Um vídeo com pouco mais de um minuto é partilhado no Facebook com a legenda: “Bruxelas em protesto devido ao brutal aumento de custo vida e contra a NATO, com apelos ao fim do financiamento desta organização (devido à guerra na Ucrânia) e à reconversão desse financiamento para o aumento dos salários”.

Nas imagens é possível ver milhares de pessoas nas ruas de Bruxelas, em protesto, com bandeiras e cartazes onde se pode ler: “Mais respeito, mais salários” e “fim do imposto especial de consumo”. Os manifestantes, mais de 70 mil segundo as autoridades, pedem melhores condições de trabalho e melhores salários, mas não há sinal de qualquer referência ou contestação à NATO.

No mesmo dia da manifestação, a 20 de junho, o primeiro-ministro belga deu uma entrevista à RTBF em que garantia que o povo belga estava melhor protegido que a maior parte dos povos da União Europeia, e que os salários na Bélgica estavam a ser aumentados de acordo com o aumento do custo de vida, por estarem coordenados com a inflação. Em toda a entrevista, não houve nenhuma questão sobre uma possível contestação dos manifestantes à NATO.

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A partilha da informação falsa foi tal que levou o Governo belga a desmentir as ligações da manifestação à NATO. Através do Twitter, a página do Ministério dos Negócios Estrangeiros partilhou uma das notícias falsas, que relaciona a manifestação a movimentos anti-NATO, e escreveu: “É a isto que chamamos de desinformação. As manifestações em Bruxelas na segunda-feira, 20 de junho, eram para pedir mais poder de compra e, de forma alguma, eram contra a NATO ou contra o nosso apoio à Ucrânia na guerra com a Rússia.”

Conclusão

No dia 20 de junho, cerca de 80 mil pessoas saíram à rua, na Bélgica, para se manifestarem. O vídeo partilhado nas redes sociais é real, mas a associação com protestos anti-NATO, não. O próprio governo belga desmentiu que o que estava em causa era o apoio da Bélgica à Ucrânia ou a participação na NATO, mas sim a exigência de melhores condições de vida.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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