A tensão entre o Irão e Israel tem décadas. Começou em 1979, com a revolução islâmica no Irão e, desde aí, têm sido constantes os ataques no Médio Oriente. Mas foi na noite de 13 de abril que o Irão atacou diretamente Israel pela primeira vez, disparando centenas de drones e de mísseis balísticos e de cruzeiro. E na sequência deste ataque começaram a aparecer nas redes sociais vídeos que, alegadamente, mostravam o lançamento de mísseis a partir do território iraniano. Num dos vídeos partilhados logo a 14 de abril, no dia seguinte ao ataque do Irão a Israel, pode ler-se que o “Irão manda mísseis a toda a velocidade contra Israel”.

As imagens foram captadas durante a noite e não é possível identificar qualquer referência ao território iraniano. Mas é possível ter uma certeza: este vídeo não foi captado na noite do ataque do Irão a Israel. Estas imagens têm data de 3 de fevereiro de 2020 e correspondem a um ataque da Turquia à Síria. Há cerca de quatro anos, ainda a rede social X se chamava Twitter, este vídeo foi partilhado pelo jornal turco Daily Sabah com a seguinte descrição: “Forças turcas retaliam contra o ataque do regime de Assad na província de Idlib, a noroeste da Síria.” E o jornal acrescentava ainda que o vídeo mostrava “imagens de fontes locais”.

Estas imagens mostram, ao contrário daquilo que é sugerido pela publicação em análise, a resposta da Turquia a um ataque sírio que provocou a morte de quatro militares turcos, numa altura em que aumentavam as tensões entre o regime turco e a Rússia, principal aliado do regime sírio. Nesta data, em 2020, faltavam poucos meses para se completarem 10 anos de guerra na Síria, que começou com a revolta contra o regime de Bashar al-Assad, em 2011, e a principal frente de guerra era precisamente Idlib, vista como o último reduto da oposição na Síria. No ataque feito pela Turquia morreram, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, 13 soldados.

Já durante o ataque do Irão contra Israel, a 13 de abril deste ano, não foram registadas mortes, uma vez que todos os mísseis que entraram no território israelita foram intercetados e neutralizados. Apenas uma criança de 10 anos ficou ferida, adiantaram na altura as autoridades de Israel, depois de ter sido atingida pelos destroços de um dos mísseis intercetados.

Conclusão

A informação partilhada no Facebook é falsa. O vídeo não mostra o ataque do Irão a Israel, mas sim o ataque à Síria feito a partir da Turquia. Ao contrário daquilo que é referido na publicação, as imagens não foram captadas em abril deste ano, mas sim em fevereiro de 2020.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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