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Perante os sintomas mais comuns de enfarte, como um aperto no peito, com ou sem irradiação para o braço esquerdo, costas ou mandíbula, ou ainda suores frios intensos, acompanhados de náuseas e vómitos, é essencial procurar ajuda médica através do número de emergência médica 112. Ainda que a sintomatologia possa ser confusa e própria de muitas outras doenças, é com este gesto simples que mais vidas são salvas. Isto porque quando se liga para o 112, o doente espera por uma ambulância, “que está equipada com aparelhos que registam e monitorizam a atividade do coração e permitem diagnosticar o enfarte”, sublinha Hélder Pereira, cardiologista e diretor do Serviço de Cardiologia do Hospital Garcia de Orta, em Almada. |
À chegada, a equipa realiza um eletrocardiograma de imediato e se o diagnóstico for confirmado, “os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM ativam a Via Verde Coronária e fazem o transporte do doente de forma rápida e segura para o hospital mais indicado, permitindo um tratamento mais rápido e adequado”, afirma o cardiologista. Ainda no caminho, contactam o Serviço de Cardiologia com laboratório de hemodinâmica da área de referência, para que a equipa médica esteja preparada para iniciar a angioplastia primária assim que o doente chegar. |
Foi o que aconteceu a Edgar Gomes, casado com Carla, enfermeira, e que rapidamente percebeu o que se passava com o marido. Perante os sintomas de um segundo enfarte do miocárdio [Edgar já tinha sofrido um enfarte antes], Carla começou de imediato as manobras de suporte básico de vida, não hesitou e pediu à filha para ligar ao 112. À chegada do hospital, o facto de a Via Verde Coronária ter sido acionada permitiu que o doente tivesse realizado de imediato um cateterismo e a desobstrução de uma artéria do coração através de uma angioplastia. Sem ter de passar pela triagem e nas urgências. |
A Via Verde Coronária foi criada em 2007 pelo INEM e a Direção-Geral da Saúde, através do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares. O HGO é um dos 20 hospitais em Portugal preparados para socorrer casos de enfarte agudo do miocárdio, uma doença que afeta mais de dez mil portugueses, todos os anos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. Esta reportagem assinada pela jornalista Carla Mateus e a fotojornalista Rita Chantre não é o único conteúdo que o Observador dedicou a esta doença que matou 3908 portugueses, em 2022, de acordo com os últimos dados disponíveis no Instituto Nacional de Estatística. |
Francisco Moita Flores, ex-inspetor da Polícia Judiciária e antigo presidente da Câmara Municipal de Santarém, tem dedicado parte da sua vida à escrita e publicou, em março de 2023, o livro Um Enfarte no alto do Parque, um testemunho na primeira pessoa sobre uma paragem cardíaca e como se pode prevenir uma “morte súbita”. A obra, editada pela Casa das Letras, foi inspirada no momento em que se preparava para uma sessão de autógrafos na Feira do Livro, em 2022, e da sorte que teve por ter sido socorrido rapidamente. Pode ler aqui o artigo que escreveu para o Observador. |
Também Emília Oliveira conta, na primeira pessoa, na rubrica Quando a minha vida mudou, numa entrevista à jornalista Sofia Teixeira, o dia em que teve duas paragens cardiorrespiratórias e foi salva pelos bombeiros, pela equipa de emergência e reanimação e pelos médicos do hospital. Acredita que o facto de fumar, ter o colesterol elevado e não estar bem medicada para esse fator de risco, além de ter ansiedade, terão contribuído para a doença. Hoje está focada em recuperar e não ficar dependente. |
Este mês destacámos uma doença cardíaca rara através da rede de apoio de Delfina Carvalho. A vida da médica de medicina geral e familiar de 64 anos mudou há dois anos quando foi diagnosticada com amiloidose cardíaca. A própria já sabia que esta era uma doença “rara, crónica e incurável”, mas teve de se agarrar à esperança e aos amigos, familiares e médicos para aprender a viver com esta nova realidade e com muitos cuidados. “Agarro-me a cada pequena vitória como quem ganha o Euromilhões”, disse, numa reportagem assinada por Paula Sofia Luz, com fotos de Rita Chantre e Rui Miguel Pedrosa. |
De Leiria, onde mora Delfina Carvalho, rumamos a Évora, para conhecer o Centro de Responsabilidade Integrada Cérebro-Cardiovascular do Alentejo (CRIA) do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE), que integra a Unidade Local de Saúde Alentejo Central, e que permite tratar doenças cardíacas à população alentejana sem que os doentes tenham de se deslocar a outras cidades, nomeadamente, Lisboa, Coimbra ou Porto. O CRIA realiza procedimentos para tratamento de enfartes ou de doenças vasculares e, ao contrário do que acontece noutros locais em que as listas de espera são cronológicas, no CRIA é feita uma triagem por gravidade. (…) Desta forma, explica Marisa Serrano, enfermeira responsável do CRIA, “os doentes não ficam nem perdidos, nem esquecidos no sistema, e não permitimos que a lista aumente demasiado sem antes darmos uma resposta em função dessa prioridade.” |
