António Costa não gosta de falar claro. Sobretudo aos eleitores. Sobretudo em campanha eleitoral.
Lembram-se de como foi há quatro anos? Muito cedo começou a congeminar uma aliança com os partidos à sua esquerda – mais exactamente quando, logo no congresso em que foi entronizado, se manifestou enigmaticamente contra o conceito de “partidos do arco da governação”. Mais perto das eleições, quando começou a perceber que até podia perder para a coligação PSD/CDS – um cenário impensável num país que saía de um duríssimo programa de assistência financeira – tratou de iniciar conversas com o PCP (e também com o Bloco, mas de forma menos formal) ainda antes dos portugueses votarem. Disse alguma coisa? Avisou alguém? Só de forma sibilina: anunciando que não deixaria passar um governo de Passos mesmo que Passos ganhasse (mas sem maioria absoluta). O que significava que já estava de olho numa solução de “maioria de esquerda”. Só que nunca falou nela.
Como sempre, o líder do PS dá a entender uma coisa e o seu contrário, criando a ilusão de que aquilo que fez estes quatro anos – navegar à bolina, de negociação em negociação, mas sempre com a tranquilidade de saber que os partidos das geringonça não podiam roer a corda – é receita para mais uma legislatura. Mas não é. E ele sabe que não é.
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