Tendo como base um print do portal online Tribuna Nacional, circulam publicações nas redes sociais que dão conta de que a Agência Europeia do Medicamento (EMA, sigla em inglês) emitiu um “alerta urgente para as mulheres”, indicando que as vacinas mRNA contra a Coivd-19 (das empresas farmacêuticas Pfizer e Moderna) causam “infertilidade” e “abortos espontâneos” às grávidas.

Apesar de o título da publicação apenas fazer referência a grávidas, a informação publicada no portal Tribuna Nacional refere que a EMA foi “forçada” a admitir que os efeitos secundários da vacina contra a Covid-19 podem ser disseminados por “contacto pele a pele” ou mesmo se alguém “respirar o mesmo ar que uma pessoa vacinada”, o que “pode levar à interrupção do ciclo menstrual em mulheres e aborto espontâneo em grávidas”.

Para sustentar o ponto de vista, o Tribunal Nacional, que se define como tendo uma linha editorial “conservadora e crítica”, encaminha para orientação emitida pela EMA no final de outubro de 2022. Mesmo assim, o portal escreve que isso não era “necessário”. “As evidências para apoiar isso estão disponíveis há mais de um ano”, lê-se, exemplificando que “centenas, senão milhares, de mulheres relataram que sofreram sangramento/coagulação irregular após receberem uma das vacinas de mRNA Covid. Infelizmente, milhares de outras pessoas também relataram a perda de seu filho ainda não nascido/recém-nascido”.

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Contudo, as informações presentes na orientação da EMA não estão em consonância com a publicação em causa. De facto, a partir de outubro de 2022, o organismo europeu admitiu a necessidade de colocar o sangramento menstrual intenso como um dos possíveis efeitos secundários da vacina, ainda que não fosse possível estimar a “frequência” com que podia afetar as mulheres inoculadas.

“Após rever informações, a EMA conclui que há pelo menos uma possibilidade razoável de que a ocorrência de sangramento menstrual intenso pode estar associada às vacinas e, por isso, recomendou a atualização da informação do produto”, lê-se na orientação, que ressalva, ainda assim, que a “maioria dos casos não são sérios” e são “temporários”.

Caso muito diferente é a alegação que se lê na publicação da Tribuna Nacional de que a vacina contra a Covid-19 pode causar infertilidade. Na orientação, a EMA garante que não há “evidências que sugiram que as desordens menstruais que algumas pessoas sentem possam ter um impacto na reprodução ou fertilidade”.  Adicionalmente, o organismo europeu garantiu que, até ao momento, não há provas de que as vacinas contra a doença de mRNA possam “causar complicações durante a gravidez” à mulher ou ao feto.

Conclusão

Não houve qualquer indicação por parte da orientação da EMA citada na publicação do portal Tribuna de Nacional de que as vacinas mRNA contra a Covid-19 possam efetivamente gerar problemas durante a gravidez. Nessa atualização, a agência europeia apenas recomendou que o sangramento menstrual intenso fosse incluído como efeito secundário da vacinação — mas os casos são, na maioria, realça o organismo, pouco graves e temporários.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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