Circula nas redes sociais uma alegada notícia da morte de Myriam Bourla, a mulher do CEO da farmacêutica Pfizer, que teria falecido devido a complicações com a vacina contra a Covid-19. A publicação que circula destaca até, numa cor diferente, que “a causa da morte foi listada como complicações da vacina Pfizer”. Mas não só Myriam Bourla esteve presente e foi fotografada num evento no dia em que essa publicação foi divulgada, como a própria Pfizer já desmentiu a informação.
Estas informações tiveram origem numa publicação feita pelo TheConservativeBeaver, um site conservador canadiano conhecido por divulgar notícias falsas. Muitas delas — como uma suposta detenção do Papa Francisco, do ex-presidente norte-americano Barack Obama ou ainda do irmão do presidente canadiano por suspeita de crimes sexuais — já foram até desmentidas por diversos sites de fact checking, incluindo o Observador:
Fact Check. Barack Obama foi preso por espionagem em novembro de 2020?
O texto do The Conservative Beaver é mais longo do que aquele que está a ser partilhado nas redes sociais. O mesmo afirma que Bourla se recusou inicialmente a tomar a vacina contra a Covid-19 e cita uma entrevista dada pela mulher do CEO da Pfizer ao Scarsdale10583, um site de notícias locais da cidade de Sacarsdale, próxima de Nova Iorque, onde o casal mora. Só que o que Myriam Bourla explicava, na entrevista de fevereiro de 2021, é que não ia tomar a vacina porque ainda não era a sua vez e não porque não confiava nela.
Só quero dizer que estou muito orgulhosa pelo meu marido e pelo trabalho que ele fez. Também estou muito feliz pela humanidade e pela esperança que a vacina trouxe ao mundo. Ainda não tomei a vacina porque ainda não é a minha vez ”, declarou.
Para já, não há qualquer notícia na comunicação social sobre a suposta morte da mulher do CEO da Pfizer. Uma pesquisa no Google não leva a quaisquer resultados acerca da alegada morte de Myriam Bourla, nem sequer de que essa eventual morte estivesse relacionada com a vacina contra a Covid-19.
Aliás, o marido de Myriam Bourla e CEO da Pfizer, Albert Bourla, partilhou no Twitter uma fotografia com a mulher, um dia após a publicação a dar conta da sua suposta morte. A fotografia mostrava o casal, precisamente no dia 10 de novembro, no evento Atlantic Council Distinguished Leadership Awards. “A aproveitar este momento com a minha mulher e a Diretora de Recursos Humanos da Pfizer na noite passada. Que bom que pudemos estar juntos pessoalmente enquanto aceitei este prémio em nome dos nossos colegas motivados pelo mundo fora”, lê-se no tweet de Albert Bourla.
Enjoying the moment with my wife and Pfizer's Chief Human Resources Officer at last night's @AtlanticCouncil Distinguished Leadership Awards. Glad we were able to be together in person as I accepted this award on behalf of our purpose-driven colleagues around the world. pic.twitter.com/y3r0y6peal
— Albert Bourla (@AlbertBourla) November 11, 2021
Por fim, a própria Pfizer negou a morte. Um porta-voz da farmacêutica disse à Associated Press que Myriam Bourla está “viva e de saúde” e que as publicações que surgiram a este respeito são “mentiras”.
Conclusão
Um site conhecido por divulgar notícias falsas fez uma publicação onde, que agora circula nas redes sociais, e que afirma que Myriam Bourla, a mulher do CEO da farmacêutica Pfizer, teria falecido devido a complicações com a vacina contra a Covid-19. Não há qualquer notícia na comunicação social e uma pesquisa no Google não leva a quaisquer resultados acerca da alegada morte.
Depois, o marido de Myriam Bourla e CEO da Pfizer, Albert Bourla, partilhou no Twitter uma fotografia com a mulher, um dia após a publicação a dar conta da sua suposta morte. Além disso, a própria Pfizer já negou a morte e garantiu que Myriam Bourla está “viva e de saúde” e que as publicações que surgiram sobre ela são “mentiras”.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.
Nota 1: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.
Nota 2: O Observador faz parte da Aliança CoronaVirusFacts / DatosCoronaVirus, um grupo que junta mais de 100 fact-checkers que combatem a desinformação relacionada com a pandemia da COVID-19. Leia mais sobre esta aliança aqui.