Quando António Costa perdeu as eleições em 2015 a crise económica e financeira estava ultrapassada. A economia voltara a crescer, a dívida pública atingira o seu pico e dava sinais de estancar. O desemprego iniciara a sua curva descendente, o défice das contas públicas fora finalmente controlado e um excedente orçamental era possível e finalmente desejado pela classe política.
Durante o governo de Passos Coelho, PS, PCP e BE gritaram que vinha aí a espiral recessiva, nome que então se dava ao Diabo. Não veio. Nem o Diabo nem a espiral recessiva. O sucesso do governo PSD/CDS era inegável, como se aperceberam os eleitores há quatro anos. E não sou eu quem o diz mas Catarina Martins. E se Catarina Martins pode dizer o que quiser sobre o ciclo da água, porque não sobre as últimas eleições?
Era de esperar que o governo de Passos Coelho continuasse as reformas que encetara nesses quatro anos. Seria de esperar que o dados económicos, já de si positivos, fossem melhores entre 2015 e 2019. Não só as políticas seguidas mostravam resultados como a economia mundial dava sinais de melhoria. Há quatro anos era certo que quem governasse entre 2015 e 2019 teria a vida facilitada. Mas António Costa, Jerónimo de Sousa e Catarina Martins o que viram foi ainda mais simples: à direita dois partidos tinham retirado Portugal da bancarrota enquanto à esquerda, o PS falira o país e PCP e BE juntaram-se-lhe com o espectro da espiral recessiva. O sucesso de um futuro governo de direita seria catastrófico, não para o país, mas para a esquerda. PS, PCP e BE nunca poderiam admitir que se tinham enganado. Se o fizessem ficariam sem narrativa para dominarem o espaço mediático. O socialismo à portuguesa teria os dias contados. O que se passou a seguir é do conhecimento de todos: a geringonça formou-se e aguentou-se. Sucede que o sucesso da aliança social-comunista (que foi o ter-se mantido à tona até ao fim da legislatura) não se deveu a qualquer mérito do PS e do PCP e do BE, menos ainda às artes mágicas de Pedro Nuno Santos. A geringonça manteve-se devido ao pânico que os partidos de esquerda sentiram. À extrema necessidade que estes três partidos tiveram em afastar a direita do governo, impedi-la de colher os frutos da sua governação.
Este artigo é exclusivo para os nossos assinantes: assine agora e beneficie de leitura ilimitada e outras vantagens. Caso já seja assinante inicie aqui a sua sessão. Se pensa que esta mensagem está em erro, contacte o nosso apoio a cliente.