipo na imprensa geral nem especializada. Aliás, a mesma lista de conselhos tem vindo a circular nas redes sociais pelo menos desde 2017, alegando tratar-se do resumo de várias conferências internacionais.
Conclusão
Não há registo de se ter realizado em Berlim qualquer conferência médica sobre doenças malignas. Assim, a listas de conselhos, atribuídos aos especialistas que alegadamente terão estado nesse evento, é falsa. Para além disso, contém alguns conselhos que não são suportados por qualquer evidência médico-científica.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.