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O plástico mudou o mundo. Desde o início do século XX, quando o químico belga Leo Hendrik Baekeland inventou a baquelite, a indústria do plástico transformou radicalmente a vida humana. Há até quem defenda que, hoje, vivemos na “Idade dos Plásticos”, o material que define a modernidade. |
Desde a invenção da baquelite, tudo passou a poder ser mais leve, mais barato, mais resistente, de qualquer cor e de qualquer forma. Os plásticos tiveram também um impacto decisivo na saúde humana: o surgimento de materiais descartáveis foi vital não só para a higiene e a segurança dos alimentos, mas também para o desenvolvimento de material médico de uso único que permitiu evitar a disseminação de todo o tipo de bactérias e doenças. |
Mas há um lado negro. |
Estima-se que, atualmente, sejam produzidas mais de 400 milhões de toneladas de plástico todos os anos — e cerca de 40% de todo esse plástico é usado para sacos e embalagens. Além disso, todos os anos, cerca de 8 milhões de toneladas de resíduos de plástico vão parar aos oceanos. Dos oceanos, não é difícil imaginar que chegam rapidamente a muitos outros lugares, incluindo ao nosso próprio corpo, através, por exemplo, do peixe que consumimos. |
A contaminação por microplásticos tornou-se uma inevitabilidade dos nossos dias. É praticamente impossível encontrar o que quer que seja que não tenha algum tipo de contaminação por pequenas partículas de plástico: a água, a comida. A comunidade científica até já detetou a presença de microplásticos em amostras de leite materno, em pulmões humanos e em nuvens. Não há como fugir: estão mesmo em todo o lado. É inevitável consumi-los diariamente. |
Contudo, há ainda muitas dúvidas sobre qual a verdadeira dimensão do impacto dos microplásticos na saúde humana, apesar de já terem sido encontrados vestígios de partículas plásticas em praticamente todo o tipo de tecido humano. Múltiplos estudos realizados nos últimos anos detetaram todo o tipo de impactos: em algumas situações, os microplásticos permanecem no corpo humano sem ter qualquer consequência negativa na saúde; mas, na maioria dos casos, podem causar danos na saúde humana, desde pequenas irritações, infeções, inflamações e doenças pulmonares até, no limite, ao cancro. |
O que é certo é que, para já, se sabe muito pouco — sobretudo acerca dos impactos a longo prazo. |
Por isso, cientistas e ambientalistas concordam num ponto: o melhor a fazer é mesmo tentar reduzir ao mínimo o contacto com os microplásticos, sabendo à partida que é impossível eliminá-los por completo. E, aqui, a sabedoria tradicional pode dar uma ajuda. Como explica este artigo do Observador, ferver e filtrar a água da torneira pode mesmo ajudar a eliminar até cerca de 90% dos nano e microplásticos que a contaminam. |
A jornalista Adriana Alves falou com o investigador Eddy Y. Zeng, da Universidade de Jinan, na China, que foi um dos autores de um estudo recente que concluiu que as técnicas tradicionais podem ser muito mais eficazes (e bem mais baratas) do que os sistemas sofisticados de filtragem que a comunidade científica tem tentado desenvolver: “A sabedoria convencional e a ciência moderna podem complementar-se.” |
Portugal tem nova ministra do Ambiente |
Hoje foi o primeiro dia de trabalho do novo Governo. Depois da tomada de posse, na terça-feira, os ministros do XXIV Governo Constitucional, liderado pelo social-democrata Luís Montenegro, reuniram-se esta quarta-feira para primeiro conselho de ministros de uma legislatura que se antecipa de grande tensão num Parlamento profundamente dividido. |
Na área governativa do Ambiente, sai Duarte Cordeiro, que era ministro do Ambiente e Ação Climática, e entra Maria da Graça Carvalho, para tutelar a rebatizada pasta do Ambiente e Energia. |
Aos 68 anos, traz uma já longa carreira política e académica, na qual se tem destacado nas áreas da energia e do desenvolvimento sustentável. |
Não é a primeira experiência de Maria da Graça Carvalho como ministra: já tutelou a Ciência e o Ensino Superior entre 2003 e 2005, nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes. Mas a maioria do percurso político da nova ministra do Ambiente foi passado em Bruxelas. Foi eurodeputada entre 2009 e 2014 e voltou a ocupar um lugar no Parlamento Europeu novamente a partir de 2019. Foi também chamada por Carlos Moedas, quando foi comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, para ser conselheira — e foi também conselheira principal da Comissão Europeia, no tempo de Durão Barroso, para as áreas da ciência, ensino superior, inovação, energia, meio ambiente e alterações climáticas. |
Professora catedrática do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, Maria da Graça Carvalho foi também fundadora de um grupo de investigação científica sobre a energia e o desenvolvimento sustentável. |
O novo nome do ministério já indica que uma das grandes prioridades da nova ministra será a energia. Num contexto global marcado pela guerra na Ucrânia, as questões na energia serão fulcrais. Como pode ler no perfil de Maria da Graça Carvalho publicado pelo Observador, assuntos como o concurso para a energia eólica offshore, as estratégias nacionais para o lítio e o hidrogénio e as respostas ao problema crónico da seca serão temas incontornáveis na secretária da nova ministra. |