Na apresentação da candidatura do Chega à Câmara Municipal de Lisboa, esta terça-feira, Nuno Graciano, cabeça-de-lista do partido à principal autarquia do país e ex-apresentador de televisão, disse o seguinte: “Eu sempre estive ligado à política. Fui presidente da associação de estudantes do meu liceu, fui presidente da associação académica da Universidade. Portanto, sempre estive ligado à política.” Mas Nuno Graciano terá sido eleito, na Universidade, para as funções que alega ter desempenhado?
Antes de mais, importa clarificar que universidade está em causa nesta declaração. Na apresentação de candidatura que protagonizou, Nuno Graciano não foi claro sobre a instituição de ensino superior que frequentou. Mas uma consulta às informações públicas sobre o ex-apresentador que estão disponíveis na internet permite chegar rapidamente a esse dado: no início da década de 1990, o agora candidato à Câmara Municipal de Lisboa (CML) ingressou no pólo da Universidade Moderna da capital — a instituição acabaria por ser extinta em 2008 por decisão do então ministro do Ensino Superior, Mariano Gago. É também isso que atestam os vários ex-alunos que o Observador contactou e que confirmam a passagem de Graciano pela Moderna, no início da década de 1990.
Mas esses mesmos ex-alunos refutam a possibilidade de o ex-apresentador de televisão ter presidido à associação académica (AA) da universidade. A primeira lista eleita para a associação foi liderada por Celso Ferreira (ex-presidente da Câmara Municipal de Paredes, eleito pelo PSD). A seguir, foram eleitos Manuel Afonso, Ricardo Vieira Machado e Samuel Cruz. Os mandatos são enumerados ao Observador pelo próprio ex-aluno da Moderna Samuel Cruz (ex-vereador do PS na câmara do Seixal). “O assunto foi discutido entre muitos ex-alunos nos últimos dias e ninguém se lembra dele como presidente da associação académica”, garante.
“Ele participava ativamente nos eventos da faculdade — os concursos Miss e Mister Moderna, as festas da universidade —, mas nunca foi presidente” da associação académica, garante ao Observador João Brito, advogado, ex-DUX (conselho de veteranos) da Moderna ao longo de toda a década de 1990. Os nomes dos ex-alunos que ocuparam a presidência da AA são, também, enumerados por João Brito: Celso Ferreira, Manuel Afonso, Ricardo Machado, Samuel Cruz. Nenhuma referência a Nuno Graciano naquelas funções.
À revista Sábado, um dos ex-presidentes da AA, Ricardo Vieira Machado, já tinha revelado as reais funções de Graciano naquela associação. “O que lhe posso confirmar é isto: o Nuno Graciano foi vice-presidente da Associação Académica na altura em que eu era presidente. Era ele e mais 13 vice-presidentes, se não me engano”, recordou o agora diretor da Metro de Lisboa.
Nessa passagem pela AA, como vice-presidente da lista liderada por Ricardo Vieira Machado, Graciano estava responsável pela área de “recreativo e relações públicas”. Mas, ao contrário do que refere a sua página na rede social Facebook, não chegou à Associação Académica como aluno de Relações Internacionais — na Moderna, Graciano frequentou o curso de Ciência, Desenvolvimento e Cooperação.
Conclusão
Os vários testemunhos recolhidos pelo Observador contrariam a versão apresentada por Nuno Graciano: o candidato do Chega à câmara de Lisboa teve uma passagem pela Associação Académica da Universidade Moderna, de facto, mas nunca presidiu àquele grupo representativo dos estudantes da instituição.
Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:
FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.