São muitos os conteúdos a que pode aceder no Arterial, o projeto do Observador dedicado exclusivamente às doenças cérebro-cardiovasculares (DCCV). Se está de volta ao trabalho e às rotinas, aproveite para colocar a saúde na agenda. Setembro é um bom mês para marcar as consultas regulares, suas e dos seus familiares, e para voltar aos estilos de vida saudáveis. É já a partir de 16 de setembro – e até dia 22 – que se celebra a Semana Europeia da Mobilidade. Em 2024, o tema escolhido é “O Espaço Público partilhado” e durante esta semana, mais de 3000 vilas e cidades vão organizar iniciativas ligadas à mudança de comportamentos, entre elas, sessões de atividade física gratuitas. Informe-se na juntas de freguesia ou na Câmaras Municipais perto de si. |
Como temos ouvido junto dos especialistas que entrevistamos, o AVC, o enfarte e muitas outras DCCV não escolhem idades. E, se é verdade que em alguns casos não podemos mudar algumas condições genéticas que precipitam um episódio súbito, também sabemos que o stress, o colesterol elevado, a hipertensão, a alimentação inadequada, o sedentarismo, a falta de cumprimento da medicação prescrita, entre outros fatores de risco, contribuem sobremaneira para as estatísticas que colocam as DCCV como a principal causa de morte, em Portugal e no mundo. |
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Boas leituras! |
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REPORTAGENS
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Arterial
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O Hospital Garcia de Orta, em Almada, é um dos 20 em Portugal preparados para socorrer casos de enfarte com um tratamento rápido e adequado. Ligar para o 112 é a melhor atitude para salvar vidas.
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Arterial
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Emília Oliveira teve um enfarte com 2 paragens cardiorrespiratórias. Salva pelos bombeiros, pela equipa de emergência e reanimação e pelos médicos do hospital, tinha um objetivo: não ficar dependente.
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Arterial
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Há muito por fazer para equilibrar cuidados de saúde em Portugal. Mas, em Évora, o único Centro de Responsabilidade Integrada Cérebro-Cardiovascular do país deixa os doentes locais menos desamparados.
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Arterial
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Numa fase inicial, não dá sintomas e nem costuma ser uma doença isolada. Mas a aterosclerose — que pode ser prevenida — contribui para a principal causa de morte em Portugal: AVC e enfartes.
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Arterial
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Como reage uma médica ao prognóstico reservado? Como se adapta, com todas as cautelas? Delfina Carvalho está a reaprender a viver com amiloidose cardíaca, com uma impressionante rede de apoio.
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OPINIÃO
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Quando estive internado devido a um enfarte agudo do miocárdio, tive tempo para pensar nos meus hábitos. Sou alentejano, sempre gostei de carne de porco e fumava 40 cigarros por dia.
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O exercício físico não deve ser apenas uma recomendação médica, mas uma prática obrigatória e essencial para uma recuperação ótima e manutenção da saúde após um evento cérebro-cardiovascular.
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Os meus olhos já assistiram a situações incríveis de quem não se entregou ao sofrimento que um AVC pode causar. O apoio da psicologia é essencial para a adaptação dos sobreviventes a uma nova vida.
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Eu pensava que era uma doença que só afetava pessoas mais velhas. Tinha 34 anos quando sofri um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A minha “segunda vida” começa assim…
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Apesar da importância inquestionável dos enfermeiros, o Serviço Nacional de Saúde enfrenta uma carência de 14 mil profissionais. Muitos emigraram, outros estão desmotivados e sobrecarregados.
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AGENDA
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O QUE SE ESCREVE LÁ FORA
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